domingo, 30 de novembro de 2014

Ricardo Aleixo


Desce do carro com o som no talo. Agora há pouco. Ouve o quê? Sertanejo, é óbvio. Deve ser pouco mais novo que eu. Deixa a porcaria tocando enquanto entra na padaria. Como um xerife. Todo bíceps. Pernas arqueadas. E óculos escuros, apesar do tempo fechado. A sonzeira é parte indissociável do carro - tal como o "possante" é, por certo, uma extensão de sua nunca suficientemente confirmada virilidade. O pior de tudo: pensar que a macheza mais escrota - porque embalada em discursos de solidariedade com os feminismos - é capaz de artifícios que deixariam no chinelo o pobre diabo que acabei de descrever.

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