segunda-feira, 24 de novembro de 2014

A dor impede o pensamento criativo. Dipirona não resolve e nunca mais tomo paracetamol depois que o dona do Empório da minha rua contou que sua mãe morreu de cirrose medicamentosa, de tanto tomar Paracetamol e Novalgina. Eu tive duas complicações no meu pé direito, e o ano ficou restrito a médicos, exames e oitocentos medicamentos, dias e meses sem andar. No meio de tudo, evitava tomar remédio para dor e fiquei verde de dor por muitos dias, semanas, meses. Uma coisa meio maluca. Literariamente o ano ficou prejudicado. Em fevereiro escrevi uma espécie de novela em prosa poética (Todas as tardes de maio serão tuas), com o verso de Drummond como epígrafe.

Como esses primitivos que carregam por toda parte o
maxilar inferior de seus mortos,
assim te levo comigo, tarde de maio,
Carlos Drummond de Andrade

Foi o único livro que escrevi em 2014, pois passei o ano inteiro em médicos, hospitais, meio a exames e uma enxurrada de remédios e nadando em dor, como disse. Com uma vontade ferrenha e por saber que os livros nascem como crianças, quando tem que nascer... Separei poemas e editei - Respirar. Foi o suficiente para tornar 2014 muito especial. Respirar é um lindo livro e estou bem feliz por esta epopeia poética embalada em minaretes azuis. Espero que em 2015 eu retome o ritmo da Literatura e que consolide este momento em que minha saúde se recupera. Sem mais dores. Que os anjos digam - Amém!

Bárbara Lia 

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