Depois de tomar seu chá da tarde, Jonas iniciava os preparativos
para o jantar feito ao fogo brando. havia trepado na cerca espetado o dedo e
tirado uma rosa vermelha do quintal do vizinho, fez de uma garrafa vazia de
cerveja seu vaso, colocou-o no centro da mesa. Pegou no paiol uma caneca de
porcelana velha com a asa quebrada, era do seu time de coração, Paraná clube,
fora esquecida pelo fracasso no último campeonato. Virou-a de boca para baixo,
colocou uma vela, improvisando seu castiçal.
Antes que a noite houvesse caída por inteiro, Jonas ouviu o
barulho do portão se abrindo. Rapidamente, colocou o jantar sobre a mesa,
arrumou os pratos e os talheres, a vela já estava acesa. A janela estava
entreaberta, e lá fora o sol se despedia saudando a lua que mansamente se
apropriava da noite, majestosa, sua luz pedindo licença entrava pelo vão da
janela e refletia nos pratos expostos à mesa, misturando-se à claridade da
vela.
Sua esposa, ao deparar-se com a cena, ainda na soleira da
porta, vermelha tal como a rosa no centro da mesa, esbravejou
— Seu cretino, vagabundo! Perdeu de novo o dinheiro da
conta de luz no baralho
Júlio Damásio
Nenhum comentário:
Postar um comentário