sábado, 20 de outubro de 2012

JANTAR À LUZ DE VELA




Depois de tomar seu chá da tarde, Jonas iniciava os preparativos para o jantar feito ao fogo brando. havia trepado na cerca espetado o dedo e tirado uma rosa vermelha do quintal do vizi­nho, fez de uma garrafa vazia de cerveja seu vaso, colocou-o no centro da mesa. Pegou no paiol uma ca­neca de porcelana velha com a asa que­brada, era do seu time de coração, Paraná clube, fora esquecida pelo fracasso no último campeonato. Virou-a de boca para baixo, colocou uma vela, improvisando seu castiçal.
Antes que a noite houvesse caída por inteiro, Jonas ouviu o barulho do portão se abrindo. Rapidamente, colocou o jantar sobre a mesa, arrumou os pratos e os talheres, a vela já estava acesa. A janela estava en­treaberta, e lá fora o sol se despedia sau­dando a lua que mansamente se apropri­ava da noite, majestosa, sua luz pedindo licença entrava pelo vão da janela e refletia nos pratos expostos à mesa, misturando-se à claridade da vela.
Sua esposa, ao deparar-se com a cena, ainda na soleira da porta, vermelha tal como a rosa no centro da mesa, esbravejou
— Seu cretino, vagabundo! Perdeu de novo o di­nheiro da conta de luz no baralho

Júlio Damásio

Nenhum comentário: