domingo, 12 de maio de 2013

CARTA A UMA MÃE




Saber
como tudo é em nós
saber
como tudo é em nós:
o abismo,
o tombo de alto,
a resina.

Saber
quando menos esperamos
de todos as que se foram
nem sempre maduros,
dos moluscos que guardam
e se resguardam
dentro da casa.

Saber
qualquer coisa a chegar-se
como se, de repente,
houvesse um porto,
um porto sempre mais dificil,
com as mãos abertas
de noite e de dia

Doce crescer no escuro!
Doce esfregar-se contra o mundo!
O que nos impede de soçobrar
senão algo puro,
o rosto intacto
de quem se despreende da multidão
neste mês.
nesta primavera agregada,
nesse tempo intenso de viver
se uma flor entreabrir?

Por mais que façamos caminhos pelos países
a torre brota com seu desvêlo.
Tudo se aconchega
como se fôssemos o ninho,
E nós gritamos
porque somos o centro,
de onde se parte sempre,
aonde se chega nunca.

Oh!Mãe
arca primeira do corpo
primeiro chão
primeira lasca
do tronco abatido a machado,
engendreraria nosso coração
tamanha cidade
para habitarmos todos como irmãos?

LINDOLF BELL

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