sábado, 10 de outubro de 2015

Ser Poeta


Ser Poeta
Eu quero tudo,
A luz do Sol,
O brilho da lua,
E o manto das estrelas,
À noite, no seu lugar
A cintilar;
Eu quero tudo,
O verde viçoso das ervas,
As árvores despidas
E as folhas mortas,
Libertas, no ar
A esvoaçar.
Eu quero tudo,
A jovialidade dos anos,
Sem idade, o seu poder
Mais ao saber e à paz,
Dentro de mim,
A dominar.
Eu quero tudo,
Eu quero mesmo tudo,
Eu quero que a vida seja só,
Uma imensa Primavera, a passar
Porque esse é o querer do poeta,
Querer,
Querer só,
Apenas querer,
Querer, que em tudo
Haja agora só Primavera,
Uma Primavera, que se dá na vida
Com tudo sempre, apenas só, a desabrochar.

Miguel Almeida, “O Lugar das Coisas”, Esfera do Caos, 2012.

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