sábado, 31 de outubro de 2015

Sobre Emil Cioran

 O primeiro livro que li dele foi '' Breviário da Decomposição '' em 2004, a identificação foi imediata; depois dois outro, que li em italiano, embora comprados na mesma ocasião, só iria ler alguns anos mais tarde (2009 e 2011). O niilismo e pessimismo dele, e o senso agudo da decadência ,foram marcas visíveis para mim -- então um niilista na época. Um fato perceptível , porém, não translúcido ao leitor , é sua paradoxal crença espiritual através da negação , alguém que tenha estudado Santo Tomás de Aquino , entenderá; - Cioran, ironiza o cristianismo e ao mesmo tempo acusa a modernidade de tê-lo eliminado em nossa civilização, às vezes mais parecia ser um cismático do Oriente Europeu que temia aderir o catolicismo, e não iria aderir a nada, pois entender o nada com o mesma revolta do absurdo de um Camús, foi a meta do filósofo - sem dúvida o exílio era a condição ímpar no longo percurso da reflexão que aborda a decrepitude e a inevitável autodestruição do Homem. Era um insone convicto e portanto alguém fadado a pensar demais, e ele pensou, as vigílias de seu limbo dissecam os muitos limbo da vida humana. O cardeal Gianfranco Ravasi em um excelente artigo sobre o filósofo cultor de desesperos em seus cumes, escreveu : " Este inclassificável escritor-pensador, em 1937, aos 26 anos, emigrou para Paris, onde viveu até a morte, em 1995. Foi estrangeiro para a sua própria pátria, cujo nome tinha suprimido de seu registro civil, abandonando inclusive seu idioma natal. Foi estrangeiro no país que o acolheu, por causa do seu constante isolamento: "Eliminava do meu vocabulário uma palavra após a outra. Acabado o massacre, só uma sobreviveu: solidão. Despertei satisfeito".Estrangeiro, por último, para Deus, apesar de Cioran ser filho de um sacerdote ortodoxo. Tão estrangeiro que se inscreveu na "raça dos ateus", mas viveu com a ânsia insone de seguir o mistério divino. "Sempre rondei a Deus como um delator: sem ser capaz de invocá-lo, eu o espionava". A sua obra é produto de um eremitério ora niilista, ora quase crente ... viveu tentado entre Deus e o diabo , até em seu eremitério ,era estrangeiro , todavia , não exilado.

Tullio Stefano Sartini

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