terça-feira, 26 de julho de 2016



escrever não é lá um bicho de sete cabeças, é necessário sim alguma dose de técnica, alguma cultura, ler uma dúzia de autores que prestem e voilá: o resto é perfumaria. escritores são uma raça insuportável, eu conheço alguns, mas só me relaciono com eles porque são meus amigos e falam de tudo, menos literatura. quando vejo gente tendo tremeliques de inspiração me dá nos nervos, toda aquela coisa de crise existencial, "ver o mundo com um olhar único" - a vá! fazer literatura (ó) se resume a sentar o rabo e escrever, o trabalho é mais braçal do que intelectual; quando você pega a coisa editada, bonitinha, cheirando a tinta, parece que é fruto de alguma dimensão divina, pois não é, muitas vezes e só fruto da necessidade de pagar as contas, frustração e ressacas (e de um bom editor, aliás, uma figura que trabalha pacas). o problema é o cultismo desse clube - embora, haja muitas facas nas costas, ficam todos como pombos com olhares espantados dando voltas ao redor das pombinhas para comê-las. egoísmo, hedonismo e o desejo de virar tese de alguma universitária gostosinha e ter um lançamento cheio de mortais puxa sacos ao redor; só que isso não é lá muito de bom tom dizer, porque as pessoas se ressentem, pois, o mais marginal dos escritores, ainda que fale o contrário, guarda dentro de si uma moral cristã bem lavadinha e engomadinha - ecce homo.

William Teca

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