quarta-feira, 20 de julho de 2016

Rubens Jardim

A poesia é mesmo a mais terrível inocência e, quem sabe, a mais temível curiosidade.
É fato, todo poeta tem alguma coisa de criança --deslumbrada. Ou assustada. Talvez seja esse componente infantil que faça com que ele perceba aquilo que passou despercebido. Talvez seja isso, também, que faça com que ele resista ao entretenimento massificante e as mesmices apaziguadoras. E porque a poesia é e sempre será uma esperança de resistência, o poeta tenta desenterrar esses ossos do seu ofício.Tenta desentranhar a força desestabilizadora da palavra. Sua luta é contra a crise da vida do espírito, contra a fuga dos deuses, a destruição da terra, a massificação do homem e a primazia da mediocridade. Sua luta é com a palavra, com o silêncio --e com a busca do sentido real das coisas--se é que existe algum sentido real. De qualquer jeito, o poeta acaba envolvido com a sua versão da esperança que é ter um compromisso ético com a sociedade e com a vida em todas as suas manifestações.(trecho de uma palestra feita em São Matheus, 2010)


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