quarta-feira, 20 de julho de 2016



Hoje são raros os poetas que fazem poemas longos. The Raven, no século XIX era curto, hoje longuíssimo. Ainda que tenhamos tidos muitos poetas cerebrais no século XX, além da poesia concreta, enxuta, precisa e cerebral, a poesia virou mais uma questão de insight, saques, toques, sobretudo por sua consisão -- e assim, se já estava sob o signo de Dionísio, o domínio deste deus só aumentou nas plagas poéticas.

Por outro lado, ainda que tenhamos romancistas dionisíacos -- e Clarice é um exemplo nítido --, ser romancista exige, antes de mais nada, disciplina, persistência, "foco", para usar uma irritante palavra da moda. E nada mais desfocado que Dionísio. Logo, é Apolo que preside a práxis dos romancistas. Acordar todo dia e retomar o fio de uma narrativa que se arrasta por dias e páginas é uma ascese solar. Ainda que suas raízes possam mergulhar no subsolo do mundo lunar.


Otto Leopoldo Winck

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