quinta-feira, 21 de maio de 2020

PERSISTÊNCIA



A minha voz
– folha seca, passarinho –,
voando na voragem vã do vento,
quer repouso,
quer silêncio.
A minha voz quer ser pedra
(no meio de todos os caminhos),
quer ser bronze, raiz, altar, cimento,
mesmo sendo tolice,
mesmo sabendo que será pó do mesmo jeito.
É por isso que ela,
cansada no ar,
no vento
e no céu,
cai
de
boca
e
sangra
– na superfície branca do papel.
Otto Leopoldo Winck
(Outro poema dos meus 18 anos, do livro "Flor de barro", encontrável só nos sebos.)

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