quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Indígena

O tufão civilizado
desnorteou as moradas,
devastou os rituais,
desmontou o arco
e desviou a flecha do seu rumo.
Perfurados
e esvaziados
os sonhos,
quedou-se inútil,
sem fé e sem destino.

Num gesto de rebeldia atávica,
recordou movimentos arcaicos
e danças ancestrais...
Retomou as armas e as fantasias,
refez as pinturas,
olhou os céus,
clamou por chuvas,
raios e rovões.
No auge da vibração,
cravou a flecha
no cheiro da terra molhada
e caminhou
ao encontro de seus deuses.

Adélia Maria Woellner

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