quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Amputação dos Dias

Eu tento o assomo quando te olho daqui. Tento sair. Tenho comigo a ira, o desejo e o ardor da carne, mas os carrego suprimidos sob a pele do cordeiro. É tão dolorida essa amputação. A criança sente a ferida do tombo, mas não desiste de cair. Pois eu já deixei de me travestir desse atrevimento desmedido. As quedas, hoje, me doem demais.
Alcancei a segurança dos pés descalços, das roupas discretas e da aparência sensata. Alcancei o sossego do conformismo e do isolamento. Não sei mais onde começa o abismo dos meus pensamentos.
Sinto a anulação de mim.
E a impossibilidade é uma perene navalha em meu pulso.


Samantha Abreu

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