quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Homens Pássaros

a cidade sempre se refundando

das formas que geram e abrigam a algumas estranhas

aves em fios elétricos-calçadas-parapeitos

garimpam entre postes-sapatos-pneus

migalhas-pepitas-farelos e sol nas regiões postais.

investem certeiramente

aberturas adentro embaixo das marquises

buracos com mesas engorduradas de plástico

onde se fartam de casquinhas de pastel-elemento-químico-tóxico

queimado de azeite e fumaça oriental.

olhar ligeiro e atento

em varredura detecta na multidão monstro ofegante

potênciais clientes predadores algozes concorrentes vítimas

rota de fuga e mais alimento.

certa da ausência de observadores arrulham celulares

contratos de licitação para abastecimento ilícito

bocas que moem pedras para argamassa de calçamento do opulento postal

orientando o tráfego

uniformes e civis armados e flexíveis até os dentes.

participação lucro e produto

vão as aves estruturar e obrar na permanente refundação da cidade

posicionando-se em vôos curtos no sistema nervoso central

em sinapses ligeiras de gatilho cerebral


Carlos Sousa
po&teias

Nenhum comentário: