quarta-feira, 28 de abril de 2010

Cidadão do Milênio

Teu rosto é esconso pela avenida




feroz o cinza nos dentes da rua



atroz o jazigo de encoberta vereda,



sombrio o raio, sombrio o transparente.



Um triunfo cruel dos pés



no leito raso, catres de asfalto



sob um grande fosso de cérebros;



algoz a vereda, raio mudo;



dedos confrangem a lepra cidadã



envilece num cofre assasssino



empedernido sangue do século;



pare nas ventas dos monitores,



o bastardo filho do século.



O rosto é a pele do concreto



resvalado no cais de cada esquina



nesta pele que se esconde



o libélo do entardecer



epiderme esquiva, apátrida,



as veias de quiméra



escondem a avenida



irrompem beco e estrada



caminho esconso

desse rosto



que tremeluz o atalho

no semblante;



o sobrevir das vastidões



malha desmedida no apontamento



de palavras e letras que me fazem



para um viés de futuro



carpido nos monturos,



rosto recôndito da rua,



escrito e esconso pelas avenidas.


Tullio Stefano
Pó&Teias

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