domingo, 11 de abril de 2010

Instabilidade

Eu fui dizer ao vento o que eu te disse

e o vento repetiu-o em toda parte,

tantas vezes que a idéia de abraçar-te

virou obsessão, ficou difícil



mudar de idéia. Eu dei-me conta disso

o dia em que me achei a procurar-te

no desvão entre a vida e o precipício

exatamente onde tua andas… A arte



delicada de amar somada ao vento

torna-se exercício irresponsável,

mas não foi culpa minha: do momento



em que eu fui misturar-te ao inflexível

perdi-te, ou me perdi, não sei… Lamento

ver-nos no vento, ó meu amor instável!



(A balada do cárcere – Bruno Tolentino)

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