Eu fui dizer ao vento o que eu te disse
e o vento repetiu-o em toda parte,
tantas vezes que a idéia de abraçar-te
virou obsessão, ficou difícil
mudar de idéia. Eu dei-me conta disso
o dia em que me achei a procurar-te
no desvão entre a vida e o precipício
exatamente onde tua andas… A arte
delicada de amar somada ao vento
torna-se exercício irresponsável,
mas não foi culpa minha: do momento
em que eu fui misturar-te ao inflexível
perdi-te, ou me perdi, não sei… Lamento
ver-nos no vento, ó meu amor instável!
(A balada do cárcere – Bruno Tolentino)
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