são meus todos os versos já cantados :
A flor, a rua , as músicas da infância,
O líquido momento e os azulados
Horizontes perdidos na distância.
Intacto me revejo nos mil lados
De um só poema. Nas lâminas da estância,
Circulam as memórias e a substância
De palavras, de gestos isolados.
São meus também os líricos sapatos
de Rimbaud, e no fundo dos meus atos
Canta a doçura triste de Bandeira.
Drummond me empresta sempre o seu bigode.
Com Neruda, meu pobre verso explode
E as borboletas dançam na algibeira.
José Paulo Paes
in: Os melhores poemas de José Paulo Paes / seleção Davi Arrigucci Jr. Global. São Paulo: 1998
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