segunda-feira, 23 de maio de 2011

PARADISUM

I

Meu violão sangra um fá,

Inconsistente e banal,

Assim ele diz-me o que há,

E assim eu sofro igual.



Tange em compasso um ré,

Se perde nas dores do dó,

É como um beato sem fé,

Suas cordas fizeram um nó.



A custo um sol ele lança,

Na pretensa curva do mi,

E quando o lá o alcança,

Ele se esquece do si.



II

Ah violão por que choras

Que dor te faz magodo

Será acaso a das horas

De quando és dedilhado?



Ou só a mesma presença

Daquele que te dedilha

Compôs em ti a sentença

E dor igual compartilha



Ou será um acaso, amigo,

E teu destino é somente

Viver a dor sem castigo:

Tocar o que outro sente.



O.T.Velho

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