quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Luiz Felipe Leprevost

homens que explodem

um carro, o motor esfumaçado no meio da via rápida. os xingamentos, as bitucas do nervosismo jogadas na vala. e o suor debaixo da barba, no pescoço. ele espera o guincho. observe como o rosto dele é ingênuo: a cara de um homem que vai explodir. ele não é exatamente uma granada. no sangue não corre pólvora. ele não tem fios verde e vermelho que devam ser cortados por peritos do Grupo Tigre. ainda assim se pode afirmar: vai explodir. um ovo que cai da mão da cozinheira explode. e um baiacu fora d´água? uma garrafa de cerveja no congelador. um olho que presenciou decadência demais quer se rasgar em cegueira. o homem vai se estilhaçar. comemorações explodem. a bolha de sabão soprada pelos lábios rosados da menininha também estronda o seu nunca mais. sim, tantas as coisas arrebentam. e sempre serão torpes as mãos de um homem que

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