sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

NEM TODAS AS ÁGUAS DO MAR


No meio do dia,
no meio da vida,
a morte me amarga o desejo.
O simples soprar do vento,
que emaranha os teus cabelos
e turva as águas do rio,
me assombra o pensamento:
o dia é pouco
até para ser colhido.
Tua sombra na alameda
me faz lembrar que em breve
nem sombras nós seremos.
Então me dá tua mão
que eu sinto frio e tenho medo.
Medo de quê? – perguntas-me.
De ter pedir um beijo
e descobrir que entre mim e ti
há um fosso
que nem todas as águas do mar
vão encher.

Otto Leopoldo Winck

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