sexta-feira, 29 de abril de 2016

O URUBU


corpo do delito é
a expressão usada
para casos de
infração em que há
no local marcas do evento
infracional
fazendo do corpo
um lugar e de delito
um adjetivo o exame
consiste em ver e ser
visto (festas também
consistem disso)
deitada numa maca com
quatro médicos ao meu redor
conversando ao mesmo tempo
sobre mucosas a greve
a falta de copos descartáveis
e decidindo diante de minhas pernas
abertas se depois do
expediente iam todos pro bar
o doutor do instituto
de medicina legal escreveu seu laudo
sem olhar pra minha cara
e falando no celular
eu e o doutor temos um corpo
e pelo menos outra coisa em comum:
adoramos telefonar e ir pro bar
o doutor é uma pessoa
lida com mortos e mulheres vivas
(que ele chama de peças)
com coisas.

poema-pancada da Adelaide Ivánova, no livro "O Martelo".

PESCA ESPORTIVA?




NO CONDOMÍNIO EM QUE MORO, TEM UM LAGO NATURAL QUE FOI MANTIDO PELOS CONSTRUTORES, PARA DELEITE DOS FUTUROS CONDÔMINOS.
O SÍNDICO, NUMA DAS PRIMEIRAS REUNIÕES, DETERMINOU QUE A PESCA SERIA DAQUELE TIPO QUE FISGA O PEIXE E O DEVOLVE AO LAGO IMEDIATAMENTE. "PESCA ESPORTIVA", SEGUNDO ELE.
SEMANA PASSADA, ESTAVA EU, SOZINHO NO LAGO PESCANDO... DE REPENTE, UM PUXÃO NA LINHA!...
ERA UMA TILÁPIA DE MAIS OU MENOS UM QUILO.
LEMBREI QUE O JANTAR ESTAVA MEIO FRACO NAQUELA NOITE...
DEVOLVER? JAMAIS! OLHEI PRUM LADO E PRO OUTRO, COMO NÃO VI NINGUÉM, METI O PEIXE NO BOLSO FOLGADO DA MINHA CALÇA DE CAMINHAR...
- E AÍ SEU HORÁCIO!? PURO LAZER! TÁ DEVOLVENDO OS BICHINHOS NÉ?
ERA O SÍNDICO, PARA MEU MAIS PURO AZAR.
- CLARO! - RESPONDI, TENTANDO SEGURAR A TILÁPIA SE DEBATENDO NO BOLSO DA MINHA CALÇA.
QUANDO PERCEBI QUE NÃO CONSEGUIRIA ACALMAR O BICHO, PUXEI-O RAPIDAMENTE DO BOLSO E DISSE:
- TAVA SÓ ESPERANDO ALGUÉM APARECER PARA TIRAR UMA FOTO COM MEU CELULAR DESSE QUE PESQUEI AGORA.
FOTO TIRADA, JOGUEI DE VOLTA NO LAGO (COM O CORAÇÃO PARTIDO) O MEU SUCULENTO JANTAR.

EITA SÍNDICO FILHO DA PUTA!
Horacio De Almeida Lima

quinta-feira, 28 de abril de 2016

AMARGA DOR DA SAUDADE!.


Mote e glosa:Assis Coimbra.(Engatinhante na arte da vida e do cordel )
Amarga dor da saudade
Por favor saia de mim,
Bata asas, vá se embora
Voando igual Passarim.
E quando encontrar "Ritinha"
Pergunte se está sozinha,
Pois vivo na solidão!
E diga pra ela saber,
Que jamais outra vai ser...
A MUSA DO MEU SERTÃO!
Contatos para trabalhos.

Emails: assis.coimbra@gmail.com / assis_coimbra@yahoo.com

Todo dia o FACE me pergunta..., "No que estou pensando". Resolvi responder:


- Sou escritor e como tal me pronuncio. Faço da Parafrase minha arma consciente pra atingir o inconsciente de quem ainda amorfo, usa cores, tentando com embalagem, dar forma ao que sempre foi..., etérico.
- Hoje, ainda com o troar de todos os sons urbanos de ontem, em meus ouvidos, penso que tenho um pouco a contribuir com a confusão existente, ou quiçá, conseguirei aumentá-la..., consubstancialmente.
Meu pensamento voa com o éter fulgurante, sem que seja na Poesia Lupiciniana, para encontrar outra forma de literatura, a prosa, que de diálogo em diálogo, expressa coisas que 'muitos' com elas não ficam prosas, justamente porque..., gostam de prozas.
A viagem no tempo e no espaço me leva a uma 'Re-pública'..., a Grega, institucionalizada por Platão, na verdade, 'Aristocles', que estudando incansavelmente, colocava sobre os largos ombros, a responsabilidade dos conhecimentos, sobre Politeia.
Caminhando sobre pegadas Sócratinianas - Plato - começou a dialogar com Gláucon e Adimanto. Das muitas perguntas e plurais respostas, chegaram à conclusão, que o "ato de governar" é se colocar a serviço do governado, prezando que há caminhos tortuosos, para isso, em que "a justiça é superior à injustiça", contudo, para atingir tal estágio de sabedoria, "é preferível sofrer a injustiça", ao invés de "praticá-la".
Ele e os demais entenderam, que no lugar que houvesse justiça, ali estaria à felicidade.
Na sequência percebeu ele - Platão - pelos debates advindos das questões não clarificadas, os meios que estipulam e asseguram a existência de alguma substância fisiológica e anímica, que se adequaria a uma cidade bem ordenada, com público fiel e sempre permanente, que se re-novaria em sequitários de alguma Regentia, pois, haveria assim, o poder exercido por alguém em nome de outrem, e que em tal função usaria do libre verbo, para 'Regere' o comando e exercer o 'Poder' desde que fosse, ligado ao 'Rei'.
ó que..., passou o tempo e o espaço é outro, não o da Obra de Platão, que recebeu a classe quatro, como parte bibliográfica naquela literatura. Esse ponto trata da Educação Filosófica dos Governantes que deverão 'Instalar' e 'Preservar' a 'Ordem' na existência Politeica.
A 'Ordem Justa' aparece na questão mais crucial do tema – "Re-pública" – preconizando que a justiça é melhor que a injustiça, mas, abrindo espaço para a discussão se..., "O Homem Injusto Terá Vida Mais Regalada Que O Justo".
Definindo a questão, o embate e findando o encalorado debate que se prolongou sobre a ordem justa, chegam os Sábios, a resposta conclusiva:
- "A justiça é preferível à corrupção".
A República - de Platão - tem argumentação dialética. Pensamento dialético é caracterizado por "Apreender A Realidade À Luz De Posições Contraditórias", que ao final, passam a ser conhecidas e compreendidas..., uma, como a "Verdadeira", e a outra, como "Falsa".
Paralelamente a tudo isso, surge então, uma alusão à imagem da – "Lindíssima" – "Alegoria Da Caverna", que correspondente ao confronto do Ser encavernado, que num repente, descobre do lado de fora, a luz, o sol, a claridade e tenta mostrar aos que dentro da caverna – "Ignorância" – permanecem, que lá, só tem as trevas e a escuridão, afinal..., é uma caverna.
Eu e a dialética que apresento aqui, damos uma ideia de confronto com todo e qualquer tipo de empirismo. Não sei se sou dialético ascendente ou descendente, e isso também não me importa, já que tal questão abriria possibilidade da tentativa de "Corrupção" da minha ideia, devido à incorporação dela em uma situação empírica.
Na caverna..., estamos, mas..., "Há Luz" !
- Resta saber..., onde !
17 de Março de 2016

Olinto Simões.

Lendas da Estátua Chamada Namoradeira


Namoradeira é o apelido daquelas esculturas, originárias de Minas Gerais, que só possuem cabeça, braço, ombro e busto. Elas são, geralmente, colocadas nas sacadas das casas.
Reza a lenda que no final da escravatura existia, no interior de Minas Gerais, um sítio chamado Fazenda do Urubu. Lá morava sinhá Iaiá que deixou todos os seus escravos livres para trabalharem onde escolhessem. Porém ela tinha uma mucama muito fiel e sonhadora chamada Ritinha que vivia reclamando que não tinha um namorado. Então Iaiá inventou um pretendente imaginário para esta empregada. Mas para concluir seu plano, Iaiá mentiu para a mucama, que um caixeiro viajante achou a moça muito bonita, se apaixonou por ela e pediu sua permissão para fazer a corte através de cartas. Desta maneira Iaiá escrevia cartas para Ritinha fingindo ser um homem apaixonado e que dizia esperar a amada, numa tarde, toda linda debruçada na janela.
Por isto, todas as tardes, Ritinha ia para a janela, colocava a mão no queixo e ficava sonhando com o pretendente. Um certo dia, Iaiá percebeu que a mucama estava há mais de 24 horas, na mesma, posição na janela. Assim esta senhora encostou a mão na empregada e notou que seu coração tinha parado. Desta maneira, médicos examinaram a donzela e concluíram que a pobre tinha morrido.
Na mesma noite, Ritinha apareceu para Iaiá num sonho:
- Patroa, por favor, mande fazer uma imagem da minha pessoa e depois coloque a estátua na janela. Pois só assim minha alma terá paz. Afinal preciso esperar meu namorado.
No dia seguinte Iaiá levou uma foto da mucama e pediu para que um escultor fizesse uma imagem grande do busto dela. Depois que a estátua ficou pronta, ela colocou a imagem debruçada na janela.
Deste jeito várias pessoas, que passavam em frente à casa da fazenda, acharam a escultura bonita. Por isto resolveram encomendar obras parecidas e apelidaram este tipo de estátua de namoradeira.
Reza a lenda que a Fazenda do Urubu foi destruída. Porém a imagem de Ritinha continua intacta lá.
Há uma superstição que diz que não é aconselhável uma moça solteira ter uma estátua destas em sua casa, pois ela impede que sua dona consiga um namorado por carregar a alma sofrida de Ritinha.

Luciana do Rocio Mallon

Lenda da Bruxa da Fralda


Como sou professora, várias mães me escrevem mensagens pedindo histórias infantis para que seus filhos deixem de usar objetos como: chupetas e fraldas. Já escrevi a Lenda da Bruxa da Chupeta, agora pesquisei a Lenda da Feiticeira da Fralda:
Reza a lenda que a criança que usa a fralda, com mais de dois anos de idade, corre o risco de ser perseguida por uma criatura muito má chamada Bruxa da Fralda. Esta feiticeira castiga os pequenos com pragas como: assaduras e bumbum de pato. Pois as crianças grandes que insistem em usar fraldas, ficam andando como patos e por isto podem sofrer deboche dos coleguinhas de escola e dos vizinhos.
Mas é possível alguém se livrar das pragas desta feiticeira ruim. Basta a pessoa concordar em nunca mais usar a fralda e utilizar o vaso sanitário, do banheiro, toda a vez que ficar com vontade de fazer xixi e cocô. Também não pode se esquecer de doar as fraldas, que ainda estão no pacote, para algum orfanato. Assim não há perigo da Bruxa da Fralda atacar.

Luciana do Rocio Mallon

Lenda da Menina do Piano do Uberaba


Nos anos 70, num bairro chamado Uberaba localizado na cidade de Curitiba, havia uma comunidade protestante cristã que ficava atrás do conjunto habitacional chamado Jardim Centauro. As famílias destes religiosos costumavam dar aulas de Música para todas as pessoas deste bairro. Nesta comunidade havia uma menina que tinha o apelido de Laço de Fita, pois ela sempre usava laços em suas roupas e nos seus cabelos. Ela era loira, com os olhos claros e costumava tirar músicas ao piano de ouvido. Por isto seu passatempo era a Música e sempre que podia tocava o piano que existia, dentro da capela, desta comunidade religiosa.
Um certo dia, Laço de Fita estava tocando piano no templo. Quando, de repente, desmaiou e sua cabeça caiu no teclado. De repente, sua vizinha entrou, tocou na garota e percebeu que ela estava morta.
Dona Cida, morava no Jardim Centauro, e sempre que podia parava em frente àquela comunidade protestante para escutar o som do piano que vinha da capela. Um certo dia, ela ficou curiosa em saber quem tocava tão bem o instrumento. Deste jeito, ela entrou no templo e viu uma criança tocando. No final da música, a senhora aplaudiu e disse:
- Você toca muito bem!
- Parabéns!
- Qual é o seu nome?
A pequena disse:
- Laço de Fita!
Então, a mulher olhou para sua sacola, pegou um bombom e afirmou:
- Este chocolate é para você.
Mas, quando olhou à frente, a menina não estava mais naquele local.
Assim ela saiu da capela, viu uma moça e perguntou:
- Jovem, por acaso, você viu uma menina chamada Laço de Fita que estava tocando piano há uns cinco minutos aqui?
A moça respondeu:
- Eu conheci uma criança com este apelido, porém faz um mês que ela faleceu.
Viviane também morava no Jardim Centauro e estudava piano com uma professora, nesta mesma comunidade religiosa. Um certo dia, ela estava triste porque não conseguia acertar as lições de Música. Desta maneira, Vivi entrou na capela e começou a chorar. De repente surgiu uma menina que perguntou:
- Por que está chorando?
A jovem respondeu:
- Porque não consigo aprender piano.
A garota comentou:
- Meu nome é Laço de Fita e quero ser sua amiga.
- Por favor, sente-se ao piano deste templo, mostre-me as partituras porque talvez eu possa ensina-la.
Deste jeito, a garota ensinou as lições para Vivi, que chegou a sua aula de piano executando todas as partituras perfeitamente. Depois da aula a moça viu um retrato na mesa de sua professora e comentou:
- Esta menina da foto me ajudou nas tarefas de Música, na capela, hoje.
Porém, a professora falou:
- Isto é impossível porque esta criança já faleceu.
Reza a lenda que Laço de Fita até hoje toca piano na capela, desta comunidade religiosa, localizada no bairro Uberaba.

Luciana do Rocio Mallon

SOMBRAS!


Cabisbaixa caminhava
Com sombras ela lutava
Não iria se entregar.
Caminhava lentamente
Como a pensar ..Que faria
Para sombras abandonar.
Solitária ..Enfrentava
Sabia que não podia
Com mais ninguém a contar
Repentinamente..Parou!
Desenhou um sorriso
Para aliviar o amargor.
Ergueu a cabeça ..Firme
Um grito de liberdade
Como animal reagia
Agora já não teria
As sombras para atormentar.
Marilene Azevedo.

João Luiz Goltz Almeida‎


Nessa terra eu vi : um trote e um galope! Um sorvete,um picolé ! Um colégio conceituado muitas freiras ! Um estudo qualificado uma santa abençoada ! Um campinho de futebol uma gasosa vermelha ! Um inverno rigoroso, um céu azul, chuva abundante no mês de janeiro ! Um patinete de madeira, uma bicicleta monark um desfiladeiro ! Um bom baile uma gravata, um olhar certeiro ! Vizinhos de bom coração uma boa conversa,verdadeira ! Uma serra verdejante uma grama rasteira ! Se passaram todos esses anos, derradeiros ! Um beijo no coração meu Piraí altaneiro !

 para Piraí de antigamente.
NÃO DESPREZEM QUEM VIVE NA POBREZA!
Assis Coimbra: Sua benção frei Damião? Deus o abençoe!
Mote e glosa:Assis Coimbra.(Engatinhante na arte da vida e do cordel)
Sou matuto em minha simplicidade
Mas sem ranço de orgulho e nem rancor.
E expresso para vida todo amor
Por não sou o sinônimo de maldade!
Pois meu nome é sinônimo de bondade,
Mesmo estando em um "mundo" de pobreza.
Mas olhando o "universo" da riqueza,
Eu não vendo a minha dignidade!
Mas eu peço por toda caridade...
NÃO DESPREZEM QUEM VIVE NA POBREZA!!
Contato para trabalho!

Emails: assis.coimbra@gmail.com / assis_coimbra@yahoo.com

Irmão

Roberta Tostes Daniel  


A linguagem nele
irradiou nos seres e nos objetos
concebeu uma gramática
em mim, labiríntica.
Chamei-o estruturalista
porque vejo em modo macro
sondada por sensações.
Minha razão encadeando
elementos assombrados
meu irmão operando ideias
com lógica e afeto.
Razões obsedadas
uma tremenda ternura
capricorniana
confusa confusa
em viver de signos.
Versus
o canceriano imenso
que pensa desde a palavra:
penso desde a palavra.
O mundo fizemos
um pacto

desta fraternidade.
Bom dia!
QUEM SOU EU?
Quem sou eu,
que leu incontáveis livros
mas não aprendeu a empilhar tijolos
como me queriam ensinar?
Que fracassou redondamente
no ofício de acumular fortuna?
Que não aprendeu a arar,
mas sim a sonhar sem limite?
Que sob o guante do chicote
tomou o freio nos dentes?
Que diante da autoridade vazia
optou pela rebeldia?
Que se delicia com vinhos,
sonhos, livros, música e poesia? . . .
Quem sou eu,
que moro no subúrbio?
Que detesto dirigir?
Que leio Pessoa de pé,
no comboio lotado,
a caminho do trabalho,
ouvindo música clássica
em fones de ouvido?
Que, nascido pobre,
recusou-se a ser operário,
insistindo em ser poeta?
Que mais valoriza sentimentos
do que coisas?
Quem sou eu,
que prossegue amando
como quem atravessa
um túnel sem fim? . . .
- Fiz esse poema, aí por volta de maio de 2006, porém, decorridos 10 anos, continua atual –
José Luiz Santos‎ . Vidráguas



Muitos que se dizem poetas, sabendo que eu tenho ascendência japonesa, e edito uma revista que trata de arte japonesa, vem me procurar para traduzir seus poemas para a língua japonesa. Muitos entre estes dizem escrever haicai, e não querem conversar nada sobre, apenas traduzir seus incríveis poemas para a língua japonesa. Quando era mais jovem até indicava pessoas habilitadas para traduzir. Agora, que eu tenho meu livro de haicai, e dou oficinas de criação literária, entendo que estes maus poetas nunca poderiam conversar comigo sobre haicai ou poesia. Não fiquei pensando em traduzir meus poemas para a língua japonesa, ou buscando alguém - e conheço muita gente que escreve e fala japonês - para traduzir meu livro. Os que pedem um tradutor são pessoas cujo interesse não é poesia, nem literatura, apenas seu próprio eu. Um mau poema traduzido para qualquer língua estrangeira não deixará de ser um mau poema. Enquanto um bom poema espera para ser traduzido, nem que leve mil anos. O que acontece agora com Paulo Leminski, parece. [ Aqui eu digo tradução da obra, e não, um ou outro poema, isoladamente].

Marilia Kubota

BARRA GRANDE


Levei um ano para ver estrelas de novo.
Olhei muito para cima nesse intervalo,
mas elas se escondiam entre prédios com sobrenomes.
Tinha que voltar...
colecionar as conchas que o mar
não nos trouxe,
como uma antologia
de tudo
que não se pode repetir.


(poema de CARLA ANDRADE, poeta mineira, é jornalista e vive em Brasília há sete anos.
Alguns de seus poemas foram premiados em concursos em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Publicou três livros: Conjugação de Pingos de Chuva(2007) Artesanato de Perguntas(2013) e Voltagem (2014). CARLA ANDRADE está na 74ª postagem da série AS MULHERES POETAS...

Se quiser ler mais, clique no link http://www.rubensjardim.com/blog.php?idb=47114
poema das invenções
fosse essa jura secreta
brazilírica fulinaimagem
mutações em pré-juizo
muito além da mesa posta
couro cru em carne viva
lambendo suor e cio
como corrente de rio
deságua no além mar
profana sagaraNAgem
nos gumes da carNAvalha
teu corpo em Maracangalha
fulinaimando comigo
agulha no meu umbigo
como uma faca nos dentes
a língua na flor da boca
em transitiva linguagem
ereto poema crescente
rasgando a carne no grito
o gozo nos nervos de dentro
roendo os ossos do mito
Artur Gomes
http://fulinaimicas.blogspot.com.br/…/poema-das-invencoes.h…

Lenda do Orfanato do Jardim Centauro


Reza a lenda que no século dezenove, onde hoje é um conjunto habitacional chamado Jardim Centauro localizado no bairro Uberaba na cidade de Curitiba, existia um orfanato comandado por imigrantes que plantavam uvas no local. Dizem que as crianças também trabalhavam com este tipo de agricultura e que os donos do abrigo esconderam potes de ouro naquela região.
Em 1979, quando eu tinha cinco anos de idade, eu morava no Jardim Centauro e não sabia destas lendas. Uma vez pedreiros foram mexer no solo da minha casa, para uma reforma, e acharam brinquedos enterrados, que eram cavalinhos de madeira. Deste jeito, peguei estes bonecos para brincar.
Naquele mesmo ano, do meu aniversário estava se aproximando e minha mãe foi comigo a uma cabeleireira, que tinha salão de beleza na Avenida Salgado Filho, para cortar o meu cabelo estilo surfista, o corte da moda. Desta maneira as duas começaram a prosear. No meio da conversa a cabeleireira disse:
- Vocês estão morando no Jardim Centauro, né?!
- Sabiam que este conjunto é misterioso, pois antigamente tinha um orfanato lá e as crianças eram maltratadas nas plantações de uva?!
- Dizem que tem até moedas de ouro enterradas debaixo das casas.
Logo eu e minha mãe ficamos assustadas.
Finalmente, chegou o dia do aniversário e várias crianças foram convidadas. De repente, entrou na festa uma menina com laços no cabelo e vestido rodado de cetim. Desta maneira, perguntei:
- Qual é o seu nome?
A menina respondeu:
- Gertrudes.
Assim indaguei:
- Você mora no bairro?
A garota respondeu:
- Moro aqui, mesmo.
Deste jeito, perguntei:
- Quantos anos você tem?
A criança disse:
- Mais de cem.
Depois deste diálogo levei Gertrudes para brincar com os outros convidados. Ela se divertiu normalmente. Mas ela sumiu, sem deixar rastros, no final da festa. Portanto, naquele instante, achei que ela era apenas uma “penetra”. Já que ninguém da minha família conhecia esta pessoa.
No final do ano, voltei ao salão de beleza, contei à cabeleireira sobre este fato misterioso e ela falou que Gertrudes poderia ser um dos fantasmas do orfanato.

Luciana do Rocio Mallon
Nasci sem velcro. Não grudo em nada e em ninguém. Quando me apaixono, detono tudo, pra seguir só. Nasci e andei sem companhia desde os... Três anos? Minha primeira fotografia assinala uma vida inteira: uma menina descalça em uma rua, sem ninguém... Amo estar só. Sou só. Acho que sou um corpo estranho em todo lugar. Estrangeira, sempre. Nasci sem velcro. Ainda tenho três anos e estou descalça no mundo, e isto parece triste, mas, tem um universo inteiro aquém da testa da menina... E quem tem um mundo pode ser que não goste deste além da pele, sei lá... Só acho que felicidade e amor e vida e família e esperança, estas coisas pelas quais todos lutam, pra mim tem um rosto que difere do que pintam... Por conta disto descartam-me. Alguns familiares, velhos “amigos”, poetas, amores... Sou eu e meu silêncio, Ainda assim, sou terna e suave. Romã de núpcias, nuvem de Picasso, céu baunilha, perfume lavanda de enxoval de bebê... Eu sempre fui assim, delicada, simples... Quem me vê tão só faz este juízo de aura malévola. Pessoa horrível. Não é nada disto. É que nasci sem aderência, acho que tenho asas, acho que ainda tenho três anos, estou descalça no mundo e sou minha própria casa.
Bárbara Lia

-- muitos textos similares e brota a vontade de selecionar tudo para um futuro livro (prosa poética, diário, crônicas, etc.)

Lenda da Moça da Linha do Trem do Bairro Uberaba


Reza a lenda, que no século dezenove, no México, existia uma moça com poderes sobrenaturais chamada Lupita que gostava de vestir vermelho, orar pelas pessoas e passear pela linha do trem. Apesar de ser humilde, sua família era muito rica.
Um certo dia, os pais de Lupita, obrigaram esta donzela a se casar com o filho de um comerciante, que estava falido. Mas ninguém sabia deste detalhe. Alguns dias depois o marido desta jovem, amarrou a pobre na linha do trem e ela morreu atropelada. Quando a moça chegou ao céu, São Pedro disse:
- Seu espírito voltará para a Terra com a intenção de proteger as pessoas na linha do trem. Porém, para isto, você chamará para a mesma missão, outras meninas que foram mortas em trilhos. Assim você será conhecida como a Moça da Linha do Trem.
Deste jeito, a alma de Lupita voltou ao mundo, chamando mais almas de mulheres que foram vítimas de trens para protegerem os trilhos.
No final dos anos 70, havia uma mística chamada Dodô. Esta moça foi morar num conjunto habitacional chamado Jardim Centauro, no bairro Uberaba, da cidade de Curitiba. Como sua entidade preferida era a Moça da Linha do Trem, Dodô saiu em busca destes trilhos e logo encontrou uma linha do trem atrás do conjunto habitacional. Depois ela levou flores, perfumes e velas para colocar nestes trilhos. Naquele instante o espírito de Lupita apareceu:
- Obrigada pelos presentes!
- Pois preciso destas prendas para proteger as pessoas que passam por aqui. Toda a entidade de linha do trem precisa de presente. Pois se não ganhar agrados, ela some e deixa de proteger as pessoas que passam pelo local.
- Tenho uma revelação: daqui a pouco teria uma substituta aqui.
Naquela mesma época, morava no bairro Uberaba, uma menina chamada Mara que vivia apanhando do seu padrasto. Um certo dia, ela estava fugindo deste homem. Quando, de repente, passou pelos trilhos e o trem pegou a pobre, que acabou falecendo. No mesmo instante Lupita falou para Mara que ela iria substitui-la. Mas a sua força, para proteger as pessoas que passam pela linha, viria das oferendas que as pessoas deixassem na linha do trem.
Durante muito tempo Dodô colocava prendas para Mara, a nova entidade da linha do trem do Uberaba.
Um certo dia Rodrigo, um morador do Jardim Centauro, estava brincando sozinho na linha do trem , quando de repente , ouviu uma voz :
- Boa – tarde !
- Meu nome é Mara !
- Quer brincar , comigo ?
Então , o garoto olhou para trás e viu uma garota morena vestida de vermelho . Assim , ele respondeu :
- Sim , quero brincar !
Deste jeito , os dois começaram a brincar de pega - pega em cima da linha do trem .
Quando , de repente , soou um apito e a menina falou :
- O trem está vindo !
- Saia rápido da linha , para não morrer como eu morri !
Desta maneira , Pedrinho saltou para fora da linha . Mas , ele notou que Mara continuou parada e que o trem passou por cima dela .
Quando o trem acabou de passar , o garoto foi ver se os pedaços do corpo da menina estavam largados na linha e ele não achou nada .
Porém , ele escutou uma voz :
- Estou aqui !
Ele olhou para trás e viu que a menina estava inteira . Mas , naquele mesmo momento , ela sumiu da sua frente .
Dona Maria, outra moradora do Jardim Centauro, tinha problemas auditivos e sempre costuma passar nesta linha do trem .
Um certo dia , ela estava carregando compras pesadas em cima desta linha , quando de repente , alguém a empurrou para fora dos trilhos e esta senhora acabou caindo .
Assim , ela olhou para frente e viu uma menina morena vestida de vermelho .
Deste jeito , ela xingou a garota :
- Sua mal – educada !
- Por que me empurrou ?!
Mas , após falar isto , esta senhora , viu um trem passando em alta velocidade .
Desta maneira , ela se desculpou :
- Desculpe !
- Agora entendi , que você me empurrou para fora da linha , para me salvar .
Após falar isto , a garota desapareceu na frente desta senhora . O problema é que em 2006,  a paranormal Dodô faleceu e Mara, a nova moça da linha do trem deixou de receber presentes. Por isto, a partir daquele ano, acidentes e assassinatos começaram a ocorrer, de forma contínua, naquela linha do trem. Reza a lenda que se alguém voltar a colocar oferendas nos trilhos, os assassinatos e acidentes tendem a cessar.

Luciana do Rocio Mallon

O POETA E A LUA.


Assis Coimbra.(Engatinhante na arte da vida e do cordel )
Poeta Gonçalves Dias
Das terras do Maranhão,
Eu aqui peço licença
Para falar do clarão.
Aquele que vem da lua,
De beleza toda nua,
ALUMIANDO O SERTÃO.
*
Saindo de trás da serra,
Chega o luar nos sertões
Incandescendo as florestas
Chapadas e "grutiões."
É uma lanterna potente,
Que tem foco reluzente,
E APASCENTA CORAÇÕES.
Contatos para trabalhos.

Emails: assis.coimbra@gmail.com / assis_coimbra@yahoo.com

MEDO DE CEMITÉRIO


(Lauro Volaco)

Desde os velhos tempos de Pirai, lá já existia a “rádio peão”. Não sei se você está familiarizado com esta expressão, mas resumindo: é uma informação que se alastra com um pavio de pólvora, por todos os meios que você possa imaginar, vinda de fontes não oficiais. A transmissão é de boca a boca e em pouco tempo todo mundo sabe o que esta acontecendo. Nem sempre é 100% verdadeira, mas chega próximo do fato. Cada um que repassa a informação acrescenta ou retira alguma coisa, põe sua interpretação, dá uma pitada de sua emoção e enfim, a notícia chega aos seus ouvidos.
Vou falar especificamente das notícias sobre falecimento de pessoas conterrâneas e seu enterro, nos tempos em que eu era criança. Sempre, pelo menos na hora do enterro, sabíamos que alguém tinha morrido, pois a nossa Rua XV de Novembro era o caminho obrigatório para o único cemitério da cidade. Daí para saber quem fora o escolhido, ficava muito fácil: uma pergunta para quem passava e pronto. Se o “de cujus” era conhecido e amigo, do jeito que estávamos vestidos, podia vir o comando da mãe para irmos ao cemitério prestar-lhe as nossas últimas homenagens. Eu e meu irmão não gostávamos nada de ir a um enterro, pois uma vez aprendemos que se você sentisse um arrepio sem nenhuma razão aparente, era uma alma que tinha se aproximado de você. Como passávamos o dia brincando, estudando, comendo ou dormindo, quase não dava tempo para sentirmos arrepios. mas parece que quando entrávamos no portão do cemitério, um enxame de arrepios acontecia. Dava a impressão que as almas ficavam alvoroçadas com as crianças vivas e queriam convidar para morar com elas no campo santo. Aquilo me assustava muito. Outra coisa que me vinha à memória é que existiam casos de pessoas que eram enterradas vivas, pois passava o tempo regulamentar do velório, depois do laudo que tinha virado defunto e como não davam sinal de vida, eram levados para a cova. Contavam que só descobriam isto anos mais tarde, quando iam remover os ossos e viam marcas de arranhões na tampa do caixão. Eu ficava morrendo de medo de ao passar por um túmulo, alguém pedir ajuda para sair da cova. O que me amedrontava ainda mais era quando se realizava o enterro perto do anoitecer. Se tivesse que permanecer lá eu teria provavelmente um ataque de nervos. Felizmente os coveiros tinham em seus contratos de trabalho a hora do final do expediente: às 18h, e com isto estava garantido que não se precisaria enfrentar as trevas.

Muitos anos mais tarde é que fui aprender que ter medo de cemitérios chama-se “coimetrofobia”. Aprendi também que “tafofobia” é ter medo de ser enterrado vivo e “tanafobia” é ter medo de morrer. Até hoje, se posso, não vou a cemitérios, mas sim ao velório. de dia ou à noite, mas evito passar aquele portão das almas, pois fico com medo que os arrepios das almas penadas venham a me fazer companhia.

TRANSGÊNICOS.


Estamos ficando sem saída! O capitalismo selvagem, está mandando em tudo!
Os óleos extraídos de soja, milho e algodão, são os três campeões entre as culturas geneticamente modificadas.
Mote e glosa:Assis Coimbra.(Engatinhante na arte da vida e do cordel)
Quem retira da terra o alimento
Já não tem mais orgânico pra plantar,
Se quiser o transgênico vá comprar
Pois quem sabe terá um abatimento.
Eu abomino tão vil procedimento
Que transforma orgânico em “fabricado”.
E assim deixa o “solo” envenenado
Tudo em nome da globalização.
Faço verso em prol da preservação,
PRA NÃO VER MEU PLANETA EXTERMINADO.
Contato para trabalho!

Emails: assis.coimbra@gmail.com / assis_coimbra@yahoo.com

Fábula da Galinha Ruiva Empreendedora


Numa fazenda distante, todos os animais tinham a sua profissão. Lá morava uma galinha vermelha chamada Ruiva, que não estava contente apenas com a função de botar ovos. Por isto, um certo dia, ela resolveu passear pelo sítio em busca de uma inspiração. No meio do caminho ela encontrou um grão de trigo. Ao ver esta semente, a galinha pensou em planta-la para depois fazer um pão para todos os seus amigos. Deste jeito, Ruiva perguntou aos outros animais:
- Quem vai me ajudar a semear o trigo?
Porém, os outros bichos falaram a palavra “não”.
Desta maneira Ruiva, sozinha, plantou o grão que virou trigo. Depois ela perguntou aos seus colegas se eles poderiam ajuda-la a debulhar o trigo. Mas ninguém se interessou.
Assim Ruiva conseguiu, sem a ajuda de ninguém, separar o grão da palha. Após isto, a galinha perguntou se alguém poderia levar o trigo para o moinho para transforma-lo em farinha. Porém os outros bichos não quiseram. Por isto, Ruiva fez esta atividade sozinha.
Deste jeito, com a farinha, a galinha fez um pão. Então ela perguntou quem gostaria de comer o pão de graça. Desta vez, todos os bichos se interessaram. Porém a galinha afirmou que não iria dar o alimento, de forma gratuita, pois nenhum daqueles seus amigos se interessou em ajuda-la.
Quando a pobre chegou ao galinheiro, notou que o pão era muito grande para ela. Desta forma, a galinha resolveu vender este alimento e todos os bichos compraram um pedaço.
Finalmente, ela fundou uma panificadora e ficou rica.
Moral da história: Podemos lucrar fazendo atividades que nossos amigos tem preguiça de fazer.

Luciana do Rocio Mallon

Um outro olhar

- Lota Moncada

Nos dias em que me perco de vista,
em que o contorno de mim
fica incerto, indistinto, vago,
necessito um outro olhar
que me devolva o ar, o raro,
o íntimo desdesenhado,
átomos do ser divididos pelo tempo,
partículas do eu dispersas na história.
Essa velha cartomante míope
que confunde futuro, presente, passado,

no sujo baralho da desmemória.

Lenda da Sinhazinha Fantasma do Bosque da Escola Parodi


Em 1978, existia uma menina chamada Ana que morava, junto com o seu padrasto, no bairro Uberaba na cidade de Curitiba. Ela era uma menina estudiosa, que gostava de tocar músicas sertanejas de ouvido no violão e seus sonhos eram: ser sinhazinha de festa junina e conhecer a dupla sertaneja chamada Bernarmino e Gabriela. Mas como ela não tinha dinheiro para comprar um vestido para o concurso, ela pediu a roupa de presente para sua madrinha e logo foi atendida. Porém para vencer a competição, esta garota precisava vender votos. Por isto, a menina saia todos os dias batendo nas casas para vender os bilhetes. Mas, não tinha sucesso. O problema é que toda a vez que Ana vendia poucos votos, ela apanhava do seu padrasto quando chegava em casa. Naquele mesmo período, esta garota vivia escrevendo cartas à dupla sertaneja Bernarmino e Grabriela para que estes cantores se apresentassem na festa da escola.
Na noite da sexta-feira anterior à festa junina, Ana apanhou tanto do seu padrasto que acabou falecendo na mesma noite. Mas o seu fantasma não desistiu de desfilar no concurso e nem de tocar violão no evento. Desta maneira, a garota levou seus votos e o violão. Primeiro, ela tocou o instrumento, depois desfilou e venceu a competição. Após isto Ana foi ao bosque, que ficava atrás da escola e passou a tocar violão para o público. Mas no meio da sétima música, a menina se evaporou misteriosamente. Naquele mesmo instante seu corpo tinha sido descoberto por vizinhos.
Um ano depois, em 1979, a dupla Belarmino e Gabriela se apresentou no bosque da escola bem numa festa junina. Algumas pessoas chegaram a ver Ana lá.
Reza a lenda que sempre quando há festa junina na Escola Parodi, Ana deixa seu violão no bosque atrás deste colégio. Então quando a pessoa pega neste instrumento, o espírito da menina aparece vestida de sinhazinha e concede três pedidos.

Luciana do Rocio Mallon

REGRAS DO FUTEBOL DE CAMPINHO



(1) Os dois melhores não podem estar no mesmo lado. Logo, eles tiram par-impar e escolhem os times.
(2) Ser escolhido por último é uma grande humilhação.
(3) Um time joga sem camisa.
(4) O pior de cada time vira goleiro, a não ser que tenha alguém que goste de Catar.
(5) Se ninguém aceita ser goleiro, adota-se um rodízio: cada um cata até sofrer um gol.
(6) Quando tem um pênalti, sai o goleiro ruim e entra um bom só pra tentar pegar a cobrança.
(7) Os piores de cada lado ficam na zaga.
(8) O dono da bola joga no mesmo time do melhor jogador.
(9) Não tem juiz.
(10) As faltas são marcadas no grito: se vc foi atingido, grite como se tivesse quebrado uma perna e conseguirás a falta.
(11) Se você está no lance e a bola sai pela lateral, grite "nossa" e pegue a bola o mais rápido possível para fazer a cobrança (essa regra também se aplica a "escanteio").
(12) Lesões como destroncar o dedão do pé, ralar o joelho, sangrar o nariz e outras são normais.
(13) Quem chuta a bola pra longe tem que buscar.
(14) Lances polêmicos são resolvidos no grito ou, se for o caso, no tapa.
(15) A partida acaba quando todos estão cansados, quando anoitece, ou quando a mãe do dono da bola manda ele ir pra casa.
(16) Mesmo que esteja 15 x 0, a partida acaba com "quem faz, ganha".

Lembrou tua infância , então tu foi uma criança normal ...


Autor ;desconhecido

Lenda do Galo da Paróquia Santo Antônio


Reza a lenda que se uma moça, que procura casamento, doar um galo colorido para uma igreja de Santo Antônio, ela casa em menos de trinta dias. Também existe outro mito que diz que se esta mesma ave for morta, ela se transforma num galo-rosa-dos-ventos e decide pousar no telhando de uma casa. Porém a dona desta residência, ganha o privilégio de viver por mais de cem anos de idade.
Nos anos 80, no bairro Uberaba na cidade de Curitiba, morava Sueli. Esta moça tinha cinquenta anos de idade e sonhava com um casamento. Então, uma vez, ela leu sobre esta simpatia do galo numa revista. Por isto, no mesmo dia, ela comprou um galo que parecia um arco-íris e colocou na porta da igreja de Santo Antônio, do mesmo bairro.
Deste jeito, o padre encontrou o bicho e adotou o animal. Assim as crianças da paróquia passaram a brincar com a ave, que sempre ficava no pátio.
Porém, naqueles tempos, existia um mendigo mau chamado Tonhão. Este homem ameaçava as pessoas da região e atrapalhava as cerimônias da igreja. Um certo dia, este morador de rua entrou no templo xingando todo mundo. Mas o galo apareceu e bicou o homem, que saiu correndo e falando:
- Um dia, comerei você, seu galo metido a valente!
Numa madrugada, a ave estava dormindo e Tonhão deu uma cacetada nela. Assim ele pegou o bicho e resolveu assar o pobre numa churrasqueira improvisada, no Bosque do Quinto, que ficava ao lado da igreja. Porém, quando o homem colocou o galo no espeto, o animal voltou à vida e a ficar todo colorido. Naquele mesmo instante, o bicho voou para o telhado da casa da dona Maria e transformou-se num galo-rosa-dos-ventos, que indica a direção do vento. Deste jeito dona Maria foi agraciada e tem mais de cem anos de idade. Porém não mora mais no mesmo bairro.

Luciana do Rocio Mallon

metáfora de fogo


no vai e vem das ondas
a espuma lambe a areia da praia
como um ferrão de arraia
varrendo conchas
a água do mar tempera de sal
tua ostra enquanto goza
com a língua em fogo
espada em riste penetrando as carnes
experimento o gosto
desse líquido das marés
entre as tuas coxas
Artur Gomes
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www.fulinaimicas2.blogspot.com

À MINHA QUERIDA PIRAÍ DO SUL


(George Abrão)

Piraí do Sul, minha terra-mãe adotiva,
Neste seu dia magno e glorioso,
Só quero agradecer por seu acolhimento,
E por seu carinho, nos tempos que aí vivi.
Que no seu solo abençoado, sempre haja pujança;
Que para seu povo cortês e amigo, sempre haja alegria.
E que você caminhe a passos largos, minha bela Piraí,
Para o seu grande e próspero futuro.
Que Deus e Nossa Senhora das Brotas a abençoem

E abençoem o seu povo, meus irmãos de ontem e sempre!
Eu lembro das brincadeiras
Nas noites do meu sertão.
Das histórias de “Trancoso”
Das festas de apartação.
Eu me lembro todo dia
Que quando chovia eu ia,
VER NA ROÇA A PLANTAÇÃO.
*
Quando chegava de tarde
Ouvia mamãe chamar,
Acabou a brincadeira
É hora de se banhar.
Ouvindo isso eu corria
E depressa logo eu ia,
NO RIACHO TIMBUNGAR.

Contatos para trabalhos.

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Lenda do Fantasma do Cachorro do Jardim Centauro e o Maníaco do Carreirinho


Nos anos setenta, num bairro chamado Uberaba em Curitiba, havia um idoso catador de carrinho de papel apelidado de Bento que tinha um cachorro branco e grande.
Reza a lenda que este ancião tinha poderes sobrenaturais e seu cão também. Apesar destes boatos, ele vivia catando papel pelo bairro inteiro, principalmente, no conjunto Jardim Centauro.
Quando ele estava sem o seu carrinho de madeira, este velhinho costumava entrar por um “carreirinho”, um tipo de corredor aberto entre muros de uma rua aparentemente sem saída, que tinha numa das ruas do conjunto Jardim Centauro e que dava passagem para a rua da mercearia do Seu Jair.
Na época, eu morria de medo de passar por este “carreirinho”, pois existia a lenda de um tarado que perseguia as meninas que entravam lá dentro e abusava delas.
Um dia Bento faleceu e como ele não tinha família seu cachorro começou a rondar pelo bairro.
Numa madrugada, o cão passou pelo “carreirinho” e foi esquartejado lá dentro. Então surgiu um boato que foi o famoso tarado do “carreirinho” que matou o cachorro por pura maldade.
A partir daquele dia, alguns amigos que moravam naquele local, passaram a ver um clarão e uivos de cachorro vindos de dentro do “carreirinho”. Porém, quando entravam lá dentro, estes fenômenos desapareciam misteriosamente.
Uma certa noite, uma cabeleireira apelidada de Dominique, entrou naquele “carreirinho” para cortar caminho. De repente, um homem pulou em cima desta moça e começou a sufoca-la. Naquele mesmo segundo, surgiu um cachorro branco, todo iluminado. Assim o bicho mordeu o marginal, que saiu correndo.
Reza a lenda que até hoje o espírito do cachorro branco protege as pessoas que passam pelo local.

Luciana do Rocio Mallon

Lenda da Cigana da Semeadura


Na Idade Antiga, existia uma cigana chamada Elísia. Um certo dia, ela sonhou com Santa Sara que disse-lhe:
- Sua missão é tornar-se a cigana da semeadura jogando sementes através da dança com sua saia de babado, no solo dos agricultores que merecem. Mas para saber quem merece esta dádiva faça o seguinte:
- Quando avistar uma plantação com problemas, vista-se de mendiga. Então bata na porta dos proprietários deste lugar e peça uma esmola. Se os donos derem uma prenda, é sinal de que merecem uma nova semeadura. Porém se não derem, significa que eles não merecem esta sua ajuda.
A partir deste dia, Elísia seguiu os conselhos da santa. Toda a vez que lhe davam uma esmola, a garota pegava sementes, colocava nos babados da sua saia e dançava espalhando estes grãos no solo, que cresciam com toda a força e traziam prosperidade aos locais.
O tempo passou e esta cigana faleceu. Quando chegou ao céu, São Pedro falou:
- Seu espírito terá uma nova missão na Terra:                     
- Você reencarnará no futuro. Assim quando avistar pessoas, da cidade, que precisem de ajuda, se vista de esfarrapada e peça esmolas a elas. Se estas criaturas derem prendas a você, será sinal que você deverá ajuda-las. Esta será sua missão por toda a eternidade.
Deste jeito, Elísia voltou ao mundo.
Antônio, um amigo meu que era descendente de ciganos, sabia desta lenda. Nos anos noventa, ele trabalhava numa loja de materiais de construção no bairro Uberaba, na cidade de Curitiba. Um certo dia, uma mendiga chegou no balcão e disse-lhe:
- Moço, tem alguma coisa para dar?
Antônio deu a sua marmita, repleta de comida, e depois disse a saudação cigana:
- Optchá!
A jovem respondeu:
- Optchá!
- Aposto que você já sabe quem eu sou.
No final do dia, o rapaz foi promovido à gerente e ganhou um jantar gratuito numa promoção de uma rádio.
Reza a lenda que até hoje a cigana Elísia se disfarça de mendiga para pedir esmolas. Deste jeito quem dá coisas para esta moça, acaba recebendo uma boa surpresa no final do dia.

Luciana do Rocio Mallon

sábado, 23 de abril de 2016

AMOR PERFEITO

HISTÓRIAS DE UM PIRAIENSE:

(Lauro Volaco)

Esta pequena flor era muito admirada por mim quando pequeno. Já começava a minha admiração, pelo próprio nome, pois não entendia o seu real significado. Era perfeita para quem se amava? Perfeita por simbolizar uma coisa que todos desejam, mas é utópico na sua plenitude? Perfeito porque uma amava a outra que com ela convivia? Perfeita porque ia se aprimorando desde o nascimento, para que cada dia ficasse mais perfeito que no dia anterior? Enfim, eram questionamentos que duvido até hoje, por mais sábio que você seja, não saberá me responder o sentimento que ela me transmitia!
Quanto ao colorido, que é uma de suas marcas registradas da beleza, podemos encontrar as combinações de: branco, amarelo, vermelho, laranja, azul claro, azul escuro, roxo claro, roxo escuro e marrom. Pode ser que eu tenha esquecido alguma cor, mas convenhamos, é de uma enorme variedade.
Hoje eu sei que o significado mais difundido é que representa um amor muito romântico e duradouro. Mas tem outro significado que eu nunca havia aprendido: as três cores que normalmente a compõe, fazem com que ela seja conhecida por poucos, como a “erva da trindade”, referindo-se à Santíssima Trindade. Mas se formos saber mais um pouco sobre ela, vamos ficar surpresos: a) é o símbolo da glorificação do trabalho: b) para os gregos, representava a deusa da estratégia militar, da sabedoria e das artes; c) para os franceses representava o “pensamento” e os amantes presenteavam suas amadas com esta flor para garantir que quando iam para a guerra e lá permaneciam, ficando muito tempo fora de casa, voltariam para reencontrar sua bem amada; d) significa também o amor de mãe, que é absolutamente perfeito. Mas paro por aqui, pois considero que já fui longe demais, em meus devaneios amorosos.
O que eu quero reforçar de minhas memórias infantis mescladas com alguma forma de pensar hoje, é que aquele formato achatado, muito colorido e muito lindo, me mostrava que alguém, de muito poder e de extremo bom gosto, criou aquela criaturinha perfeita, para nos fazer ver a nossa insignificância, mesmo quando consideramos que fizemos algumas coisas notáveis. Por mais perfeito que o façamos, quando paramos para refletir, sempre poderíamos ter feito melhor. Considero que é um chamamento de nossa atenção, quando as vemos ou simplesmente lembramos, que façamos as coisas as mais perfeitas possíveis!
Existe um ditado que diz que: “o ótimo é inimigo do bom”!

Portanto, não poderemos paralisar nossas ações buscando o momento para que sejam perfeitas, pois isto pode nos imobilizar e nunca nos tornarmos realizados como pessoas ou profissionais. Mas que não paremos por aí. Depois de fazer o mais perfeito, tenho a convicção que encontraremos novas maneiras de repensar usando os nossos novos saberes, para nos aperfeiçoarmos durante toda a nossa existência, fazendo com que o amanhã possa ser sempre melhor que o hoje. Este é o gosto que queria deixar no pensamento e na filosofia de cada um que ler esta minha crônica de hoje!

Aqui


redes em pânico
pescam esqueletos no mar
esquadras – descobrimento
espinhas de peixe - convento
cabrálias esperas relento
espinhas secas no prato
e um cheiro podre
no AR
caranguejos explodem
mangues em pólvora
ovo de colombo quebrado
arei branca – inferno livre
Rimbaud – África virgem
carne na cruz dos escombros
trapos balançam varais
telhados bóiam nas ondas
tijolos afundando náufragos
último suspiro da bomba
na boca incerta da barra
esgoto fétido do mundo
grafando lentes na marra
imagens daqui saqueadas
Jerusalem pagã visitada
Atafona Pontal Grussaí
as crianças são testemunhas:
Jesusa Cristo não passou por aqui
Milos Davis fisgou na agulha
Oscar no foco de palha
cobra de vidro sangue na fagulha
carne de peixe maracangalha
que mar eu bebo na telha
que a minha língua não tralha?
penúltima dose de pólvora
palmeira subindo a maralha
punhal trincheira na trilha
cortando o pano a navalha
fatal daqui Pernambuco
Atafona Pontal Grussaí
as crianças são testemunhas:
Mallarmè passou por aqui
bebo teu fato em fogo
punhal na ova do bar
palhoças ao sol – fevereiro
aluga-se teu brejo no mar
o preço nem deus nem sabre
sementes de bagre no porto
a porca no sujo quintal
plástico de lixo nos mangues
que mar eu bebo afinal?
Artur Gomes

http://fulinaimicas.blogspot.com.br/…/pontal-fotografia_9.h…

DEVORAÇÃO” DE FRUTAS

HISTÓRIAS DE UM PIRAIENSE:



(Lauro Volaco)

Ao imaginar escrever este meu texto, pensei em várias cenas da minha infância, numa terra onde muitas coisas eram extremamente fartas, que até pareciam ilimitadas. Mas agora, quando de fato fui escrever, veio uma curiosidade que resolvi investigar, para ser mais autêntico o título que escolhi. Resolvi ver o que significa “devorar”: a) comer muito com avidez e rapidamente; b) consumir depressa; c) tragar, engolir, sumir dentro de si; d) destruir (não deixando restos); e) cobiçar; f) ralar; g) conquistar, absorver; h) afligir; i) percorrer rapidamente; j) ler avidamente; k) sofrer a custo. Pode parecer que sou metido à besta, pois de tantos significados para esta palavra, feita por pessoas brilhantes que conhecem nossa língua portuguesa, nenhuma traduzia o que eu queria lhe transmitir. Assim, sem querer dar uma de professor e para que ela transmita o que eu quero, vou traduzir como “dever de uma oração”. E com muita calma vou explicar por quê: quando era época de frutas em nossa casa e também na chácara, a quantidade era tanta, que o procedimento muitas vezes era de encher um saco e ir para baixo de um caquizeiro muito frondoso que havia no meio de nosso quinta. Lá era onde o tio Rubem montava sua rede de balanço. Então íamos descascando com muita calma cada uma daquelas frutas e as comendo ou chupando conforme o tipo, sem pressa e sem pensar em quantidade a ser consumida. Três coisas eram limitantes: uma era o tamanho do nosso estômago, outra era a preguiça de descascar depois de muitas delas terem sido consumidas, e a terceira era o horário que nosso tio tinha que parar de se embalar para ir trabalhar. As conversas eram intermináveis, onde cada um de nós podia livremente expor seus pensamentos, suas ideias, suas dificuldades, mas, principalmente, repartir nossas alegrias. Ali, meu tio tinha a mesma idade que nós, num processo de total empatia. Tinha momentos que ele percebia o nosso cansaço de descascar uma laranja, por exemplo, e ele fazia isto e nos oferecia, de forma incansável. Era admirável ver sua habilidade e capricho, pois nunca feria a laranja com um corte mais profundo e nunca deixava de tirar toda a casca em uma única peça. Se tivesse um paquímetro, podia medira a largura e espessura da casca retirada: eram idênticas. Nosso cardápio era variado naquelas reuniões familiares na sombra do caquizeiro. As mais consumidas eram a laranja, a mimosa, a tangerina, a mexerica (não tínhamos poncã). Mas também tinham a sua vez as peras e caquis, que eram colhidos e postos no saco; melancia era trazida gelada e cortada em fatias, para serem repartidas ilimitadamente; as frutas mais delicadas vinham em cacho, como as ameixas e nectarinas; outras vinhamem cestos menores, como os figos.
Mas o que eu quero transmitir com o meu próprio conceito de “devoração”, está relacionado com o prazer proporcionado pela fartura destes alimentos, o agradecimento aos céus por podermos conviver naquela harmonia familiar e num ambiente de extrema beleza, sentados no chão de terra. SEM PRESSA!



SALVE OGUM SALVE JORGE



Bate tambor
Na mais pura emoção
Canta Ogã
Roda Yaô
O dono da minha cabeça é Xangô
Mas Ogum é quem manda no meu coração
Raiou a madrugada
É hora da tua alvorada
Salve Ogum
Defensor dos indefesos
Salve vencedor de demandas
Salve grande e destemido guerreiro
Salve Ogum Mejê
Salve Orixá da alegria
Salve Ogum Beira-Mar
Salve Povo Malê
Salve Ogum-Matinata
Salve Poderoso Senhor da Terra
Salve Filho de Ododua
Salve, a quem hoje chamam de Jorge
Salve defensor da lei e da ordem
De ti vem minha força e coragem
Salve ó poderoso Imolé
Salve tua coroa de luz
Salve tua sabedoria
Teu cavalo
Tua lança
Salve a nossa fé!
Ogum ieé !!

José Luiz Santos‎ . Rio de Janeiro. in Vidraguas
- por JL Semeador de Poesias, em 23/04/2009 –



MEU SERTÃO! "DONDE" TUDO É MAIS BONITO!!


Mote e glosa:Assis Coimbra. (Engatinhante na arte da vida e do cordel)

Não esqueço do vaqueiro na chapada
Que ao cantar ecoava no infinito,
Entoando um aboio bem bonito
Pra depois reunir toda boiada.
Nunca esqueço que cedo na alvorada
No frechal do casebre sempre eu via
Saltitando e cantando a Cotovia,
Anunciando o prenúncio da jornada.
A lembrança em meu peito fez morada
E RECORDA O PASSADO TODO DIA.

Contato para trabalho!

Emails: assis.coimbra@gmail.com / assis_coimbra@yahoo.com






invejo a fé
dos que bradam
que não passará

não passará
o golpe
não passarão
machistas
fascistas
não passarão

não há de passar
o tempo,
inimigo primeiro
de todos nós?

os que atravancam
caminhos
desejamos que passem?

estupradores
torturadores
passam de fininho
na malha fina
da história

a polícia passa
à força
todo dia
sobre a nossa
humanidade

o ódio
passa
na TV

e o grito
para
na garganta



 Fabiana Turci
Na minha juventude, Praça Rui Barbosa era sinônimo de intenso labor (fui office-boy). Como sabemos, o labor que nos prende a alguns desígnios, nos liberta de outros.
A Santos Andrade era desejo, quase utopia (Universidade, Teatro , cafés, a inteligência das psicólogas....).
Depois, a Santos Andrade foi parte de meu cotidiano, então, aprendi que seu rebaixado, seu côncavo, era resultado de ali haver o primeiro lixão de Curitiba.
Amanhã, com todo o respeito ao que desejei e desejo, cito Rui Barbosa:
"De tanto ver prosperar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver prosperar a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a envergonhar-se de ser honesto".




Sandro cordeiro 


Amanhã, como sempre, me alimentarei de meus poemas e encherei meu coração da esperança daqueles que acreditam na honestidade, na luta, nos sonhos. Levarei tudo isso estampado no rosto, no riso dos lábios, no brilho dos olhos, e darei à mão àqueles irmãos de sonho, àqueles que vão às ruas com olhar além, àqueles que sabem que um país se faz com respeito ao voto, mesmo que os eleitos tenham sido decepção, mesmo que as urnas tenham ido de encontro ao seu desejo.
A liberdade de dizer o que se pensa, a liberdade de se amar quem se deseja, a liberdade de ser quem se gostaria de ser, a liberdade de gritar, de cantar, de dialogar e de brigar com quem pensa diferente, a liberdade que sempre deve ser defendida por quem se entende gente. A liberdade que só o respeito à Democracia promove.
Não ficarei calado, não recuarei; meu pensamento é minha força motriz; meu desejo de liberdade é o que me mantém vivo. E o sonho. Sempre ele.
E este momento que suscitou o ódio de muitos, a indiferença de outros, o murismo de alguns, o silêncio de tantos foi luz: serviu para saber quem caminha ao meu lado e quem estende olhares para outros horizontes.



 Caio Riter
Essa pavana é para uma defunta
infanta, bem-amada, ungida e santa,
e que foi encerrada num profundo
sepulcro recoberto pelos ramos
de salgueiros silvestres para nunca
ser retirada desse leito estranho
em que repousa ouvindo essa pavana
recomeçada sempre sem descanso,
sem consolo, através dos desenganos,
dos reveses e obstáculos da vida,
das ventanias que se insurgem contra
a chama inapagada, a eterna chama
que anima esta defunta infanta ungida
e bem-amada e para sempre santa.

(Jorge de Lima .do Livro de Sonetos.Alagoas. )

HOMENAGEM AO POETA JORGE DE LIMA(nascido em 23 de abril de 1893 e morto em 15 de novembro de 1953)


PARA UM MENDIGO TABAGISTA

Ontem eu caminhava pela rua e fui abordado por um mendigo que, com muita educação, pediu-me um cigarro.
Dei todo o maço e comprei outro, chegando em casa chateado, muito chateado, e nasceu esse poema:




Perdão.
Perdão por todas as ausências que te causei,
As refeições que subtraí, os sorrisos teus
Que arranquei, as esperanças que fiz mortas.
Perdão por ter te arrancado do útero
Quando tão bem dormias o sono do anônimo,
Desconhecedor do que te faltaria, subtraído.
Perdão pelo céu sombrio e as nuvens pesadas,
As mãos sempre estendidas e o olhar triste,
Ornado de humilhação e medo, de assombro
Diante do que perto viceja, mas inalcançável.
Perdão pelos teus dias que se repetem, frios,
Burocraticamente sem novidades, os mesmos,
Como se marcados na ausência de calendários.
Perdão pela dureza das calçadas e bancos,
Improvisadas e ocasionais camas estendidas
Sobre olhares de recriminação e preconceito.
Perdão pelo que te aflige e descaracteriza,
Reduzindo a este espetro errante e sujo
Perambulando caminhos descoloridos,
Em manhãs sem sol e sem viço,
Aguardando a noite e a milenar solidão,
Feita com a indiferença dos passantes,
Como se não existisses humano,
Mas parte da paisagem que te oprime
E envergonha, envergonhando-me
Diante de ti sem quase nada,
Sorrindo agradecido por um simples cigarro.
Perdão, meu irmão, perdão.
Francisco Costa

Rio, 22/04/2016.

sábado, 16 de abril de 2016

Carpe Diem


Fluxo anêmico dos carros
(de luxo)
Sol selado
de adesivos Mc Donald’s.
Arabescos eróticos
na fumaça cinza
da panificadora ao lado.
Semente masculina
perfumada
amaciando o tecido
da minha pele.
Água calêndula no ralo
revela
a forma exata
do rosto estrangeiro
e o sexo formigueiro
de prostituta de Veneza.
Espie pela fresta do Zeppelin
dos sonhos...
Meu mundo:
Sem Florais de Bach
Feng Shui
Mantras.
Músculos da alma
– expostos –
Cicatrizes mortas,
lâmina que corta
escaras
revela
o mármore de carrara
- Vivo -

Bárbara Lia in A última chuva
Bárbara Lia

No sonho as coisas são aprimoradas. Não encontrei nenhuma imagem que lembre as duas borboletas com as quais sonhei. Não vi ainda em lugar algum. Vibrantes, as asas grandes ovaladas em tons marrom e amarelo... Elas estavam em um lugar diante de uma grande janela de vidro, abri a janela e elas voaram em direção ao azul claríssimo... Acordei com aquela sensação de sonho que traz boas novas...


OS POETAS ANTONIO THADEU WOJCIECHOWSKI, MARCOS PRADO E SERGIO VIRALOBOS, ENTRAM FINALMENTE NO ÚLTIMO CICLO DO INFERNO. COMPOSTO DE 4 GIROS: CAÍNA, DOS TRAIDORES DE FAMILIARES; ANTENORA, DOS TRAIDORES DA PÁTRIA; TOLOMÉIA, DOS TRAIDORES DE AMIGOS; E JUDECA, DOS TRAIDORES DE SEUS BENFEITORES.

(...)
“Isto é Caína- presídio dos detentos de maiores sentenças,
os traidores do próprio sangue –em louvor a quem lhe deu o nome.”
Passamos a outro Giro caminhando sobre as águas espessas .
“Estes, aos inimigos de seu país, disseram: Invadam! Tomem!”
Prosseguíamos lentamente quando nos deparamos com uma cena dantesca:
uma cabeça mordendo outra cabeça com ganas de quem morreu de fome.
-Meu Deus! O que é isso? Acaso vejo a própria besta?
VOCÊ SUPORTA ME VER REPASSAR A DOR QUE ME LEVOU À LOUCURA?
Indagou, limpando a boca na cabeleira do crânio de miolos à fresca.
SOU CONDE UGOLINO, QUEM DEVORO E NÃO VALE MAIS QUE UM CURA,
ATIROU A MIM E MEUS FILHOS SEM PÃO NEM ÁGUA NA MASMORRA.
NÃO CHOREI, PETRIFICADO: ELES SIM, NA CELA ESCURA.
“EM SEUS OLHOS, PAI, NÃO VEJO QUEM NOS SOCORRA”.
BALBUCIOU O CAÇULA. NADA RESPONDI POR UM DIA E UMA NOITE INTEIRA.
O DESESPERO , MAIS QUE A FOME, DEIXAVA-NOS À FEIÇÃO DE BORRA.
“PAI, COMA A NOSSA CARNE PARA QUE RETORNEMOS À FONTE PRIMEIRA.
SEGUREI AS LÁGRIMAS COM O SILENCIO QUE INVADIU NOSSO CATRE,
EU ERA UMA AMPULHETA SENTINDO A VIDA DE MEUS FILHOS ESCAPANDO COMO AREIA
PEDI A MORTE, MAS ELA NÃO QUIS QUE FOSSE ANTES O MEU ABATE.
AO QUARTO DIA O PRIMOGÊNITO MORREU, PEDINDO:
“NÃO DEIXE NOSSAS VIDAS À MERCÊ DESSE ARREMATE!”
VI TAL VOCÊ ME VÊ AGORA, MEUS QUATRO FILHOS, DO QUINTO
AO SEXTO DIA, UM A UM IREM TOMBANDO
SOFRI MUITO ATÉ FICAR CEGO.CHAMAVA POR ELES, NADA OUVINDO.
POR FIM, MEU CORPO AO JEJUM CEDEU O MANDO.
Ugolino , fechou a conversa, arreganhou a dentuça
E cravou-a na nuca do algoz, estraçalhando.
(...)
Dante Alighieri em livre-adaptação de Antonio Thadeu Wojciechowski, Marcos Prado e Sergio Viralobos.

...
Bárbara Lia


Até me arrepia ouvir a frase que aponta a possível situação: Eduardo Cunha Presidente do Brasil. Quiçá ao descer o véu do tempo, quando a História fluir como sempre flui a verdade em conta-gotas... Quiçá a gente descubra quem este megalomano tem no bolso...

MUITOS E POUCOS

Muitos os homens-trânsito
poucos os homens-sinal.
Muitos os homens-busca
poucos os homens-seta.
Muitos os homens-olhar
pouco os homens-estrela.
Muitos os homens-rebanho
poucos os homens-zagal.
Muitos os homens-barco
poucos os homens-bússula.
Muitos os homens-viagem
pouco os homens-caminho.

*


SILVEIRA, Oliveira. In: Obra Reunida. Org. Ronald Augusto. Porto Alegre: Instituto Estadual Do Livro: CORAG, 2012. p.208.

Lenda de Prímula, a Flor Que Cura a TPM


Reza a lenda que depois de Adão comentar com Papai do Céu que a sugestão de comer o fruto proibido foi de Eva, Deus falou o seguinte para ela:
- Como castigo, além de ser expulsa do Paraíso, você sangrará uma vez por mês.
Então, naquele mesmo instante, uma lágrima escorreu dos olhos de Eva, caiu na terra e transformou-se numa semente. Desta sementinha, nasceu uma planta chamada prímula. Por isto a cultura popular diz que o chá desta flor tem o poder de amenizar os sintomas da tensão pré-menstrual.

Luciana do Rocio Mallon

O CERCO

Estamos todos cercados;
e o silêncio do sonho
é nossa arma sagrada:
as pistolas e as línguas de aço
dos inimigos brilham ao sol,
e eles gritam tanto
sobre as velhas colinas,
atrás das cegas estantes,
que sabemos de tudo;
e calados ficamos,
amamos e permanecemos.


Alberto da Cunha Melo

Encalhado


Encalhado
na retina da saudade,
um esboço obstinado
levita nas noites acordadas
emprestando sonhos,
nuvens de água levada...
ecos dançando
numa colina de estrelas.
Encalhado
na folhagem do tempo
um poema
envolto em adornos de ternura,
aninha-se no ventre das horas
murmurando o nome
que os lábios não deixam esquecer.
Encalhado
no silêncio do poente
um amor proibido
desfia fragrâncias de sedução...
emprestando a boca
sem gosto de beijo.
Encalhado
nas rugas que uma lágrima remendou
descuida-se o sorriso
que ao degredo se condenou.

Ana Andrade

Lendas Sobre Cerziduras Sobrenaturais


Durante a Pré-História, numa caverna, morava uma adolescente chamada Yani. Ela tinha fama de possuir dons sobrenaturais e gostava de costurar roupas com peles de animais.
Um certo dia, esta jovem estava na caverna com sua família, onde hoje pertence a uma  região da Itália. Quando, de repente, pessoas trouxeram homens feridos para dentro dela. A mãe de Yani passou um tipo de líquido nas feridas abertas destes pacientes. A adolescente tentou ajudar aos feridos, mas sua família não deixou por causa de sua pouca idade. Então naquele instante, para se distrair, a menina passou a costurar uma peça, de pele de animal, na outra. Porém sua mãe notou que, naquele mesmo instante, as feridas e os ossos quebrados dos pacientes começaram a se curar sem nenhuma explicação. A mulher contou sobre o fenômeno para toda a tribo. Deste jeito, surgiu uma técnica chamada cerzidura, que consiste em costurar uma peça na outra para curar um doente só com a força da mente.
Muitos anos se passaram e na Idade Antiga, Yani reencarnou numa vila da Itália com o nome de Isabela, ainda com o dom de costurar. Uma vez sua avó, Gioconda, torceu a perna e foi se deitar com dor. Isabela, ainda uma menina de cinco anos, ficou preocupada. Por isto chegou perto da idosa com uma agulha, fio e dois paninhos. Então disse à anciã:
- Vó, farei uma brincadeira que ajudará a senhora em sua dor. Farei de conta que estes dois tecidos soltos são partes da sua carne, por dentro, que estão doendo. Por isto, quando eu costurar uma na outra, seu mal-estar vai passar. Cada vez que Isabela costurava, a dor da velhinha desparecia aos poucos. Finalmente, quando os dois tecidos estavam amarrados, Gioconda não sentia mais dor. Desta maneira a idosa espalhou a novidade às pessoas. Por isto, criaturas de todo o mundo passaram a se consultar com Isabella em busca das cerziduras mágicas.
Quando a garota completou quinze anos, ela fugiu para a montanha das estregas, que era um grupo de mulheres místicas da Itália, para aprender mais sobre Magia. Mesmo assim Isabela, uma vez por mês visitava os seus parentes e atendia aos doentes na casa de sua família.
Reza a lenda que se você for mulher e descendente de italiano, também pode realizar cerziduras curativas em pessoas doentes. Porém para isto você precisa de: uma agulha que nunca foi usada, dois panos virgens e brancos. Antes do ritual, você deve limpar o local, acender um incenso, rezar a oração de sua preferência e conversar com o paciente para verificar o que ele realmente quer. Depois se concentre na dor do enfermo, na vontade de curar e costure as duas partes fazendo uma oração.

Luciana do Rocio Mallon

Meus [nossos] Caros Amigos


o beijo dos amaldiçoados
a dança da maçã
o dom da auto destruição
por que nomeamos nossas cinzas?
no hálito da noite
no relógio morte em nossos seios
inventamos uma paixão ultraviolenta
sem face
sem olhos
isenta da lucidez ácida dos fantasmas dos dias
algo que trucida nossa ilusão imortal
o vicio de criar coisas sem nome
pelo simples prazer de matá-las depois

por que nomeamos nossas cicatrizes ou almejamos a infinitazação do finito?

‎Diego Martins‎ 

A Coxinha e o Pão Com Mortadela Se Beijam na Padaria do Amor


O amor possui uma padaria
Onde há doces e salgados
Lá tem uma leve e suave magia
Que deixa todos apaixonados

Uma coxinha embrulhada no papel verde e amarelo
Olhou para um tradicional pão com mortadela
Assim nasceu um sentimento puro e singelo
Naquela tarde preguiçosa, lânguida e bela!

O pão com mortadela olhou para a coxinha saborosa
Deste jeito o seu coração bateu com melodia
No ar surgiu uma música maravilhosa
Repleto de ritmo, fantasia e poesia

A coxinha beijou o pão com mortadela
Na manifestação que dividiu o país
Toda a paixão é válida quando é bela
E faz do casal uma só alma feliz

O amor é mais forte do que qualquer ideologia
Somente o espírito sabe emanar empatia
O amor possui uma padaria cheia de ternura
Onde até o amargo tem gosto de doçura.
Luciana do Rocio Mallon