terça-feira, 9 de março de 2010

É noite na cidade

noite

a cidade adormeceu

a pesada mão do silêncio amordaçou as casas, e as almas

a noite extrema, o silencio reina

o vento varre os vestígios da presença humana

pelos becos, vielas, na boca dos nauseabundos

a noite vai, vadia, cambaleante, ziguezagueante

no céu a lua sorri, matreira,

conhece os segredos da noite

os segredos dos notívagos,

a confissão dos embriagados

as vontades incógnitas

alguns vigiam a madrugada, desafiam,

parceiros da boemia, cantadores de poesias,

percorrendo a escuridão,

cantando o amor e a solidão

deixam seu rastros de cantos e encantos

parceiros da noite

passarela dos líricos

devaneios dos apaixonados

alamedas dos boêmios

noites de conhaques, vinhos, cachaças

licores, amores, odores,

onde desfilam os profetas delirantes,

noite extrema, o silencio reina

o vento do amanhecer traz a algazarra,

a noite vadia se esvai

dia extremo.



Helder Molina

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