terça-feira, 9 de março de 2010

Queres enquadrar-me?

– queres enquadrar-me?


se queres enquadrar-me

ao meu tempo de hoje

o agora, saiba então,

sofro de inquieta gula de vida

tenho vírus de irreverência adquirida

do tempo interior tenho dose letal

não tente aprisionar-me em seus fantasmas

em suas análises de janelas estreitas

eu existo além do tato

eu tenho nome, caminheiro, rebeldia

minha cidadania é a inspiração da poesia

sou mágica metamorfose de um dia

a essência do que ainda não foi criado

não tente enquadrar-me

me chame de vida, luminoso e perdido

ponto de energia

na reta oposta da circunferência

sou ângulo aberto convexo hipotenuso

circunferência com linhas retas e pontos picados

côncavo e convexo,

encaixe sem proporções exatas

o verso que virou reverso

meu nome é tempestade,

o vento cristalino nos olhos da brisa

a calmaria que navega o barco

a utopia de galeano

a dialética de marx

o desejo do faminto

o comunhão dos desunidos

reta, retina, choro, resina, sina, rima

registram no cartório,

a soma de tudo isso,

helder molina

algum menino travesso, filho das colinas.

Helder Molina

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