– queres enquadrar-me?
se queres enquadrar-me
ao meu tempo de hoje
o agora, saiba então,
sofro de inquieta gula de vida
tenho vírus de irreverência adquirida
do tempo interior tenho dose letal
não tente aprisionar-me em seus fantasmas
em suas análises de janelas estreitas
eu existo além do tato
eu tenho nome, caminheiro, rebeldia
minha cidadania é a inspiração da poesia
sou mágica metamorfose de um dia
a essência do que ainda não foi criado
não tente enquadrar-me
me chame de vida, luminoso e perdido
ponto de energia
na reta oposta da circunferência
sou ângulo aberto convexo hipotenuso
circunferência com linhas retas e pontos picados
côncavo e convexo,
encaixe sem proporções exatas
o verso que virou reverso
meu nome é tempestade,
o vento cristalino nos olhos da brisa
a calmaria que navega o barco
a utopia de galeano
a dialética de marx
o desejo do faminto
o comunhão dos desunidos
reta, retina, choro, resina, sina, rima
registram no cartório,
a soma de tudo isso,
helder molina
algum menino travesso, filho das colinas.
Helder Molina
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