Uma pausa e dois movimentos, assim ela vai ganhando leveza, girando na sala crepuscular.Ele assiste a dança que nasce dessa ingênua teimosia. Um-dois-dois-um, um-dois-dois-um. Ela roda, presença porosa, indisfarçável conteúdo sob todos os véus. O cavalo cego freme as narinas novamente, levantando as patas dianteiras. Ardem .A náusea agora é um rio sem márgens, onde ele mergulha à deriva. Na última golfada um feixe mudo de alma, nódoa nos linhos da mesa posta. Seus olhos ainda respiram na sala ,à espera de sapatilhas desatadas.
Ledusha
Risco no Disco.Mais!Folha de São Paulo.19/07/1998
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