segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Máscara de barro

Ressucitei quantas genealogias,
tive já quantos nomes,
quantas alturas, quantas infâncias ?
Fui já algo como máscara de barro
já ouvi a água e sentia terra,
escutei as vozes se misturarem.
Estive presente quando àtua morte
e velamos teus restos,
queimamos teus ossos,
comemos teupó que em mim estará.
Hoje, quando me deito,
quando me deixo, e fico, e digo:
CONSUMI-ME !
homens com carne nos dentes,
homens com almas nos olhos ,
homens com enfeites de pena,
homens com palha e palhoça.
Consumi-me que haverei de consumi-los
em outras bocas,
em outros pratos,
em outra festa,
na mesma lua antes da chuva.
Seremos corpos em corpos,
estaremos únicos.

Fausto Rogério Amadigi
O Grito.n4.1999.

Nenhum comentário: