Ele me seguia.Não era um perseguidor dos desocupados.Não, não se tratava desses que vão no encalço dos que costumam sair por aí tirando uma força do descaso , outra das artérias...Ele me seguia para farejar na moita a "andreja rotina " do meu ofício encoberto".Precisava ilustrar o que as rodas de excedentes identificavam como "verve furtiva da vadiagem".Escrevia "Arcos de Ascese", livro sobre "surdas dissidências, em apenas sete curtas rondas ".No parque Farroupilha, vi sua mancha entre ramagens.Deitei na grama."A estátua que me escondia/por pouco não se vertia/ por seu cântaro quebrado."Ouvia no radinho:"Vencer as horas/ e com tal melancolia/ é façanha de arenosa sudorese". Quem cantava já não lembro.Lembro de uns olhos fixos, calados...
João Gilberto Noll.in Relâmpagos
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