Dia vinte e sete do mês de janeiro, comemora-se o
dia internacional das vítimas do Holocausto, o que foi bastante comemorado na
Europa e EUA, no Brasil fica meio restrito as comunidades judaicas do país.A
nossa América do Sul que foi esconderijo para inúmeros militantes e
comprometidos com o regime nazista; já há duas décadas pelo menos, assiste o
renascimento de grupos neonazistas, grande parte agregados por 'Skinheads',
inclusive aqui no Brasil. Não diferente do que ocorre na Europa, EUA e Israel;
onde crescem os grupos de extrema direita, com notórios ideários segregadores;
nos EUA a despeito das lutas de igualdade racial, grupos não somente de extrema
direita gozam de ampla simpatia, além da tradicional Ku klux Klan que tem
respaldo lícito dos governos locais. E Israel? a dita pátria dos judeus, se
formou massacrando os árabes que lá viviam há anos, e até hoje os segregam,
portanto é um estado genocida. Há seis décadas é lembrado o genocídio dos
judeus em campos de concentração, já virou quase um glamour tétrico, decantado
em prosa e verso.
Se querem lembrar o que moveu a ideologia nazista, então se perguntem, nos
perguntemos, de onde vem a potencial perversão que habita todos nós, que
impulsiona atrocidades e fratricídios?
Se vão lembrar o holocausto nazista, lembrem dos milhares de ciganos
(''porajmos'') que por serem em sua maioria economicamente ou intelectualmente
menos favorecidos que os judeus, eram mortos a queima-roupa em suas
coletividades.O Brasil escondeu Josef Mengele, mas a Europa pouco se lembra de
Guido e Ina, gêmeos ciganos,que foram costurados pelas costas, artificialmente
engendrados como siameses, por aquele atroz cuja a finalidade era o experimento
de sua alucinação pseudo-científica. Em Triéste (cidade italiana que por
coincidência era a cidade natal de meu pai) havia um pequeno campo chamado
Risiera di San Sabba, no qual entre outros perseguidos mantinha prisioneiros
ciganos,a maioria crianças e adolescentes, os quais eram deportados para os
campos de concentração na Alemanha, Áustria e leste europeu, sempre para fins
de experimentos sem fundamento científico, e com muita base na perversão
humana. O meu avô, um industrial de certa influência, e que por lucidez deixou
o partido fascista, do qual fora membro, foi um dos que denunciou às entidades
locais de interesse humanitário, os crimes que ali ocorriam, por este e outros
fatos pagaria ele um preço bastante caro. Bom lembrar de dois prelados
católicos, Monsenhores Antonio Santin e Clemens August Von Galen, que no alto
de suas autoridades institucionais, enfrentaram a autoridade de seus
respectivos países, e denunciaram todos esses crimes, de a maneira veemente;
digo, bom lembrar, porque hoje assistimos no alto magistério da Igreja, um dos
maiores facínoras de nossos dias, que é o Herr Josef Ratzinger, pois é mais
fácil ao senso comum, lembrar do que gente como ele faz ou diz, do que recorrer
a um estudo mais profundo e saber quem foi por exemplo: os citados Santin e
Galen, assim como a atuação de Achille Ratti, Angelo Roncalli, Albino Luciani,
Aloísio Lorsheider, Evaristo Arns entre outros, alguns tendo pago com a vida o
direito à vida; tendencionismo é uma das principais moléstias da sociedade;menciono
tais religiosos, com absoluta isenção, pois, não professo nenhuma religião, nem
me apoio em qualquer ideologia unilateral, sou agnóstico por ânsia de
liberdade, e ateu por agnosticismo.
Se vão lembrar de Holocausto, lembrem-se além dos ciganos, os milhares de
homossexuais, testemunhas de Jeová, deficientes físicos, doentes mentais,além
dos mais diversos opositores do regime nazi-fascista, que pereceram nos campos
de extermínio. Lembrem-se não apenas dos alemães e dos italianos, os quais num determinado
período, detiveram a autoria de um regime devastador, lembrem-se dos seus
aliados ideológicos na Croácia, Hungria, Espanha, EUA e Brasil.
E se lembrar é
necessário para que não se repita, então que se internacionalize a data de
todos os genocídios como os ocorridos contra os povos indígenas; o massacre de
1915 contra os armênios; contra os circassianos no Cáucaso,; contra os boers na
África do Sul; e os promovidos nas Filipinas, Namíbia, Nankin, Camboja, Tibet,
Bósnia, Ruanda entre outros vários; teríamos um dia para cada genocídio, o que
não seria mal, talvez lembraria a nós e às nossas crianças, que somos uma
espécie passível de extinção, devemos refletir sobre ela, sobre os nossos
recalques, e sobre a nossa condição, nosso destino.
Tullio S Sartini