terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Os arames em sangue da lembrança.Os Genocidios.



Dia vinte e sete do mês de janeiro, comemora-se o dia internacional das vítimas do Holocausto, o que foi bastante comemorado na Europa e EUA, no Brasil fica meio restrito as comunidades judaicas do país.A nossa América do Sul que foi esconderijo para inúmeros militantes e comprometidos com o regime nazista; já há duas décadas pelo menos, assiste o renascimento de grupos neonazistas, grande parte agregados por 'Skinheads', inclusive aqui no Brasil. Não diferente do que ocorre na Europa, EUA e Israel; onde crescem os grupos de extrema direita, com notórios ideários segregadores; nos EUA a despeito das lutas de igualdade racial, grupos não somente de extrema direita gozam de ampla simpatia, além da tradicional Ku klux Klan que tem respaldo lícito dos governos locais. E Israel? a dita pátria dos judeus, se formou massacrando os árabes que lá viviam há anos, e até hoje os segregam, portanto é um estado genocida. Há seis décadas é lembrado o genocídio dos judeus em campos de concentração, já virou quase um glamour tétrico, decantado em prosa e verso.

Se querem lembrar o que moveu a ideologia nazista, então se perguntem, nos perguntemos, de onde vem a potencial perversão que habita todos nós, que impulsiona atrocidades e fratricídios?

Se vão lembrar o holocausto nazista, lembrem dos milhares de ciganos (''porajmos'') que por serem em sua maioria economicamente ou intelectualmente menos favorecidos que os judeus, eram mortos a queima-roupa em suas coletividades.O Brasil escondeu Josef Mengele, mas a Europa pouco se lembra de Guido e Ina, gêmeos ciganos,que foram costurados pelas costas, artificialmente engendrados como siameses, por aquele atroz cuja a finalidade era o experimento de sua alucinação pseudo-científica. Em Triéste (cidade italiana que por coincidência era a cidade natal de meu pai) havia um pequeno campo chamado Risiera di San Sabba, no qual entre outros perseguidos mantinha prisioneiros ciganos,a maioria crianças e adolescentes, os quais eram deportados para os campos de concentração na Alemanha, Áustria e leste europeu, sempre para fins de experimentos sem fundamento científico, e com muita base na perversão humana. O meu avô, um industrial de certa influência, e que por lucidez deixou o partido fascista, do qual fora membro, foi um dos que denunciou às entidades locais de interesse humanitário, os crimes que ali ocorriam, por este e outros fatos pagaria ele um preço bastante caro. Bom lembrar de dois prelados católicos, Monsenhores Antonio Santin e Clemens August Von Galen, que no alto de suas autoridades institucionais, enfrentaram a autoridade de seus respectivos países, e denunciaram todos esses crimes, de a maneira veemente; digo, bom lembrar, porque hoje assistimos no alto magistério da Igreja, um dos maiores facínoras de nossos dias, que é o Herr Josef Ratzinger, pois é mais fácil ao senso comum, lembrar do que gente como ele faz ou diz, do que recorrer a um estudo mais profundo e saber quem foi por exemplo: os citados Santin e Galen, assim como a atuação de Achille Ratti, Angelo Roncalli, Albino Luciani, Aloísio Lorsheider, Evaristo Arns entre outros, alguns tendo pago com a vida o direito à vida; tendencionismo é uma das principais moléstias da sociedade;menciono tais religiosos, com absoluta isenção, pois, não professo nenhuma religião, nem me apoio em qualquer ideologia unilateral, sou agnóstico por ânsia de liberdade, e ateu por agnosticismo.
Se vão lembrar de Holocausto, lembrem-se além dos ciganos, os milhares de homossexuais, testemunhas de Jeová, deficientes físicos, doentes mentais,além dos mais diversos opositores do regime nazi-fascista, que pereceram nos campos de extermínio. Lembrem-se não apenas dos alemães e dos italianos, os quais num determinado período, detiveram a autoria de um regime devastador, lembrem-se dos seus aliados ideológicos na Croácia, Hungria, Espanha, EUA e Brasil. 

E se lembrar é necessário para que não se repita, então que se internacionalize a data de todos os genocídios como os ocorridos contra os povos indígenas; o massacre de 1915 contra os armênios; contra os circassianos no Cáucaso,; contra os boers na África do Sul; e os promovidos nas Filipinas, Namíbia, Nankin, Camboja, Tibet, Bósnia, Ruanda entre outros vários; teríamos um dia para cada genocídio, o que não seria mal, talvez lembraria a nós e às nossas crianças, que somos uma espécie passível de extinção, devemos refletir sobre ela, sobre os nossos recalques, e sobre a nossa condição, nosso destino.

Tullio S Sartini

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