terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Eram três no maior blábláblá



De Mara Paulina Arruda

Em plena esquina da rua onde moro. Parecia uma briga. Era uma briga. Cada um acusando o outro. Eu te disse, Eu te disse, Eu te disse... O blábláblá seguia num rumo infernal de discórdia. Eu ali só de butuca. Só ouvindo sem poder e nem querer interferir aquele bate-boca por causa de um cavalo que pousou no sereno. Por causa de um cavalo que Batista levou pra casa e disse ser de agora em diante seu. As falas se misturavam em italiano e português. Macacos me mordam isto é um blefe. Ele stchóca tirilada fica pussucando a vizinha enquanto a coisa tem que ser feita. E mais blábláblá. E um deles cãinha que era segurando toda a sua vontade disse: é pura bucha! E andiamo via. Que um vai ter que resolver quem vai pagar as despesas. E Ele disse Ele falou Ele avisou. Até que um começou a correr e o outro ficou se bostiando atrás e desviou no trevinho para não levar uma surra de varinha de marmelo. O que sobrou prometeu, planejou nunca mais com aqueles. Começou a chutar as pedras da rua com raiva do passarinho que cagou na sua cabeça. Ele falou Ele avisou Ele disse. Até altos da noite ele se retratou: cansado e já que ninguém gaba o Zeca grava. Portou-se na forma habitual que um porta-retrato se porta.

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