quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

RENDAS





(Marco Cremasco)

sou a mulher
de mãos calejadas
trago nos dedos
estrelas e desejos

nesta vida rendeira
de idas e vindas
teço trevos e corrupios
de pontos invisíveis

tenho no olhar um laço
alinhavo ligeiro
no meio das nuvens
que tramam o sol

resgato no seio d’alma
a calma de um tesouro
oculto nos olhos turvos
dessa artesã sem repouso

então tateio bilros
- restos de sonhos -
que me fazem rendar
sem nunca me cansar

obs: para as rendeiras e rendeiros (de palavras e de olhares).

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