terça-feira, 22 de janeiro de 2013



Tantas vezes eu desisti
de ti, Poesia!

Des-existi
deixei de ser
a Menina
dos cachos de prata
companheira do vento
e do sonho
vestida de nuvens
de algodão.
Ai, aquele tempo
de ciranda e mãos dadas
o calor da alegria
junto a mim
bem ao lado
e aqui dentro
uma lágrima contente
contava a minha história
Eu não sabia errar
apenas sorria
e amava
cantava com olhos de chuva
a saudade do sol
mas, tudo era festa
tudo hóstia
e celebração
uma canção de vida
que se um dia
teve fim
eu nunca soube
porque vivia-se tanto
que sobrava tão pouco
para se saber...

Hoje eu sei:
a palma daquela Menina
não cabe mais
na minha mão.

Eu me perdi
dela
dentro da máquina
de triturar o tempo
e tento me segurar
no fio daquela oração
- a cantiga de roda
que esqueci a letra
que esqueci a música.

Todo poema é uma intenção
– desesperada
de lembrar

mas, hoje
em especial –
tudo o que eu preciso
é esquecer
que me perdi
lá dentro
da máquina
de triturar o tempo

as pessoas, e
as sementes...

Lou Albergaria

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