terça-feira, 22 de janeiro de 2013

As três pessoas.



De Mara Paulina Arruda

Primeira pessoa:
Eu lia um nome esculpido de uma pessoa numa pedra em frente de uma casa. Uma lápide? Aqui na cidade? Fiquei encucada com isso. Que razões teria uma pessoa para gravar numa pedra o seu nome?

Segunda pessoa:
É costume de quem mora na roça observar o movimento da natureza. E, meu avô tem medo de tirar fotografia por que, para ele, a fotografia pode roubar a sua alma.

Terceira pessoa:

Para uma Pereira acompanhar o ritmo da vida não é tarefa fácil.A árvore floresce flores brancas. As folhas verdes cercam as flores. Quando vêm os frutos a Pereira fica enlouquecida. (Olhemos se ela tem pressa nessa fotografia que aqui faço!) As peras de um tamanho médio carregam os galhos a dobrar e redobrar. A Pereira ergue-se em direção ao céu, pedindo aos deuses que a auxiliem a cuidar dos filhos-frutos que muitas vezes dão espaço para um beija-flor que resolve construir ali, a leveza do seu ninho.

As três pessoas:

A beira do rio Uruguai eu, meu avô e a Pereira viemos confabular a descendência da palavra amor que nem sempre foi escrita assim. Textos arcaicos?

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