quinta-feira, 28 de maio de 2015

O Eu líquido


Nas ruas ando eu e o mundo
Ando só.
Olhos baixos, atentos
à tecnologia comprada,
prazer barato.
O sorriso, outrora vindo de dentro,
agora é exibicionista
fetichistas.
Sete fotos por dia
(uma para cada pecado) –
tua masturbação me enoja.
O fluxo frenético de dados
nos deixa à deriva, livres e perdidos.
Não escapo.
O sabor não mais me apraz
O sol e a a chuva dados a nós
me deixa com cara de merda.
O vento já não traz mais
a facilidade de viver.
Chegar agora de mãos vazias
e me leva a calma embora.
Dão-me um carvão em brasa
mas não sei se seguro
apago-o
solto-o
ou o engulo.

de Gustavo Andreoli

Do Livro "Água". Fonte : Revista Babel




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