sexta-feira, 29 de julho de 2011

Mercadoria desvalorizada

Ali está aquele Zé cabisbaixo, chutando a lata, com a pasta debaixo do braço.A própria imagem do soterrado arrastando as correntes de suas frustrações. Ainda tem faíscas de ideais no fundo de uma conversa torta na hora em que o dia morre para ressuscitar de mascaradas esperanças. O trôpego caminhar do proletário do saber, coisificado em sua ânsia esvaziada de ensinar.Um mero repetidor de clichês e platitudes ; nada além de barro transformado em falácia forrando seu guardapó.

Nas salas desnutridas de significado almas escapistas vagam em suas próprias cavernas enquanto se distraem com os desenhos e os sons de seus próprios ecos sem ter olhos para ver ou ouvidos para escutar o que lhes ameaça o presente perpétuo de seu piso sem consistência, afundam até o pescoço em lodo mas seguem cegos pelas luzes de seus próprios egos.

Enquanto o Zé se dissolve no mar de palavras estéreis, sementes ocas e poeira que se consome em sinais sem sons nem imagens.

O Zé é um clown que ri e chora sob a máscara porque ele ainda não é uma coisa.Talvez.



Wilson Roberto Nogueira

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