Os dentes da madrugada curitibana rangem enquanto uma montanha de panos velhos aproxima-se de um apressado pacato burguês e sua sacolinha de remédios."Uma moeda por favor ".Sem desviar o rosto da estrada deserta, responde:"Lamento,minha última moeda gastei nos meus remédios ".Não perde seu precioso tempo procurando algum rosto entre aqueles trapos ambulantes e levanta o braço mostrando a sacola da farmácia, enquanto com a outra em punho cerrado ,aperta a moeda com a efígie do presidente JK.Passos apressados na escuridão sem o farol dos carros ,passa a andar no meio da rua.Como o tempo pode ser tão longo!
Wilson Roberto Nogueira
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