quinta-feira, 17 de janeiro de 2013




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● a noite sempre chega ●
● ?o q seria de nos se a noite não chegasse ●
● e não houvesse bem mais q essa rua iluminada ●

● esse sol q não descansa essa gente ●
● esse peso nas pernas essas pernas ●
● essa fome essa luz essas doenças ●

● se a noite não chegasse não chegasse mesmo ●
● não sei o q seria de nos ●
● enquanto a cidade dorme a cidade acorda ●

● porq o trabalho esse trabalho nos consome ●
● as palavras nos consomem tudo ●
● por isso jamais chegamos tarde e tudo arde ●
● porq não ha deus não ha deuses nem almas ●
● nem acima nem abaixo nesse ou noutro mundo ●
● e nosso dominio é tão minusculo ●
● e nossa lingua tão sem musculo ●

● ninguem pra nos poupar ●
● vivos ou mortos aos pedaços ou inteiros ●
● ninguem vai nos poupar ●

● mesmo assim em carne viva ●
● todos sem pele se matando sem pele ●
● mesmo assim todos nus em carne viva ●
● todos se movem e se tocam perversamente ●
● porq nada nos contem ou preserva ●
● porisso mesmo dançamos e rimos ●
● sem peles sem nervos em carne viva ●
● ossos assim dessa maneira q se pode ver ●
● nenhum bronze nenhum metal pesado ●
● nem ouro nem prata so essas moedinhas ●
● tanto trabalho tanto suor e essas moedinhas ●

● nem mesmo herois nem semelhantes ●
● assim somos todos nos ●
● cada um por si sem semelhantes ●

● esses corações assim assim fora do peito ●
● como papoulas frias q os passaros bicam ●
● sempre sem companheiros ●

● jamais tempo indigente ou desolado ●
● pois ha sempre em toda carne olho e sexo ●
● todos esses dedos miudos essa torpeza ●
● o deus do vinho esse q não ha e dançamos ●
● com esse corpo em carne viva e rimos e rimos ●
● porq a noite cede e começa a cair de cena ●
● é a hora do trabalho todas as horas do mundo ●
● e os corpos esses corpos se chocam ●
● sempre todos em carne viva ●
● sempre viva demais ●

● ?o q seria de nos ●
● todos sempre assim em carne viva ●
● se a noite não chegasse ● mas a noite sempre chega ●
 
Alberto Lins Caldas

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