quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

EFEMERIDADES





Anoréxicas, inexoráveis,



soluçando segundos milimétricos,



as horas escorrem em números desconexos



por entre os dedos eróticos, incontáveis



da mão do caos em seu casulo histérico;



elas morrem em dias instáveis e nulos



no mar do tempo estéril e sem nexo.



Disfarçadas em luxos e presentes,



as horas escondem latentes surpresas,



como deusas calculistas descontentes,



ressuscitam do abismo temporal,



flertam com o vento perplexo e impotente



para girarem como esféricas quimeras



e como feras fazerem sexo fora das vistas



com o seu escravo, o espaço periférico.



Quando cansadas de intensos giros,



suspiros e disparos do espaço em gozo,



as egoístas horas aparecem turvas ao relento,



mal vestidas de minutos e seus egos



e zombando de muitos instantes híbridos



que pousam impontuais, lúdicos, líricos,



nas curvas das pistas dos hemisférios.



As horas engolem endereços de lembranças



nos mapas dos pretéritos pensamentos



entre distâncias convexas e futuras



nos intervalos que separam os anos, as eras, as ruas



em prazerosas discrepâncias e sentimentos em anexo...



Anunciantes de auroras em programáticos elos,



depois de correrem alucinadas uns poucos metros,



as efêmeras amantes riem-se tensas do espaço e da matéria,



diluem-se em líquidos densos de memórias,orgasmos e seus ecos...



e morrem novamente no mar imenso dos momentos.

Samantha Beduschi Santana

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