sábado, 5 de janeiro de 2013

Tardes derramadas





E nestas tardes suaves, avestruz/

Tanto calor-calor que faz cruz/

Sentinela dos teus/

Amores partidos em tardes quentes/

Horrorosos /

Sibila entredentes marfim e ebúrneos de sonhos derramados/

E cachoeiras disgtantes deságuam em homens e mulheres sedutoras/

O suor escorre das faces/Lateja a testa das moças/

E os homens vestidos sapatos e ternos, sempternamente sectários/

Se agitam e agigantam-se tomando Gim, a tônica/



Prevalece a tarde, morosa, quente, respingante/

O Sol não moureja no Horizonte/

Os pardais confessam panelas de arroz e araras azuis gritam/

É um festival!/

Folhas verdes teimam em não derreter, tremulam em bandeiras nacionais/

Os galhos esféricos levantam-se e riscam o ceu, aproximam-se/

A prece da senhora gorda lambuzada de gordura e sebos/

Escorre dos lábios da menina mais quieta cheirando o doce da panela/

É arroz doce, algodão-doce, batata-doce queimaram nas mãos/

Grudaram nos dentes, empastaram a língua-fel/

E seguiu a tarde quente, sempre quente, nem parou o enterro solene/

A tarde quente sempre quente fermenta/

Insetos hibridizaram as antenas parabólicas/

Em olhar sextavados-circulares, nada oblíquos/



É tarde, é verão, Adamantina.



Kátia Torres Negrisoli

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