sábado, 30 de novembro de 2013
44
Eu tenho todas as raças liquidadas em meu sangue,
Eu tenho todos os povos tombados em meus braços,
Eu tenho o estigma desse tempo,
E tenho o sangue e a terra misturando-se e restaurando-se
In memorian.
Eu tenho as trincheiras nas costas e asas nos pés,
Que me levam a todos os continentes.
Eu tenho em cada olho uma bomba detonada,
E na boca uma granada por explodir.
Eu sou o produto desse tempo discutido em dialética.
Eu sou a hipótese e a síntese matemática dos acontecimentos.
Eu sou a criança metralhada,
Eu sou a angústia da humanidade toda,
Que se desfaz,
Aprendendo a morte,
Dia a dia.
(poema de Nilza Barude , poeta paulista, fez parte da
Catequese Poética e atuou como jornalista em São Paulo e na Bahia. Dirigiu,
criou e apresentou programas na TV. Recebeu título de Cidadã da Cidade de
Salvador e publicou Amor/Ação(1995), Contos &CartasMemórias de um Coração e
Reticências (2011).É também artista plástica. Nilza está na série AS MULHERES
POETAS...Se quiser ler mais, clique no link
Um passeio pelas ruas de Curitiba
Curitiba se veste bem de cinza. O sol, apenas acessório. A
noite, Curitiba é confeccionada de gotículas brilhantes sapecando seu preto
básico. Elegante, suas ruas tem duplo sentido para as meninas de programa do
Passeio Público. As estátuas da Praça 19 de Dezembro, fazem amor nas
entrelinhas da poesia. Os craqueiros atrás da catedral se drogam numa rua sem
saída. Pela Riachuelo, passeio turístico obrigatório, novas fachadas nos
prédios antigos. Cenário com outra roupagem para as mesmas personagens.
Espetáculo trágico: prostituição, drogas, violência, roubos sob as luzes dos
postes que enfileirados iluminam a degradação humana.
Curitiba é envolvida pela névoa. Molhada e seminua sua
sensualidade aflora pelas madrugadas nas velhas calçadas do Largo da Ordem.
Seduzidos, temos o passado a nossa frente, caminhando nos paralelepípedos
escorregamos em sua história.
JDamasio
Pelas frestas da janela seus olhos arregalados corriam pela
rua para contar os poucos carros, três , estacionados para comemorar seu
aniversario e vê-la apagar as noventa velinhas sobre o bolo. Meses depois, uma
fila de carros dobrava a esquina. Olhos fechados. As duas velas acesas a
cabeceira do caixão apagavam insistentemente sopradas pelo vento.
JDamasio
Anos de doutrinação marxista
De acordos com a mente acerca
Da metafísica e de seu útero movediço
A diluição do sujeito, o virtual incorporando o real
desdobrando um novo modo de produção existencial e o corpo cibernético
A opressão dos dispositivos a opressão corporativa,
A humanidade e a falta de humanidade os direitos humanos e
toda a necessidade de se preocupar com os direitos humanos e com os deveres
humanos
A fome e seus diversos reflexos a fome se alimentando de
carne humana
As guerras e suas sequelas ironicamente pacíficas
As doenças sexualmente transmissíveis vírus bactérias e todo
medo residente na possibilidade de armas biologicas
Tudo isso
Eu disse
TUDO isso
Não irá me impedir
De escrever
Um poema
Pra você
Somente
Pra você
E mais nada
Alexandre frança
A Serenata
Uma noite de lua pálida e gerânios
ele viria com boca e mãos incríveis
tocar flauta no jardim
Estou no começo do meu desespero
e só vejo dois caminhos:ou viro doida ou santa.
Eu que rejeito e exprobro
o que não for natural como sangue e veias
descubro que estou chorando todo dia,
os cabelos entristecidos,
a pele assaltada de indecisão.
Quando ele vier, porque é certo que vem,
de que modo vou chegar ao balcão sem juventude?
A lua, os gerânios e ele serão os mesmos
— só a mulher entre as coisas envelhece.
De que modo vou abrir a janela, se não for doida?
Como a fecharei, se não for santa?
Adélia Prado/
Ao vê-la ali na sala se deu conta que nunca fora um homem
romântico nos gestos, menos ainda com as palavras. Saiu discreto, voltou com
uma rosa vermelha. Entrou em casa tímido. Aproximou-se da esposa de longos
anos, balbuciando sua confissão: “Eu te amo” Colocou a flor entre as mãos a
amada e chorou sobre o caixão.
JDamasio
A Deus : Curitiba
6 de setembro de 2011 às 22:08
Te entrego a Deus Curitiba
Cidade que sempre nos pariu
Pra dentro
Que sempre fez vista grossa
E um olhar sonolento
De todos tão iguais e todos
Separados cruelmente
Do olhar longe de
E a resposta gemendo em silêncio
Não fale com estranhos
Mas por favor
não se assuste no espelho
Acho que já faz tempo que o outro
Não te consegue mostrar você mesmo
Aqui aprendo a morrer e peço
Não me mostre vida em polvorosa
Porque eu verso sobre ficar na minha
Só pra não sair de moda.
Julio Urrutiaga Almada
Do Livro De Olho:Embriagado
Derramando em meu estômago o líquido negro o líquido doce
caramelo-cafeína, deitando nas valas de respiro ofegante da noite, me atirando
de varandas e olhando o solo duro da queda - calo em meus dentes a frase
"estou de volta" e misturo vodka à caixa d'água do prédio onde vejo
escrito na fachada "funcionamento do universo". As fumaças, as
sirenes e os clitóris do corpo carnudo da noite em meu rosto sujando o meu
rosto untando a pele de angústia - obsessão. "Estou de volta", falo
mastigando para mim, derramando o falso glamour de um cigarro mal cheiroso no
pulmão - tusso e escarro - um cigarro, fruto da vaidade languida de sucumbir as
tentações as tentações rotineiras, a língua sangrenta da falta de perspectiva -
"estou de volta", falo peidando e arrotando as bebidas que agora me
engolem. "Estou de volta" e o que me resta é escrever feito o louco
que fui nas noites de fogo da velha Curitiba de guerra - agora, o espaço é
maior - devo lidar com toda esta falta de centro
- estou de volta sim
para não mais me
reconhecer.
Alexandre França
Dei para cair no Walmart, acho que não vou mais lá. Três
quedas nos últimos meses. Outro dia alguém quebrou uma garrafa de Cidra e eu
não vi o chão molhado e cacos ao redor, um pouco atrasada queria ir preparar o
almoço do filho _ era domingo _ escorreguei e cai entre cacos pontiagudos. Por
ter uma proteção do céu, nem me arranhei. Só ganhei uma marca roxa na perna
esquerda que entrou com tudo embaixo da prateleira. Cair é uma coisa horrível.
Hoje cai de novo, no Walmart. Estou com a cabeça estourando de dor e uma
sensação estranha que é quase dor no rim direito. Veja só, posso morrer só de
sair para ir ao Supermercado. Hoje, um moço saiu do carro e veio me ajudar ali
na entrada. Ele disse _ troque o sapato _ como assim? Eu vou à padaria,
açougue, mercaria, café, restaurante, todas as lojas da região. E nunca cai por
estar usando este sapato. Eu vou ao centro, eu ando pela cidade, devagar, mas,
ando... E não caio. Eu só caio ali, que tem pisos horríveis que vivem molhados.
Então, lembrei meu amigo Clifton dizendo que eu devia comprar uma bengala. Sim,
quem sabe. Uma bengala e os cabelos sem tingir, pronto _ A senhora veste seus
quase sessenta anos de fragilidade e saúde abalada. Só espero não ter que
decepar meu pé direito, como Frida Kahlo, pois estou assim desde 2007 com o pé
direito detonado e sentindo dor na sola, caindo em lugares públicos. Ave! Mas,
agrada-me a ideia da bengala. E quem sabe quando andar de ônibus vão ceder o
lugar, e não caio mais no Supermercado. E fico com ar de escritora de romances
de mistério. Vou comprar a bengala.
Bárbara Lia
Pelas frestas da janela seus olhos arregalados corriam pela
rua para contar os poucos carros, três , estacionados para comemorar seu
aniversario e vê-la apagar as noventa velinhas sobre o bolo. Meses depois, uma
fila de carros dobrava a esquina. Olhos fechados. As duas velas acesas a
cabeceira do caixão apagavam insistentemente sopradas pelo vento.
DO QUE EU NÃO SEI MAS DEVERIA
se nada sabes do amor
bem melhor então que cales
só minúcias dessa flor
livram pétalas dos caules
como dizer o que sinto
se o que sinto me amordaça
e um barril de vinho tinto
dá-me um porre que não passa?
mil imagens na cabeça
e aos carinhos mais me furto
se não sinto que os mereça
o meu corpo entra em surto
fui à caça de uma acácia
quis meu verso perfumar
paguei caro pela audácia
naufraguei sem ver o mar
as palavras não têm casco
nem as velas nem os mastros
muito menos sou um Vasco*
que navega sob os astros
mas, no abismo, estou em casa
ancorado em meu dilema
se o amor me tira a asa
para o voo eu tenho a pena
antonio thadeu wojciechowski
*Navegador Vasco da Gama
Coração de mulher é sobrevivente de guerra. Enfrenta o perigo
e esgarça como tecido fino, não é à prova de nada, derrete, mas deflagra sempre
uma bandeira de paz.
Como não vivo sem paixão, a fada dos mosaicos ensinou-me a
colar caquinhos. Assim, trago no peito uma obra de arte ou, em outras palavras,
um coração vermelho, maduro, cheio de lembranças, climas, paisagens, cortes,
suturas, quinas, saudades e que permanece quase, quase inteiro.
(Célia Musilli, fragmento de "Fala Coração" in
Todas as Mulheres em Mim/ 2010)
Navegar...
O sol...
o partilhar
de luz,
são ecos...
deixo-me
exposto.
O rosto
ganha brilho.
O corpo
faz-se porto.
A alma,
faz-se mar.
Vou navegar...
josemir(aolongo...)
Borboletas
Borboletas me convidaram a elas.
O privilégio insetal de ser uma borboleta me atraiu.
Por certo eu iria ter uma visão diferente dos homens e das
coisas.
Eu imaginava que o mundo visto de uma borboleta seria, com
certeza,
um mundo livre aos poemas.
Daquele ponto de vista:
Vi que as árvores são mais competentes em auroras do que os
homens.
Vi que as tardes são mais aproveitadas pelas garças do que
pelos
homens.
Vi que as águas têm mais qualidade para a paz do que os
homens.
Vi que as andorinhas sabem mais das chuvas do que os
cientistas.
Poderia narrar muitas coisas ainda que pude ver do ponto de
vista de
uma borboleta.
Ali até o meu fascínio era azul.
- Manoel de Barros, em "Ensaios fotográficos", Rio
de Janeiro: Record, 2000.
ESTILO DE LA BOCA
Estilo da boca é um poema que escrevi para a querida
Jardelina da Silva (fotos). Abaixo, em tradução de Víctor Sosa, da edição
mexicana do meu livro Corpo sutil que sairá em 2014.
ESTILO DE LA BOCA
Para Jardelina da Silva
1.
está viva la letra...
en el rastro del enigma
mira de nuevo
(mi madre leía el libro de la tierra
y todo lo que hago es por eso)
huellas juveniles
en la húmeda floresta
2.
la luna blanca intercepta
reflejos
(soy el rabo y ellos no pueden conmigo
(cargo el mundo entero)
en la dorada arpa
del ángel desnudo
3.
clonado
sobre el filo del lago
(jardelina salvó el mundo,
desencantó a la laguna)
sobre
carpas en alborozo
4.
en el blanco del caos
en el culo de una estrella candente
(ja ja ja ja ja ja
ja ja ja ja ja ja ja)
en la primer risa
después del humano
5.
después del mono
antes de la hiena
(porque el primer indio es el chamán
¿ya lo sabías?)
el primero, después
del ni fin ni comienzo
6.
en el pasaje
en el envés del paisaje
(entré dentro de los quintos infiernos
pero todo lo que hablo es el planeta)
mira para dentro
mira para fuera
7.
Mira con la espalda
del globo ocular
(todo lo que hablo sale en un afirmado
olvidé el estilo de la boca)
deja la vieja poesía
atrás
8.
(Mi madre leía el Libro de la Tierra:
“Esa gitana, ella usa carmín,
ella usa todo lo que es tintura
y nunca deja la moda de ella,
y no acompaña la moda de nadie,
la moda de ella sólo ella la hace.”
¿cómo iba a saber que era yo?)
Me perguntam se eu acredito em cura pela poesia. Respondo, sem o fazer
diretamente, que desconheço processo de cura que não passe pela palavra - ou,
antes, pela voz que profere a palavra que tem poder. Mas você já curou alguém
com sua poesia?, insistem. Digo, entre constrangido e intrigado com a pergunta,
que prefiro não responder, me sentindo curado, quando menos, da antiga mania de
dizer que, sim, já me curei de mim mesmo, do sujeito pretensioso que eu era
quando - por conta das minhas pesquisas no campo da performance -comecei a me
interessar pelas técnicas do sagrado, há coisa de uns vinte anos. A pessoa que
mora dentro da minha pessoa sabe que nem desse tipo de vaidade eu me curei
ainda.
Ricardo Aleixo
O teatro, o circo e eu
"uma das imagens mais completas da estranha
representação da vida, do estranho destino do homem sobre a terra. O
Dono-do-Circo é Deus. A arena, com seus cenários de madeira, cola e papel
pintado, é o palco do mundo, e ali desfilam os rebanhos de cavalos e outros
bichos, entre os quais ressalta o cortejo do rebanho humano – os reis, atores
trágicos, dançarinas, mágicos, palhaços e saltimbancos que somos nós."
- Ariano Suassuna em "O teatro, o circo e eu" -
Almanaque Armorial. Rio de Janeiro: José Olympio, 2008, p. 209 - 210.
http://www.elfikurten.com.br/2013/09/ariano-suassuna.html
“Para entender nós temos dois caminhos:
[o da sensibilidade que é o entendimento
do corpo;
e o da inteligência que é o entendimento
do espírito.
Eu escrevo com o corpo.
Poesia não é para compreender,
[mas para incorporar.
Entender é parede; procure ser árvore.”
- Manoel de Barros, do livro "Gramática expositiva do
chão: poesia quase toda". Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1990, p.
212.
Velhice
vai perdendo o humor
vai perdendo a beleza
vai perdendo o tesão
vai perdendo os amigos
vai perdendo a paciência
vai perdendo a memória
vai perdendo a visão
vai perdendo os dentes
vai perdendo os cabelos
vai perdendo tempo
vai perdendo-se
vai perdendo
vai
Gil Jorge
*sabe quando tu toma uma opinião interna como projeção de
sua ação e encontra aquela massa coletiva insurgente te dizendo: tua liberdade
termina onde começa a minha. e tu continua e diz: liberdade não tem começo nem
fim? pois pois. estou neste momento. "faz o que tu queres. há de ser tudo
da lei."
*"agora sabes que sou verme"
Andréia Carvalho Gavita
Vocabulário de Recife
Abotoar – ATACAR
Desabotoar – DESATACAR
Colar (em prova)- FILAR
Oi! – QUE É QUE HÁ?
Tchau! – ATÉ MAIS!
Tudo de bom! – FELICIDADE!
Beijo! – CHEIRO!(também na Bahia)
Dar a volta – ARRODEAR
Infernizar – APERREAR
Bagunçar – TRELAR
Uma pessoa sabida – UMA DANADA!
Sentir medo – TORAR
Mão de vaca – PIRANGUEIRO
Muito bom – TAMPA
Quiosque – FITEIRO
Latoeiro p/ desamassar carros - LANTERNAGEM
Gay – FRANGO (Não pedir 2 Kg de frango no supermercado
nunca, ele riem)
Bobão- tabacudo
Botão- pitoco
Fazer gozação- MANGAR
Rabo de cavalo- Pitó
Recifense via Jussara Salazar e Raimundo de Moraes
“Serás tudo para mim: mulher, amante, amiga e companheira.
Sim, querida, hás de ajudar-me, a escrever os nossos livros. Não só passarás à
máquina que eu escrever, como poderás auxiliar-me muito. Tu mesma não sabes o
que vales. Eu sei, e sempre disse, que tens extraordinário gosto, para julgar
coisas escritas. Muito bom gosto e bom senso crítico. Serás, além de
inspiradora, uma colaboradora valiosa, apesar ou talvez mesmo por não teres
pretensões de ‘literata pedante'. E estaremos sempre juntos, leremos juntos,
passearemos juntos, nos divertiremos juntos, envelheceremos juntos, morreremos
juntos."
- Guimarães Rosa [6/11/1946].
sexta-feira, 29 de novembro de 2013
O CAMINHO
Não é medo de chegar sozinha:
é medo de não chegar.
Não é angústia de saber longa a estrada:
é de não saber escolher entre todas
a verdadeira.
Oh! Meu segredo inviolável!
O longo mapa a percorrer!
Quantas vezes penso ter chegado à paz
e é apenas uma encruzilhada.
(poema de Reni Cardoso, 1945-2008, poeta paulista, atriz,
professora, pesquisadora e tradutora. Também integrou o movimento Catequese
Poética nos anos 60. Fez mestrado e doutorado na USP e destacou-se como grande
especialista em teatro russo. Reni também está na série AS MULHERES POETAS...
Se quiser ler mais, clique no link http://www.rubensjardim.com/blog.php?idb=39792
100 ANOS DE ALBERT CAMUS
"A consciência do absurdo é pensada por Camus como o
oposto da filosofia socrática. Ela não deve ensinar os homens a morrer, mas a
viver. Ela não conduz a nenhuma forma de consolo, mas repelindo a servidão,
gera um estado de permanente revolta. Ela não se assenta em nenhuma moral de
renúncia, de resignação, mas numa 'paixão do absurdo', sob a qual tudo é
permitido."
Ricardo Musse comenta o romance 'O estrangeiro', no Blog da
Boitempo: "Contra a moral, a religião e a filosofia" - http://wp.me/pB9tZ-27b
Homens e Caranguejos
“Cedo me dei conta
deste estranho mimetismo: os homens se assemelhando, em tudo, aos caranguejos,
arrastando-se, agachando-se como caranguejos para poderem sobreviver. Parados
com os caranguejos na beira d’água ou caminhando para trás como caminham os
caranguejos”
- Josué de Castro
“O problema difícil é
criar valores. O homem se justifica pelos valores que tem. A sociedade se
aglutina a partir da comunidade de valores. Numa sociedade determinada se criam
valores novos e isso é um mistério para nós. Vejamos no plano da estética. Há
períodos de criação de valores, como foi o século de Péricles, o século de
Leonardo. Períodos em que a humanidade cria valores excepcionais, estéticos, e
há outros longos períodos em que ela não cria quase nada. Isso nos escapa, mas
nos mostra que potencialmente o homem é capaz de fazer tais coisas. Nada indica
que ele tenha perdido a faculdade de criar novos valores, abrir novos
horizontes, criar uma civilização nova.”
- Celso
Furtado
fragmento
a vida como é que finda
-por candeia e por cartola-
pelas ladeiras de olinda?"
romério rômulo
POEMA PARA ACORDAR A MIL
pule da cama
imaginando um recorde
em salto de alta dificuldade
sob o chuveiro
nade água acima
até levar um choque de realidade
depois respire fundo
e ao abrir a janela
festeje a descoberta do novo mundo
tome um café forte e quente
e saia pintando o sete
o oito o nove o dez infinitamente
está mais que claro
ser feliz não custa nada
só o infeliz paga caro
A Morte da Tragédia
"Em alguma vila obscura da Polônia central, havia uma
pequena sinagoga. Certa noite, o rabino entrou e flagrou Deus sentado num canto
escuro. Ele viu Seu rosto e gritou: 'Senhor Deus, o que vós fazeis aqui?' Deus
respondeu-lhe com uma voz miúda, que não vinha nem de um trovão, nem de um
redemoinho: 'Estou cansado, rabino, estou morto de tão cansado'."
(Parábola medieval judaica recontada por George Steiner em
"A Morte da Tragédia")
Ade Scndlr
fragmento
vou traduzir-te toda em anacoluto
e revelar-te ao mundo em ampersand
como se faz na razão do ferro bruto."
romério rômulo
quinta-feira, 28 de novembro de 2013
INTUIÇÃO
não matarão o amor
jamais
em tempo algum
mesmo que não tenham onde o pôr
e anunciem sua morte nos jornais
ou nas lentes em milimétrico zoom
não matarão o amor
a tiro
faca
porrada
nem com todo o sexo
todo nexo
toda grana
toda trama
não matarão o amor
com masmorras
casamatas
torturas
não
não matarão!
eu ainda amo
o dia a dia
a ousadia
o convívio
o livro
que me quer vivo
amo minha família
curitiba
a arte
o estudo
a poesia
e não há outra saída!
antonio thadeu wojciechowski
parece que o flamengo venceu uma jogo qualquer, e a situação
econômica do brasil é a melhor possível, teremos copa , e o rio de janeiro
continua PODRE! não, está ótimo, tem um dos melhores índices de eqüidade social
do país, e digo com absoluta certeza, um dos lugares mais devastados do
planeta, não, erro meu; apenas lhes digo:o Rio de Janeiro tem uma rede de televisão
que esnoba a ignorância do populacho coitados....,- que assim são e gostam de
ser; sim, o futebol ''alegria do povo'' e o itacarerão está lindamente desabado
para o povo, então eu quero que se foda o povo! e viva a alienação !salve o
governo! comam a merda que aduba seus gramados!
em uma cidade chamada teresópolis [que até hoje sofre sérias
conseqüências de uma catástrofe] algumas pessoas se reúnem em frente à
prefeitura, reivindicando direitos, mas os bares se aglomeram de povo que quer
ver o mengão jogar. sim, o mengão pode ter vencido, mas o custo da passagem é
baixíssimo na cidade,o I.D. H local está cada vez melhor, e possivelmente nem
enchentes haverão mais, afinal deus é brasileiro, o que houve foi uma provação
soterrada em bairros, onde jazem alguns elementos do ecossistema.
ah, talvez hão de me perguntar do menino anônimo eternizado
por mim no face_bock, através da foto de Farkas, e do goleiro que fui dos 14
aos 16 anos, do rugbier que também fui, e não pude prosseguir.dirão que sou um
''frustrado'' - Que se DANEM! já disse e reitero sou do time '' tô cagando e
andando!'', sou quem sou porque continuo goleiro diante do mundo, havendo em
mim o scrum-half a cada milionésimo do segundo que existo sem precisar de um
deus ou de uma bola.
T.S.
quarta-feira, 27 de novembro de 2013
O menino no Espelho
"O homem disse que tinha de ir embora – antes queria me
ensinar uma coisa muito importante:
- Você quer conhecer o segredo de ser um menino feliz para o
resto de sua vida?
- Quero – respondi.
O segredo se resume em três palavras, que ele pronunciou com
intensidade, mãos nos meus ombros e olhos nos meus olhos: - Pense nos
outros."
- Fernando Sabino
Roberta Tostes Daniel
Todas as casas me violaram.
Deponho elementos ao andar.
O tempo é de desamparo, chão de rodas;
patas e estradas são flores que não vicejam.
Mas ando como se me encaminhasse ao paraíso.
Aos meus pés, a vertigem dos seixos,
a aura afogada dos rios.
O ninhal dos ventos consuma seu voo
desfazendo as minhas pegadas.
Na terra em que não piso,
quero construir minha morada.
(2012)
Espera
A vida se compara a uma constante espera
Traçar metas, trilhar caminhos
Alcançar objetivos
Exigir de nós mesmos algo
Que muitas vezes é ilusório
Mas que nem sempre temos certeza< /span>
Um sonho pode se concretizar
Mas nos demanda cautela, abstinação
O fato de não se concretizar algo
Não faz de nós seres propensos ao negativismo
Pois além de seres capazes, somos sem dúvida
Pessoas demasiadamente aptas a buscar a realização
Buscar inovação
E livres para tentar novamente
Numa inexplicável conduta
De equilíbrio e auto controle
Dentro de nós existem medos
Frustrações, inseguranças
Mas todos esses sentimentos
Podem ser censurados
Por nós mesmos
Desde que haja confiança,
Fé e perseverança
Esperamos alcançar
Esperamos reavivar
Esperamos tudo aquilo
Que em nós ainda está
Por vir
Força e determinação
Fatores da longa espera
Mas nunca do fracasso
Mesmo que o novo
Seja amedrontador
A espera e a realização
De certo nos fará
Plenos da busca
Espera sentimento valioso
Para a efetivação de nossos atos.
Ana Paula Peixoto Fernandes
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