quarta-feira, 27 de novembro de 2013

passei o dia pensando _ sol. lembrando a espargida aura de luz de um homem e de como o ar se transforma com a chegada dele, e simplesmente cai, raio de beleza em algum lugar... passei o dia pensando luz, e ligando-o em fios invisíveis à estria de luz daqueles raios, uma vez ele sentou-se ao meu lado e meu coração aqueceu, como em um fogo brando e nunca antes na vida um coração entrou dentro do meu com calor vivo, físico, siderado, de luz que não queima, mas, cura, como curam as canções dos xamãs e o olhar dos anjos... o olhar sarcástico de anjo que brinca e sabe que aquela beleza de fundo de oceano pode sugar o que quiser para dentro de sua alma... ele pode tirar qualquer alma para dançar, então, posso dançar com ele, eu que fui tolhida da asa direita da liberdade de ser quem dança, sem amarras... dançar com sua alma, quiçá, que leveza deve ser a dança das almas... eu o trago comigo por longas primaveras, eu trago uma estátua nítida, ele que pode ser furacão, pode ser também silêncio, e recolho o passado silencioso de um menino, e todo meu amor ao silêncio talvez fosse apenas o desejo de voltar ao silêncio transfigurado... e pensei sol, pensei sol o dia inteiro, pensei novo dia, novo tempo, outro lugar para chá de maçãs e risos, outro momento pra implorar perdoa-me por ser poeta e espantar a simples verdade de que o amor não é um verbo e o desejo não se soletra... perdoa a minha poesia que te levou daqui, de dentro do meu coração campo de flores, deita teu sol em uma pétala, aninha a solar figura entre meus seios, ouça meu coração, e descubra a poesia da vida, desta única que eu tenho... eu sou tua, conto isto aos elementais, conto isto à lua quando ela me visita na nesga mínima da janela do quarto e conto isto a mim mesma todo dia, para espantar tudo que não é você... então eu sonhei e pensei sol o dia inteiro, e o sono só chegou na madrugada e você entrou no meu sonho com o silêncio antigo, e atravessou uma platéia pequena de um teatro pequeno e ignorou o palco e as pessoas, meu olhar te acompanhou embevecida, e alguém sussurrou que teu nome era Élio, assim, sem H, e eu pensei _ só tinha que ser _ Élio, Hélius... a personificação do sol, então eu sorri... em seguida, acordei e fiquei triste, queria seguir teus passos dentro daquele sonho, para onde você fosse, queria que _ displicente _ deixasses cair tua mão, eu a tomaria, jamais a soltaria, ia seguir mãos dadas com o sol, élio, você, que sabe que eu gosto de te chamar com aquelas quatro pequeninas letras mantras que eu amo...


Bárbara Lia para o _ segundo sol...

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