quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Há um tempo atrás eu tive um pensamento: Os médicos sem fronteira, os ativistas do Greenpeace Brasil e estas garotas do Pussy Riot, os verdadeiros ativistas desta nossa quase-primavera de junho, estes são os Poetas do nosso tempo. Perdoem se nada mais me anima. Se não alço meu grito ao lado de quem quer que seja. Não estamos mais embebidos do Humano. A Literatura está insonsa e pobre. Não há mais o enleamento do verbo com o desejo de alçar vôos, ter coragem de dizer e custe o que custar _ dizer. Dizer quem somos, o que queremos. Então vejo mais Poesia nos que querem um mundo melhor _ dentro da nossa verdade histórica _ que aqueles que se debruçam sobre catedrais de palavras. Um Poeta precisa dizer e cantar seu tempo, neste canto embalar a multidão... Não sou boa em nada que não seja o meu casulo. Falho na luta por _ uma humanidade melhor _ talvez esteja apenas burilando momentos de enleio com a essência fêmea. Mas, sou muito mais que uma fêmea que ama e cria os seus rebentos e em alguns dias não tem força pra seguir girando a manivela da vida. Veja _ Há esperança sob o Sol. E este Sol é o Sol do mundo, não mais o sol (homem) que amo. É o sol que cobre Damasco e cobre também o Ártico. As crianças morrem de desnutrição _ Ainda! E tudo fica pequeno, o poema, o caminho, as lutas... Amo andar pelas ruas e sair pela cidade, pois no caminho eu contemplo as crianças e recebo olhares. Algo elas veem em minha carcaça antiga, velha, cansada, quase demolida. E a cada sorriso arrancado eu me alimento e penso _ Vejam, nada tenho para vocês além de escusas _ Não sei se fiz o necessário para deixar um mundo melhor e a criança que mais amo no Planeta, meu neto, sempre me alerta quando vê meus cabelos brancos: _ Você tá velha... e desanda a falar de morte... Tenho desejos de ser branca como a neve, mas, isto faz meu neto lembrar que breve vou morrer... Então, eu penso que não podemos entristecer as crianças, que elas precisam acreditar, sorrir aos caminhantes e herdar um mundo melhor e esta é a utopia, esta é a luta destes poetas em carne viva, que não escrevem poesia, mas, transformam em poemas seus corpos, e viram vida, flores, palavras, hosanas, lágrimas e toda esperança. Vou parar de escrever Poesia para deixar um mundo melhor para os que estão chegando... O pouco de palavra-pão que eu deixar é a expressão mais sincera da minha essência, mas, a carne não se alimenta apenas da utopia, é preciso casa, comida, carinho... muito amor, arroz e feijão.


Bárbara Lia 

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