Há um tempo atrás eu tive um pensamento: Os médicos sem
fronteira, os ativistas do Greenpeace Brasil e estas garotas do Pussy Riot, os
verdadeiros ativistas desta nossa quase-primavera de junho, estes são os Poetas
do nosso tempo. Perdoem se nada mais me anima. Se não alço meu grito ao lado de
quem quer que seja. Não estamos mais embebidos do Humano. A Literatura está
insonsa e pobre. Não há mais o enleamento do verbo com o desejo de alçar vôos,
ter coragem de dizer e custe o que custar _ dizer. Dizer quem somos, o que
queremos. Então vejo mais Poesia nos que querem um mundo melhor _ dentro da
nossa verdade histórica _ que aqueles que se debruçam sobre catedrais de
palavras. Um Poeta precisa dizer e cantar seu tempo, neste canto embalar a
multidão... Não sou boa em nada que não seja o meu casulo. Falho na luta por _
uma humanidade melhor _ talvez esteja apenas burilando momentos de enleio com a
essência fêmea. Mas, sou muito mais que uma fêmea que ama e cria os seus
rebentos e em alguns dias não tem força pra seguir girando a manivela da vida.
Veja _ Há esperança sob o Sol. E este Sol é o Sol do mundo, não mais o sol
(homem) que amo. É o sol que cobre Damasco e cobre também o Ártico. As crianças
morrem de desnutrição _ Ainda! E tudo fica pequeno, o poema, o caminho, as
lutas... Amo andar pelas ruas e sair pela cidade, pois no caminho eu contemplo
as crianças e recebo olhares. Algo elas veem em minha carcaça antiga, velha,
cansada, quase demolida. E a cada sorriso arrancado eu me alimento e penso _
Vejam, nada tenho para vocês além de escusas _ Não sei se fiz o necessário para
deixar um mundo melhor e a criança que mais amo no Planeta, meu neto, sempre me
alerta quando vê meus cabelos brancos: _ Você tá velha... e desanda a falar de
morte... Tenho desejos de ser branca como a neve, mas, isto faz meu neto
lembrar que breve vou morrer... Então, eu penso que não podemos entristecer as
crianças, que elas precisam acreditar, sorrir aos caminhantes e herdar um mundo
melhor e esta é a utopia, esta é a luta destes poetas em carne viva, que não
escrevem poesia, mas, transformam em poemas seus corpos, e viram vida, flores,
palavras, hosanas, lágrimas e toda esperança. Vou parar de escrever Poesia para
deixar um mundo melhor para os que estão chegando... O pouco de palavra-pão que
eu deixar é a expressão mais sincera da minha essência, mas, a carne não se
alimenta apenas da utopia, é preciso casa, comida, carinho... muito amor, arroz
e feijão.
Bárbara Lia
Nenhum comentário:
Postar um comentário