sábado, 30 de novembro de 2013


Derramando em meu estômago o líquido negro o líquido doce caramelo-cafeína, deitando nas valas de respiro ofegante da noite, me atirando de varandas e olhando o solo duro da queda - calo em meus dentes a frase "estou de volta" e misturo vodka à caixa d'água do prédio onde vejo escrito na fachada "funcionamento do universo". As fumaças, as sirenes e os clitóris do corpo carnudo da noite em meu rosto sujando o meu rosto untando a pele de angústia - obsessão. "Estou de volta", falo mastigando para mim, derramando o falso glamour de um cigarro mal cheiroso no pulmão - tusso e escarro - um cigarro, fruto da vaidade languida de sucumbir as tentações as tentações rotineiras, a língua sangrenta da falta de perspectiva - "estou de volta", falo peidando e arrotando as bebidas que agora me engolem. "Estou de volta" e o que me resta é escrever feito o louco que fui nas noites de fogo da velha Curitiba de guerra - agora, o espaço é maior - devo lidar com toda esta falta de centro
- estou de volta sim
para não mais me

reconhecer.

Alexandre França

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