Derramando em meu estômago o líquido negro o líquido doce
caramelo-cafeína, deitando nas valas de respiro ofegante da noite, me atirando
de varandas e olhando o solo duro da queda - calo em meus dentes a frase
"estou de volta" e misturo vodka à caixa d'água do prédio onde vejo
escrito na fachada "funcionamento do universo". As fumaças, as
sirenes e os clitóris do corpo carnudo da noite em meu rosto sujando o meu
rosto untando a pele de angústia - obsessão. "Estou de volta", falo
mastigando para mim, derramando o falso glamour de um cigarro mal cheiroso no
pulmão - tusso e escarro - um cigarro, fruto da vaidade languida de sucumbir as
tentações as tentações rotineiras, a língua sangrenta da falta de perspectiva -
"estou de volta", falo peidando e arrotando as bebidas que agora me
engolem. "Estou de volta" e o que me resta é escrever feito o louco
que fui nas noites de fogo da velha Curitiba de guerra - agora, o espaço é
maior - devo lidar com toda esta falta de centro
- estou de volta sim
para não mais me
reconhecer.
Alexandre França
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