terça-feira, 7 de abril de 2015

ASCENSÃO E QUEDA DO DIÁLOGO

Paulo Bentancur

Um homem liga a tevê, o rádio, escuta o vozerio da rua.
Esse homem veste roupas que não combinam.
Aperta as mãos, sorri, goza o frio enervante da dúvida
em saber qualquer coisa que o conduza para algo
que se possa chamar de um lugar.
Nem precisa ser um destino.
Um homem que não conhecemos e que, cansado de si,
entende e aceita que não o verem não significa o fim
nem o começo de uma história, e portanto ele pode
continuar desse jeito, tevê, rádio e rua gritando
e ele nem aí, falando também, ao mesmo tempo,
sem que os outros escutem, imitando sua surdez.
Um homem que parece tudo, menos mudo – como tudo.
Que engole ávido a alheia mudez e a tomar conta do fluxo
de ruídos que explodem contra o silêncio faminto.


Um comentário:

Anderson Carlos Maciel disse...

Se a patrulha psicanalítica não ler o blog estaremos gozando de relativa liberdade.

Escrever e ficar em silência é boa catarse. Preciso aplicar melhor. Arremetidas megalômanas por horizontes que não entendem a linguagem dura e rígida de uma literatura experiente e consolidada em panorama estético afim em uma Elite intelectual da palavra, não verteriam resultados em matéria de liberdade do gozo artístico.

Liberdade, amor universal e consciência cósmica de um novo amanhã da palavra redentora. Palavra viva e homens entediados. Mulheres na cozinha ideológica! Para manter as raízes e saberem quem são. Homens continuem no bate-bola conceitual rígido e sólido portando angústias menos ideativas, apenas com o tamanho da vaidade. Não considerem angústias interpretativas recorrentemente, acabam torrando o resto de farinha literária no nariz metafórico de embasbacadas pirâmides demográficas televisivas em analogia do bom-gosto literário.