segunda-feira, 28 de março de 2016

MERGULHO
Cansada de voos rasos
melhor o mundo profundo
qual lasca de abismos,
primata, profano...
superficial demais
dizem meus olhos,
arte sem pausa e final,
prega meu deus
enquanto isso, na alça
do tempo, o mundo
poeira, na queima do
dia total e moderna
é a idade do silêncio
que sem nós, me desata
:
a cova é livre,
e a vida é só de subidas
Carmen Silvia Presotto – Vidráguas!
SÍMBOLOS DE DESEJO
eu olhei a mão de Neruda,
escrever na areia um poema
para as ondas levarem aos peixes
a frágil passagem da vida
em palavras que desaparecem
eu bebi o licor de ameixa
o chá de gengibre de Picasso/
doente onde a alegria negra
era o insumo do fogo curando/
o corpo agarrado ao inferno de Dante...
eu senti o desespero de Hemingway/
ao disparar aquela bala em riste
com a solidão silenciosa das idades
fomos os primeiros à cumprir o tempo
na loucura distante/
das fugas sem fôlego dos poentes...
nós podemos ainda perscutar o sonho
de Woodstock/
voar com o vento nos cabelos
das luas ultrapassar todos os limites/
as constelações resvalando no capô
de nossas almas bólidos no abismo
de um poema com várias asas de Rimbaud...

Adilson Alchuiy.

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