quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
Esperança
Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...
Mário Quintana
Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...
Mário Quintana
Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.
Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.
E cravam-se no Tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.
De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.
Manuel Alegre
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.
Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.
E cravam-se no Tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.
De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.
Manuel Alegre
‘Frutos’
Frutos, dão-os as árvores que vivem,
Não a iludida mente, que só se orna
Das flores lívidas Do íntimo abismo.
Quantos reinos nos seres e nas cousas
Te não talhaste imaginário!
Quantos,
Com a charrua, Sonhos, cidades!
Ah, não consegues contra o adverso muito
Criar mais que propósitos frustrados!
Abdica e sê Rei de ti mesmo.
Ricardo Reis
Frutos, dão-os as árvores que vivem,
Não a iludida mente, que só se orna
Das flores lívidas Do íntimo abismo.
Quantos reinos nos seres e nas cousas
Te não talhaste imaginário!
Quantos,
Com a charrua, Sonhos, cidades!
Ah, não consegues contra o adverso muito
Criar mais que propósitos frustrados!
Abdica e sê Rei de ti mesmo.
Ricardo Reis
'Sempre um de nós'
Sempre um de nós
foge. Sombria água
trépida e contínua
água em céu diverso
como diversa eu sou
chão sem flor.
Vã palavra, múltipla
palavra, longínqua
semente entre o arco
e a corda. Nada sara
em meu cego corpo
eu que imagem sou,
não alegoria.
Tremor antigo, árvore
sem fruto, nada resiste
nesta cidade sem casa
- só a garça chega em seu
liso voo porque o tempo
nunca é longo.
Ana Marques Gastão
Nocturnos
Canções com palavras
Gótica
2002
foge. Sombria água
trépida e contínua
água em céu diverso
como diversa eu sou
chão sem flor.
Vã palavra, múltipla
palavra, longínqua
semente entre o arco
e a corda. Nada sara
em meu cego corpo
eu que imagem sou,
não alegoria.
Tremor antigo, árvore
sem fruto, nada resiste
nesta cidade sem casa
- só a garça chega em seu
liso voo porque o tempo
nunca é longo.
Ana Marques Gastão
Nocturnos
Canções com palavras
Gótica
2002
SOLITÁRIA
À linha,
fia o dia.
Quando finda a linha,
foi-se o dia.
Vem, em desalinho,
a noite fria.
Acende o fogo
do cio...
Sozinha chia.
Espera mais linha
pra fiar outro dia.
JULENI ANDRADE
http://www.juleniandrade.blogspot.com
fia o dia.
Quando finda a linha,
foi-se o dia.
Vem, em desalinho,
a noite fria.
Acende o fogo
do cio...
Sozinha chia.
Espera mais linha
pra fiar outro dia.
JULENI ANDRADE
http://www.juleniandrade.blogspot.com
DAS MULETAS
Por um momento,
espalha-se a sídrome da manjedoura...
São lágrimas e sorrisos comovidos
em sintonia com as canções mais ternas.
.
Pra colorir o início de uma nova estação
e, pra acalmar toda comoção...
ao ouro, ao incenso e à mirra,
fazem alusão.
.
A mesa fica farta com iguarias típicas
e, o amor é trocado por presentes do mercado.
A manjedoura é lembrada em algumas
cenas de cera, plástico ou de outra qualquer coisa.
.
Logo, o foguetório chega
trazendo nos braços uma nova aurora...
É ano novo, que beleza!
Renovação de alguma coisa!
.
Atravessa-se um mês inteiro
pra cair na realidade...
mudou um ano por outro
e, a vida segue.
.
Chega o tempo de alimentar-se
com novas fantasias...
Vem as alegorias e enredos
ao som de baterias e folguedos.
.
O aniversariante de dezembro
é lembrado em outro festejo,
onde remememoram sua saga
de morrer e renascer inteiro.
.
Nesse vai e vem, de comovidas festas,
o ano passa corrido...
Da manjedora à cruz
tudo pra festa é motivo.
.
De repente, vejo que as verdades
tomam dimensões diferentes...
Tanta fé derramada,
nada de resolver problemas pendentes.
.
Vivem-se amparados em muletas...
os pobres almas, das crenças cativas.
Não querem as rédeas da vida...
preenchem lacunas com datas comemorativas.
JULENI ANDRADE
http://bandasdegaragem.uol.com.br/hotsite/?id_banda=30359
espalha-se a sídrome da manjedoura...
São lágrimas e sorrisos comovidos
em sintonia com as canções mais ternas.
.
Pra colorir o início de uma nova estação
e, pra acalmar toda comoção...
ao ouro, ao incenso e à mirra,
fazem alusão.
.
A mesa fica farta com iguarias típicas
e, o amor é trocado por presentes do mercado.
A manjedoura é lembrada em algumas
cenas de cera, plástico ou de outra qualquer coisa.
.
Logo, o foguetório chega
trazendo nos braços uma nova aurora...
É ano novo, que beleza!
Renovação de alguma coisa!
.
Atravessa-se um mês inteiro
pra cair na realidade...
mudou um ano por outro
e, a vida segue.
.
Chega o tempo de alimentar-se
com novas fantasias...
Vem as alegorias e enredos
ao som de baterias e folguedos.
.
O aniversariante de dezembro
é lembrado em outro festejo,
onde remememoram sua saga
de morrer e renascer inteiro.
.
Nesse vai e vem, de comovidas festas,
o ano passa corrido...
Da manjedora à cruz
tudo pra festa é motivo.
.
De repente, vejo que as verdades
tomam dimensões diferentes...
Tanta fé derramada,
nada de resolver problemas pendentes.
.
Vivem-se amparados em muletas...
os pobres almas, das crenças cativas.
Não querem as rédeas da vida...
preenchem lacunas com datas comemorativas.
JULENI ANDRADE
http://bandasdegaragem.uol.com.br/hotsite/?id_banda=30359
Pra vida poder passar...
Já cheguei à conclusão que não corri, o tempo é que me atropela, sempre rápido demais, e agora... Fim! Fim de ano, de novo! Fico aqui pensando em toda guerra que fiz, só pra pintar a vida de azul, porque é evidente demais que o meu conformismo diante das intempéries da vida, é nulo, não existe. Sempre cheia de atitudes e tremendo de medo, mas disfarço bem. E agora ... Final de ano. Fecha cortinas, abre cortinas, lava a casa, seca roupa, escova os dentes, e esse congestionamento, agarrado, espremido atrás das janelas, dentro das paredes que temos que atravessar. Essa minha dupla personalidade farta de antecedentes, de carmas, de memórias que tenho que carregar...
(Parte de um texto com o mesmo nome que se encontra no blog da autora , http://www.mara-araujo.blogspot.com)
Mara Araujo
(Parte de um texto com o mesmo nome que se encontra no blog da autora , http://www.mara-araujo.blogspot.com)
Mara Araujo
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
Sentia apertar o sapato, então parou na janela para esconder a meia que cobria o tornozelo. Antes de tirar pensou na existência humana, já que o simbolismo era notório em seu léxico causal. Tornou a volver os olhos sobre si mesma e pensou o porque sofrera tanto a palmatória dos outros, meninos. Alojaria em si tamanha incongruência? Pensaria em gerar no útero a criatura monoaureolada especulada nas fábulas modernas? Tinha auto-compaixão e pensou em não cometer o suicídio, mas ficar em casa para ligar para alguém de sua lista de contatos esotéricos:
-Olá Márcia, está em casa? Gostaria de trocar as figurinhas de sempre. Tem tempo pra mim? Estou me sentindo mal, enjoada. E não estou grávida. Sou eu, a Helena, lembra? Dos tempos de cinema e literatura nas sessões de psicoterapia. Sinto que estou tendo uma recaída. Olho para as paredes e vejo aranhas imensas, como garras demoníacas em odor masculino e homores fétidos e putrefatos. Gostaria que me explicasse como faço para livrar-me a mim e o meu filho - que ainda não tinha - dessas terríveis visões.
- Helena querida, comprei um sapato que estava na feira. Saiu o preço da sacola. Eu tinha que levar o presente para mamãe, então tornei e fugir de mim mesma. Agora estou longe e não entendo como levar o presente para a mamãe. Acho que amanhã ela vai estar em casa e posso conversar. O que acha disso?
-Márcia, você não prestou atenção a meus vaticínios. Acho que estamos entrando em uma nova fase lunar não descrita no calendário. A camisa que uso me aperta e não consigo fugir dela como um vestuário que me foi imposto, masculino, contra o assédio dos homens. Gostaria que me contasse o que devo, fazer um retrato fiel de suas idas na feira não me revela algo de novo sobre mim mesma. O que acha que tenho?
-Helena, já falamos milhares de vezes sobre isso. Sabe que tem que conseguir um namorado. Sair mais de casa e conhecer pessoas interessantes. Anda muito contida em si mesma e não presta atenção no cenário que se arma à sua volta. Amiga, tenho muito o que fazer, por isso não conseguirei fazer com que reflita.
-Márcia, somos só eu e você, como sempre, excluindo você. Então penso que estou sozinha.
-Helena esse é o destino. Chamo pelo seu nome várias vezes porque acho que dá pessoalidade. Se não quer ouvir o que tenho a dizer, vou desligar. Sabe que já falamos sobre esse assunto.
-Gostaria de ter essa sua força. Dentro de mim um turbilhão de idéias, como gotas de mim sendo persuadidas a frasear ininterruptamente sobre a situação dos seus namorados. Estava fugindo dessa opressão e encontrei a confusão do espírito.
-Infortunada me encontro. Vitimada pelo próprio cabelo! Gostaria de me encontrar a sós comigo mesma e estou rodeada de víboras ininteligentes. Que os céus e a terra recolham esse sofrimento na masmorra do pensamento que não se embasa na verdade das palavras, mas no horizonte da alma. Tenho em mim mais do que certeza de o dia findará a dor como anestesia da significação da minha dor. Não vejo mal em sofrer a dor dos anjos pois esses se compadecem da humanidade, ao contrário das serpentes egoístas que me rodeiam. Seu mais aflito gesto de amizade apenas me faz entender o quanto estou só diante destas visões macabras que se travestem em presença e me atormentam os sonhos de beleza.
-Sua continuidade faz eu refletir sobre o cabelo, Helena, tenho que cortar amanhã. Quer ir comigo. Podemos passar no médico.
Sobressaíndo a conversa das duas amigas em colóquio aviltado se transformam as luzes da noite em holofotes do pensamento. Curitiba se torna uma mazela de sofrimento psíquico envolto em possibilidade de carnificina interior. Ter a presença dos entes queridos no enterro é a vontade de esclarecer a angústia acerca da possibilidade da cura. Por demais sofremos neste mundo e por demais as amigas se atormentam com a confusão do espírito que corrobora o assédio dessas forças.
Anderson Carlos Maciel
-Olá Márcia, está em casa? Gostaria de trocar as figurinhas de sempre. Tem tempo pra mim? Estou me sentindo mal, enjoada. E não estou grávida. Sou eu, a Helena, lembra? Dos tempos de cinema e literatura nas sessões de psicoterapia. Sinto que estou tendo uma recaída. Olho para as paredes e vejo aranhas imensas, como garras demoníacas em odor masculino e homores fétidos e putrefatos. Gostaria que me explicasse como faço para livrar-me a mim e o meu filho - que ainda não tinha - dessas terríveis visões.
- Helena querida, comprei um sapato que estava na feira. Saiu o preço da sacola. Eu tinha que levar o presente para mamãe, então tornei e fugir de mim mesma. Agora estou longe e não entendo como levar o presente para a mamãe. Acho que amanhã ela vai estar em casa e posso conversar. O que acha disso?
-Márcia, você não prestou atenção a meus vaticínios. Acho que estamos entrando em uma nova fase lunar não descrita no calendário. A camisa que uso me aperta e não consigo fugir dela como um vestuário que me foi imposto, masculino, contra o assédio dos homens. Gostaria que me contasse o que devo, fazer um retrato fiel de suas idas na feira não me revela algo de novo sobre mim mesma. O que acha que tenho?
-Helena, já falamos milhares de vezes sobre isso. Sabe que tem que conseguir um namorado. Sair mais de casa e conhecer pessoas interessantes. Anda muito contida em si mesma e não presta atenção no cenário que se arma à sua volta. Amiga, tenho muito o que fazer, por isso não conseguirei fazer com que reflita.
-Márcia, somos só eu e você, como sempre, excluindo você. Então penso que estou sozinha.
-Helena esse é o destino. Chamo pelo seu nome várias vezes porque acho que dá pessoalidade. Se não quer ouvir o que tenho a dizer, vou desligar. Sabe que já falamos sobre esse assunto.
-Gostaria de ter essa sua força. Dentro de mim um turbilhão de idéias, como gotas de mim sendo persuadidas a frasear ininterruptamente sobre a situação dos seus namorados. Estava fugindo dessa opressão e encontrei a confusão do espírito.
-Infortunada me encontro. Vitimada pelo próprio cabelo! Gostaria de me encontrar a sós comigo mesma e estou rodeada de víboras ininteligentes. Que os céus e a terra recolham esse sofrimento na masmorra do pensamento que não se embasa na verdade das palavras, mas no horizonte da alma. Tenho em mim mais do que certeza de o dia findará a dor como anestesia da significação da minha dor. Não vejo mal em sofrer a dor dos anjos pois esses se compadecem da humanidade, ao contrário das serpentes egoístas que me rodeiam. Seu mais aflito gesto de amizade apenas me faz entender o quanto estou só diante destas visões macabras que se travestem em presença e me atormentam os sonhos de beleza.
-Sua continuidade faz eu refletir sobre o cabelo, Helena, tenho que cortar amanhã. Quer ir comigo. Podemos passar no médico.
Sobressaíndo a conversa das duas amigas em colóquio aviltado se transformam as luzes da noite em holofotes do pensamento. Curitiba se torna uma mazela de sofrimento psíquico envolto em possibilidade de carnificina interior. Ter a presença dos entes queridos no enterro é a vontade de esclarecer a angústia acerca da possibilidade da cura. Por demais sofremos neste mundo e por demais as amigas se atormentam com a confusão do espírito que corrobora o assédio dessas forças.
Anderson Carlos Maciel
domingo, 27 de dezembro de 2009
Distorções Sensoriais
Parei hoje em certo momento a estalar os ossos. Estico as pernas, os braços, viro e reviro na cama, pensando na totalidade do ser. Ser total! Como será isso? Eu total! Penso numa explosão. Eu, espalhada no mundo, feito raio. Total impacto! Pensamentos loucos. Sentir, falar, ver, sonhar, agir. Razão e vontade. Consciência da morte. Mistério insondável de mundo, de vida. Parei em uma encruzilhada. Estanquei! Mas, também pra que ficar tentando buscar sentido em tudo. Conjecturas infindáveis. Passo a língua no céu da boca, sinto os dentes, molho os lábios, abro a janela e espalho os pensamentos na rua, no ar... Chega! Últimos dias do ano, preciso arrumar a casa...
Mara Araújo
http://www.mara-araujo.blogspot.com
Mara Araújo
http://www.mara-araujo.blogspot.com
sábado, 26 de dezembro de 2009
Aquela menininha...
Hoje me deparei com uma menininha. Ela despertou devagarinho, esticou um braço, depois outro, virou de um lado e beeeem de mansinho abriu seus olhos amendoados. Tinha um brilho encantador, e carregava dentro do peito um misto de curiosidade e fantasia. Na testa as vezes carregava um coração, outras uma estrela. Não pertencia a este mundo, pisava mais nas nuvens do que no chão. Fiquei hipnotizada pela sua imagem, assim, bem na minha frente! Sei que ela tinha algo pra me dizer, mas era estrangeira, não falavamos a mesma língua, ou melhor, desaprendi seu idioma, pois o trator do tempo apagou-o da minha memória. Mas uma incomum habilidade nos fez falar de uma forma que nos entendiamos. Ela tinha gestos doces e passos rápidos, tinha fome, muita fome, de algo que não era comida. Acompanhei seus sonhos, ora dentro de um balão, ora com uma lupa na mão, descobrindo novos cantos e espaços, sem pressa. Ela não queria saber muito sobre a realidade, acreditava que a magia da vida vinha de lá, dos seus sonhos. Quando dei por mim, já estavamos conversando naquela língua que eu já nem sabia que sabia mais. Essa lingua não era feita de palavras e nem de letras, mas de uma espécie de pó que mudava de cor conforme o sentimento. Ela desconhecia o medo, como eu conheço. Desconhecia a secura do olhar e a rigidez na nuca. Seu brilho me deu confiança e de minha parte, tinha muito pouco ou nada para oferecer a ela, mas ela nada me pedia. Quando abri os olhos ela foi embora, deixando um pozinho do qual eu me alimento a cada dia, o pozinho da menininha que fui um dia.
Nanci kirinus
http://www.nanciaki.zip.net
Nanci kirinus
http://www.nanciaki.zip.net
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
Cropopoesia
por que é o mesmo o pudor de escrever e defecar?
(joão cabral de melo neto)
quem gosta de poesia “visceral”,
ou seja, porca, preguiçosa, lerda,
que vá ao fundo e seja literal,
pedindo ao poeta, em vez de poemas, merda.
(antonio cicero)
o ânus é sempre o terror e eu não aceito que alguém perca um pedaço de excremento sem dilacerar-se por estar perdendo também a alma.
(antonin artaud)
para glauco mattoso.
Quero escrever
um poema
a partir da incontinência
de escrever
o poema
(triunfante
como uma cagada),
da imundície
de escrever
o poema.
mais que ruim,
poema fétido:
minha camisa aberta,
a peixaria das axilas,
a alegria gratuita
e irresponsável
de escrever
meu nome
nas coisas,
inda que sujando,
com uma fuzilaria
de engulhos.
que, se jogado fora,
não faça falta no
curso geral do dia
nem, de desimportante,
pese em algum
sistema de erros.
mas sobrevenha
num esquema de porcarias,
misturado a meu mijo
e meus pentelhos.
que feda,
que some aos meus
olhos de esgoto
e flua,
mais que um tietê de bolso,
fluente como diarreia.
(o idioma
da merda, seu fedor,
é direto como um murro,
mais sincero e universal
que o olor das flores.)
que este poema
não aperte os olhos
de um míope,
ou levante os óculos
na testa do comentarista.
que, a contrapelo,
lhes entorte a pose,
a um só tempo
com náuseas
e dores de barriga.
que não seja uma canção,
de tão irregular,
nem, de tão pastoso,
geométrico.
sórdido, cínico, laxativo,
mas infinitamente sincero,
que seja
pegajoso como esterco novo,
sob o assédio do sol
e dos vermes.
quero escrever
um poema
a partir da necessidade
fisiológica
de escrever
o poema.
ele será péssimo, mas
terá serventia,
mesmo infensa:
poema pelo prazer
de jogá-lo fora
(e emporcalhar a cidade)
em limpa consciência.
ou a poesia que há
em não dar descarga,
em não lavar as mãos,
digno do imundo
banheiro público.
poema infecto,
câncer de língua,
lixo literário,
febre do amoníaco,
vala aberta na página,
que vou querer
(menos que não quero) suprimir
do livro,
da memória,
da história
de meu corpo.
mas que, antes,
será motivo de vanglória,
quando o mostrar
ao amigo
como quem exibe no vaso
o design inusitado
da própria bosta.
(quem lhe negará ser
húmus possível
da boa poesia,
perfumosa como o milho?
a stink of beauty
is a joy forever.)
poema abjeto,
que cause urticária
nos querubins,
ânsias de vômito
nas musas,
inesquecível de ruim,
pior
que um gole
de água sanitária.
o menos que se diga,
em flatos barulhentos
(como quem afina
um trompete),
é que é ruim, ruim
de dar nojo, de dar gosto,
entre babas de diarremia,
à liquidez da anemia,
escrito na língua
da impureza,
pra que ninguém
o entenda
senão como um nauseante
e pedestre
acerto.
ou vaso a céu aberto,
coprolatria,
muito além de poema:
a latrina feita templo,
guirlandada com
papel higiênico,
sob anjos feios como urubus.
deus (como todo deus, de dentro)
será um fedor insistente,
será filho de meu cu.
e quando eu excretar
esta obra-crime
(agora mesmo),
aureolado de moscas,
me vaie como quem
me eleva,
que eu sairei andando
com a naturalidade
de quem caga e anda,
de quem assina com a tinta
de sua própria merda.
Rodrigo Madeira
po&Teias
(joão cabral de melo neto)
quem gosta de poesia “visceral”,
ou seja, porca, preguiçosa, lerda,
que vá ao fundo e seja literal,
pedindo ao poeta, em vez de poemas, merda.
(antonio cicero)
o ânus é sempre o terror e eu não aceito que alguém perca um pedaço de excremento sem dilacerar-se por estar perdendo também a alma.
(antonin artaud)
para glauco mattoso.
Quero escrever
um poema
a partir da incontinência
de escrever
o poema
(triunfante
como uma cagada),
da imundície
de escrever
o poema.
mais que ruim,
poema fétido:
minha camisa aberta,
a peixaria das axilas,
a alegria gratuita
e irresponsável
de escrever
meu nome
nas coisas,
inda que sujando,
com uma fuzilaria
de engulhos.
que, se jogado fora,
não faça falta no
curso geral do dia
nem, de desimportante,
pese em algum
sistema de erros.
mas sobrevenha
num esquema de porcarias,
misturado a meu mijo
e meus pentelhos.
que feda,
que some aos meus
olhos de esgoto
e flua,
mais que um tietê de bolso,
fluente como diarreia.
(o idioma
da merda, seu fedor,
é direto como um murro,
mais sincero e universal
que o olor das flores.)
que este poema
não aperte os olhos
de um míope,
ou levante os óculos
na testa do comentarista.
que, a contrapelo,
lhes entorte a pose,
a um só tempo
com náuseas
e dores de barriga.
que não seja uma canção,
de tão irregular,
nem, de tão pastoso,
geométrico.
sórdido, cínico, laxativo,
mas infinitamente sincero,
que seja
pegajoso como esterco novo,
sob o assédio do sol
e dos vermes.
quero escrever
um poema
a partir da necessidade
fisiológica
de escrever
o poema.
ele será péssimo, mas
terá serventia,
mesmo infensa:
poema pelo prazer
de jogá-lo fora
(e emporcalhar a cidade)
em limpa consciência.
ou a poesia que há
em não dar descarga,
em não lavar as mãos,
digno do imundo
banheiro público.
poema infecto,
câncer de língua,
lixo literário,
febre do amoníaco,
vala aberta na página,
que vou querer
(menos que não quero) suprimir
do livro,
da memória,
da história
de meu corpo.
mas que, antes,
será motivo de vanglória,
quando o mostrar
ao amigo
como quem exibe no vaso
o design inusitado
da própria bosta.
(quem lhe negará ser
húmus possível
da boa poesia,
perfumosa como o milho?
a stink of beauty
is a joy forever.)
poema abjeto,
que cause urticária
nos querubins,
ânsias de vômito
nas musas,
inesquecível de ruim,
pior
que um gole
de água sanitária.
o menos que se diga,
em flatos barulhentos
(como quem afina
um trompete),
é que é ruim, ruim
de dar nojo, de dar gosto,
entre babas de diarremia,
à liquidez da anemia,
escrito na língua
da impureza,
pra que ninguém
o entenda
senão como um nauseante
e pedestre
acerto.
ou vaso a céu aberto,
coprolatria,
muito além de poema:
a latrina feita templo,
guirlandada com
papel higiênico,
sob anjos feios como urubus.
deus (como todo deus, de dentro)
será um fedor insistente,
será filho de meu cu.
e quando eu excretar
esta obra-crime
(agora mesmo),
aureolado de moscas,
me vaie como quem
me eleva,
que eu sairei andando
com a naturalidade
de quem caga e anda,
de quem assina com a tinta
de sua própria merda.
Rodrigo Madeira
po&Teias
domingo, 20 de dezembro de 2009
Estação do samba
para Marko Andrade
procuro melodia no Estácio
sigo o compasso do ócio no cio
caço o amor pelo laço
nessa cidade um abraço
o meu amor pelo Rio
a noite abro a janela
do outro lado a Portela
azul e branco é meu véu
manto sagrado dos deuses
sambistas que moram no céu
quando amanhece é favela
meu coração passarela
se abre nova estação
seja Portela ou Mangueira
Osvaldo Cruz Madureira
o samba se faz comunhão
Estação do samba
Artur Gomes
http://courocrucarneviva.blogspot.com
procuro melodia no Estácio
sigo o compasso do ócio no cio
caço o amor pelo laço
nessa cidade um abraço
o meu amor pelo Rio
a noite abro a janela
do outro lado a Portela
azul e branco é meu véu
manto sagrado dos deuses
sambistas que moram no céu
quando amanhece é favela
meu coração passarela
se abre nova estação
seja Portela ou Mangueira
Osvaldo Cruz Madureira
o samba se faz comunhão
Estação do samba
Artur Gomes
http://courocrucarneviva.blogspot.com
sábado, 19 de dezembro de 2009
NÃO É VERDADE!
Não é verdade que eu viva no mundo da lua!
E ainda que vez por outra eu ande por lá,
é só de vez em quando, rapidinho volto pra cá.
A maior parte do tempo, eu vivo mesmo, é entre escombros,
sentimentos em carne viva, palavras destrambelhadas,
lembranças empoeiradas, pequenos e nostálgicos objetos,
frases que tenham vocação para versos,
livros espalhados pra todo o lado e cd´s, muitos cd´s!
Gasto um tempo danado fuçando, tentando perceber coisas
que ninguém mais consegue ver.
Gosto também de ficar construindo castelos de areia,
perco um bom tempo nisso,
até que chegue a maré cheia e desmanche meu prazer.
Tem dias que cismo de andar pela cidade,
dobro esquinas, exploro ruas, becos, praças, pessoas,
recantos onde a quietude se estabeleceu por completo,
e fico planando até a inquietude que eu tenho
dizer que já é hora de me recolher.
Outro dia passei a tarde toda mastigando um poema,
e ele tinha um sabor diferente:
lembrava um pouco as amoras que pela vida afora eu colhi.
Gosto de passar minhas horas mastigando palavras,
até ter delas seus significados,
não aqueles que todo mundo vê, mas aqueles outros,
que precisamos saber perceber.
Portanto, não é verdade que eu seja um poeta!
E ainda que vez por outra eu cometa um poema,
sou só alguém que vive de tentar perceber.
NALDOVELHO
E ainda que vez por outra eu ande por lá,
é só de vez em quando, rapidinho volto pra cá.
A maior parte do tempo, eu vivo mesmo, é entre escombros,
sentimentos em carne viva, palavras destrambelhadas,
lembranças empoeiradas, pequenos e nostálgicos objetos,
frases que tenham vocação para versos,
livros espalhados pra todo o lado e cd´s, muitos cd´s!
Gasto um tempo danado fuçando, tentando perceber coisas
que ninguém mais consegue ver.
Gosto também de ficar construindo castelos de areia,
perco um bom tempo nisso,
até que chegue a maré cheia e desmanche meu prazer.
Tem dias que cismo de andar pela cidade,
dobro esquinas, exploro ruas, becos, praças, pessoas,
recantos onde a quietude se estabeleceu por completo,
e fico planando até a inquietude que eu tenho
dizer que já é hora de me recolher.
Outro dia passei a tarde toda mastigando um poema,
e ele tinha um sabor diferente:
lembrava um pouco as amoras que pela vida afora eu colhi.
Gosto de passar minhas horas mastigando palavras,
até ter delas seus significados,
não aqueles que todo mundo vê, mas aqueles outros,
que precisamos saber perceber.
Portanto, não é verdade que eu seja um poeta!
E ainda que vez por outra eu cometa um poema,
sou só alguém que vive de tentar perceber.
NALDOVELHO
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
ROTA DO DESASSOSSEGO
Rota do desassossego,
caminho trilhado em segredo
por ruas estreitas, esquinas desertas,
por noites chuvosas, esperas, insônia.
Na busca de um sonho,
uma janela que teime
em permanecer entreaberta,
um lugar onde eu possa sorrir.
Rota do desassossego,
por passagens camufladas,
estranhas, sombrias...
Num bar chamado desterro
um garçom atende nervoso,
não pergunta se eu quero beber,
vai servindo a mais pura aguardente.
Não pergunta se eu quero comer,
entrega a conta antes que eu possa fugir.
Rota do desassossego:
a loucura, o vazio, o desejo,
e no fundo do bar um bolero,
um sussurro, um quero não quero,
um sorriso amarelo e indecente,
e o veneno escorrendo dos lábios,
uma porta, o perfume, um atalho,
um lugar onde eu possa mentir.
Rota do desassossego,
amanhecer de maio, é outono,
inquietude, incerteza e abandono.
Pago a conta e saio às pressas,
chorando a dor que em mim é confessa,
dor de escolhas ainda latentes,
brotam em versos pesados, dispersos.
Vou pra casa e tento dormir.
NALDOVELHO
caminho trilhado em segredo
por ruas estreitas, esquinas desertas,
por noites chuvosas, esperas, insônia.
Na busca de um sonho,
uma janela que teime
em permanecer entreaberta,
um lugar onde eu possa sorrir.
Rota do desassossego,
por passagens camufladas,
estranhas, sombrias...
Num bar chamado desterro
um garçom atende nervoso,
não pergunta se eu quero beber,
vai servindo a mais pura aguardente.
Não pergunta se eu quero comer,
entrega a conta antes que eu possa fugir.
Rota do desassossego:
a loucura, o vazio, o desejo,
e no fundo do bar um bolero,
um sussurro, um quero não quero,
um sorriso amarelo e indecente,
e o veneno escorrendo dos lábios,
uma porta, o perfume, um atalho,
um lugar onde eu possa mentir.
Rota do desassossego,
amanhecer de maio, é outono,
inquietude, incerteza e abandono.
Pago a conta e saio às pressas,
chorando a dor que em mim é confessa,
dor de escolhas ainda latentes,
brotam em versos pesados, dispersos.
Vou pra casa e tento dormir.
NALDOVELHO
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
O SENTIDO DOS MEUS VERSOS
Quando aprendi a escrever versos,
comecei a fazê-los em silêncio,
imperceptíveis se olhados por fora,
claros se percebidos por dentro.
Aprendi a falar sobre o tempo
do amor que trago em meus olhos,
e por mais que me olhassem por horas,
nunca perceberam-me o intento.
Quando me vi no umbigo em clausura,
comecei a olhar os de fora
e vi que a dor que se sente
não é entre nós diferente.
Aprendi a falar sobre o engano,
como quem fatia o corpo em postas,
e que a vida é feita de perdas,
que ensinam a abrir novas portas.
Quando recebi alvará de soltura,
fiz do verso a amplitude da loucura,
viajei por enredos estranhos,
todos eles em desalinho.
Aprendi que anjos são eternos,
e que a colheita se faz nos caminhos,
sementes de poesia em versos
que alguém por aqui nos deixou.
Quando resolvi ser poeta,
sabia da solidão a que me impunha,
quis ser anjo, ser sonho, ser terno,
semente a ser colhida ao seu tempo.
Aprendi que o sentido do verso,
é ser parte da existência, no alicerce,
ainda que nem saibam o meu nome,
e as minhas palavras se percam depois.
NALDOVELHO
comecei a fazê-los em silêncio,
imperceptíveis se olhados por fora,
claros se percebidos por dentro.
Aprendi a falar sobre o tempo
do amor que trago em meus olhos,
e por mais que me olhassem por horas,
nunca perceberam-me o intento.
Quando me vi no umbigo em clausura,
comecei a olhar os de fora
e vi que a dor que se sente
não é entre nós diferente.
Aprendi a falar sobre o engano,
como quem fatia o corpo em postas,
e que a vida é feita de perdas,
que ensinam a abrir novas portas.
Quando recebi alvará de soltura,
fiz do verso a amplitude da loucura,
viajei por enredos estranhos,
todos eles em desalinho.
Aprendi que anjos são eternos,
e que a colheita se faz nos caminhos,
sementes de poesia em versos
que alguém por aqui nos deixou.
Quando resolvi ser poeta,
sabia da solidão a que me impunha,
quis ser anjo, ser sonho, ser terno,
semente a ser colhida ao seu tempo.
Aprendi que o sentido do verso,
é ser parte da existência, no alicerce,
ainda que nem saibam o meu nome,
e as minhas palavras se percam depois.
NALDOVELHO
PENÚLTIMA CASA A DIREITA
Casa branca, assobradada,
muro de pedras, gradeado,
penúltima casa, segundo quarteirão,
lado direito, sentido de quem desce.
Na janela, meninas bonitas sorriem pra mim.
Águas, riachos, quintais, frutas tenras,
manga rosa carnuda e gostosa,
jambo, sapoti, peitos,
algumas pêras, fartos melões!
Colos encharcados, coxas quentes,
cerejas presas entre as dentes,
morangos molhados entre as pernas,
suor, pele, e um tipo de orvalho,
aquele cheiro, cabelos, pêlos, fiapos, que diacho!
Fiquei todo lambuzado, baba de moça e caqui.
Amanheço sem alarde, meio bêbado, meio louco...
O poeta gosta de se atolar até o pescoço!
Ou então, de ser seduzido por canto doído de sereia,
de sentir presas cravadas em suas veias
e unhas lascadas, espetadas em suas costas.
Mania de tecer teias, alimento de aranha.
O poeta gosta de areia movediça.
Na esquina, encruzilhada, bar aberto,
manhã cedo, café bem quente, chega de aguardente!
Casa ao lado, muro de pedras, gradeado,
já não correm águas de um riacho,
e as meninas dormem um sono justo,
cadeado no portão, cães ferozes de vigília.
Rua das Professorinhas, número cinqüenta e quatro,
penúltima casa, à direita, ao lado do Bar Solidão.
NALDOVELHO
muro de pedras, gradeado,
penúltima casa, segundo quarteirão,
lado direito, sentido de quem desce.
Na janela, meninas bonitas sorriem pra mim.
Águas, riachos, quintais, frutas tenras,
manga rosa carnuda e gostosa,
jambo, sapoti, peitos,
algumas pêras, fartos melões!
Colos encharcados, coxas quentes,
cerejas presas entre as dentes,
morangos molhados entre as pernas,
suor, pele, e um tipo de orvalho,
aquele cheiro, cabelos, pêlos, fiapos, que diacho!
Fiquei todo lambuzado, baba de moça e caqui.
Amanheço sem alarde, meio bêbado, meio louco...
O poeta gosta de se atolar até o pescoço!
Ou então, de ser seduzido por canto doído de sereia,
de sentir presas cravadas em suas veias
e unhas lascadas, espetadas em suas costas.
Mania de tecer teias, alimento de aranha.
O poeta gosta de areia movediça.
Na esquina, encruzilhada, bar aberto,
manhã cedo, café bem quente, chega de aguardente!
Casa ao lado, muro de pedras, gradeado,
já não correm águas de um riacho,
e as meninas dormem um sono justo,
cadeado no portão, cães ferozes de vigília.
Rua das Professorinhas, número cinqüenta e quatro,
penúltima casa, à direita, ao lado do Bar Solidão.
NALDOVELHO
LONGE DE VOCÊ
Longe de você
todos os dias serão nublados,
as manhãs cinzentas,
as tardes sonolentas
e as noites chuvosas
com madrugadas barulhentas
que é para não se conciliar
a insônia com o sono,
e ao amanhecer com olheiras
ficar patente o abandono
que o poeta costuma viver.
Longe de você a fumaça do cigarro
se mistura com a poluição do ambiente
e o pulmão reclama doente
por conta de um respirar afrontado
e do bater de um coração acelerado
que só faz viver desanimado
por não querer mais sofrer.
Longe de você
todo o amanhã será passado
e passará assim tão calado
que não dará a perceber
aquilo que eu tinha pra viver.
Longe de você
o que como não saboreio,
o que bebo se faz amargo,
e o que cheiro, rejeito enjoado,
e me dá um fastio danado,
coisas de um apaixonado,
desses que dá dó de se ver.
Longe de você
o violão se cala desafinado,
a poesia perde o encanto e a magia
do novo, do surreal, do inusitado
e o que se vê é só lamento, é solidão,
é desentranhamento,
de viver tentando um remédio,
uma vacina, um antídoto
para o tédio de viver sem você.
Longe de você
já não quero saber de outra dança,
se alguém convida, eu recuso!
Digo que estou cansado,
peço licença e saio apressado,
volto para o meu quarto tão frio,
e deito, assim solitário,
pedindo a Deus para parar de doer.
NALDOVELHO
todos os dias serão nublados,
as manhãs cinzentas,
as tardes sonolentas
e as noites chuvosas
com madrugadas barulhentas
que é para não se conciliar
a insônia com o sono,
e ao amanhecer com olheiras
ficar patente o abandono
que o poeta costuma viver.
Longe de você a fumaça do cigarro
se mistura com a poluição do ambiente
e o pulmão reclama doente
por conta de um respirar afrontado
e do bater de um coração acelerado
que só faz viver desanimado
por não querer mais sofrer.
Longe de você
todo o amanhã será passado
e passará assim tão calado
que não dará a perceber
aquilo que eu tinha pra viver.
Longe de você
o que como não saboreio,
o que bebo se faz amargo,
e o que cheiro, rejeito enjoado,
e me dá um fastio danado,
coisas de um apaixonado,
desses que dá dó de se ver.
Longe de você
o violão se cala desafinado,
a poesia perde o encanto e a magia
do novo, do surreal, do inusitado
e o que se vê é só lamento, é solidão,
é desentranhamento,
de viver tentando um remédio,
uma vacina, um antídoto
para o tédio de viver sem você.
Longe de você
já não quero saber de outra dança,
se alguém convida, eu recuso!
Digo que estou cansado,
peço licença e saio apressado,
volto para o meu quarto tão frio,
e deito, assim solitário,
pedindo a Deus para parar de doer.
NALDOVELHO
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
De Esquina
1. o travesti
meu amor, ouça!
a vida é um pai
de cinco metros
que tentou me
banir de mim,
que me deu banho
de arruda e socos
e esconjurou.
tem que ser macho
pra abrir o armário
em busca de
seus sutiãs.
tem que ser fêmea
pra entrar nos carros
2. o traficante
cada semana
um tênis novo,
novo relógio,
novo boné.
não fala, mas
vive cercado
por seus apóstolos,
um nimbo de
fumaça suja
sobre a cabeça.
quando morrer
(sempre amanhã)
reviverá
inda mais jovem.
Rodrigo Madeira
Po&Teias
meu amor, ouça!
a vida é um pai
de cinco metros
que tentou me
banir de mim,
que me deu banho
de arruda e socos
e esconjurou.
tem que ser macho
pra abrir o armário
em busca de
seus sutiãs.
tem que ser fêmea
pra entrar nos carros
2. o traficante
cada semana
um tênis novo,
novo relógio,
novo boné.
não fala, mas
vive cercado
por seus apóstolos,
um nimbo de
fumaça suja
sobre a cabeça.
quando morrer
(sempre amanhã)
reviverá
inda mais jovem.
Rodrigo Madeira
Po&Teias
Poligamia.
Vai e vem de estesias.
Esfera de dores prejudicadas como holofotes
que se embasam em canções dos gemidos.
Sente-se o espasmo e volta a solidão.
Não consegui entender nada.
Parece que suas conclusões são abstrações da falácia.
Juntam as crazes com desejos de ser e outras judicações.
Seus sermões como auto-flagelo da ajuda.
Muda tua conduta é um tanto "in'condo [?]" anagramas de palavras.
Safra de martírios da palavra para vocês e para ele.
Sou psicanalista evitando o ridículo pré-programado.
Meu amor não é pra ser velado, tampouco embasado em baixo erotismo.
Meu amor é mais que o tempo e o momento é a companhia nas horas agonizantes.
Antes fosse qual o intento que dantes.
Semblante
De ter teus os meus argumentos.
Vá adiante.
Não reconheço o mérito, não adjuco a desfaçatez.
Vocação para a solidão enredar-se em significações de beira de estrada.
Na noite rodando bolsinha qual o populacho que espera
A somatização da retórica e da verborragia,
contra a orgia com a natureza.
Princeza do espetáculo da grandeza,
caminha como cereja no seu ser
de percevejo:
_Odeio todos e não te vejo.
Como senhor dos holofotes benfazejos me liberte,
Me dê um beijo e me liberte em escândalo da moral.
Antecipo teus idos como coisa natural na natureza flutuante
do costume sossobrante de escapar ao assédio, ao ataque, ao estupro.
Canções eternas de amor por aqui, como ninar o ente amado,
Em retardo do entendimento no julgar estético que portento.
No vento meus cuidados em apologia do momento natureza dupla.
Céu e inferno. Apogeu e carne. Teu olhar de superioridade
para os meus já superiores desse mal apaziguados.
Seremos como pai e filho quando clichê se fizer idílio.
Seremos amantes quando a natureza abortar o transplantes.
Seremos amigos quando deixarmos o autocentrismo em diamante.
Ser tal qual holofote de prazer nas horas instantes.
Reconheço que agoniza em dores apaixonadas.
Em relação à própria vida. Transferência projetada.
Pai e filho, sendo eu o culpado.
Não sou médico, sou amigo, a praia, a natureza intocada.
O café, a moda, os costumes, as ciências.
Transferência entrecortada em sedimentação do afeto.
Sentir o teto do sonhos somatizar a liberdade.
Pra dizer a verdade não tenho sentimento.
Sou todo razão. Me segure pela mão.
Me leve adiante,
Ao seu aposento.
Me ensine a gramática do teu pensamento.
Existiremos como senhores da filia calida,
como vôo do beija flor nossa dor transportada.
De flor em flor.
Dessa maneira não sentimos nada.
Anderson Carlos Maciel
Esfera de dores prejudicadas como holofotes
que se embasam em canções dos gemidos.
Sente-se o espasmo e volta a solidão.
Não consegui entender nada.
Parece que suas conclusões são abstrações da falácia.
Juntam as crazes com desejos de ser e outras judicações.
Seus sermões como auto-flagelo da ajuda.
Muda tua conduta é um tanto "in'condo [?]" anagramas de palavras.
Safra de martírios da palavra para vocês e para ele.
Sou psicanalista evitando o ridículo pré-programado.
Meu amor não é pra ser velado, tampouco embasado em baixo erotismo.
Meu amor é mais que o tempo e o momento é a companhia nas horas agonizantes.
Antes fosse qual o intento que dantes.
Semblante
De ter teus os meus argumentos.
Vá adiante.
Não reconheço o mérito, não adjuco a desfaçatez.
Vocação para a solidão enredar-se em significações de beira de estrada.
Na noite rodando bolsinha qual o populacho que espera
A somatização da retórica e da verborragia,
contra a orgia com a natureza.
Princeza do espetáculo da grandeza,
caminha como cereja no seu ser
de percevejo:
_Odeio todos e não te vejo.
Como senhor dos holofotes benfazejos me liberte,
Me dê um beijo e me liberte em escândalo da moral.
Antecipo teus idos como coisa natural na natureza flutuante
do costume sossobrante de escapar ao assédio, ao ataque, ao estupro.
Canções eternas de amor por aqui, como ninar o ente amado,
Em retardo do entendimento no julgar estético que portento.
No vento meus cuidados em apologia do momento natureza dupla.
Céu e inferno. Apogeu e carne. Teu olhar de superioridade
para os meus já superiores desse mal apaziguados.
Seremos como pai e filho quando clichê se fizer idílio.
Seremos amantes quando a natureza abortar o transplantes.
Seremos amigos quando deixarmos o autocentrismo em diamante.
Ser tal qual holofote de prazer nas horas instantes.
Reconheço que agoniza em dores apaixonadas.
Em relação à própria vida. Transferência projetada.
Pai e filho, sendo eu o culpado.
Não sou médico, sou amigo, a praia, a natureza intocada.
O café, a moda, os costumes, as ciências.
Transferência entrecortada em sedimentação do afeto.
Sentir o teto do sonhos somatizar a liberdade.
Pra dizer a verdade não tenho sentimento.
Sou todo razão. Me segure pela mão.
Me leve adiante,
Ao seu aposento.
Me ensine a gramática do teu pensamento.
Existiremos como senhores da filia calida,
como vôo do beija flor nossa dor transportada.
De flor em flor.
Dessa maneira não sentimos nada.
Anderson Carlos Maciel
domingo, 13 de dezembro de 2009
Viver e Sonhar
Vivo intensamente cada sonho,
Vôo na brisa leve que me leva,
Livre nos sonhos,
Meus pensamentos são pássaros,
E canoros os meus desejos.
O Sol toca meu corpo,
Assim como a chuva,
Mas, permaneço aberto,
Nada me sela, nem um beijo.
No oceano de amor, navego,
Espero o amanhã,
Como..., mais um sonho,
Não para recomeçar, porém...,
Para continuar...,
Olinto Simões
http://www.prazerliterario.blogspot.com
Vôo na brisa leve que me leva,
Livre nos sonhos,
Meus pensamentos são pássaros,
E canoros os meus desejos.
O Sol toca meu corpo,
Assim como a chuva,
Mas, permaneço aberto,
Nada me sela, nem um beijo.
No oceano de amor, navego,
Espero o amanhã,
Como..., mais um sonho,
Não para recomeçar, porém...,
Para continuar...,
Olinto Simões
http://www.prazerliterario.blogspot.com
Eu Posso !
Desdobro-me do corpo prisão,
E invisível e transparente não matéria,
Me transporto.
Chego até você,
E justamente...,
Pela imaterialidade a envolvo.
Somatizo o abraço dado,
O sabor dos doces beijos,
O aroma dos feromônios,
E faço ungir sua pele em mel.
Eu posso com certeza,
Chegar até você,
E assim me sentir...,
Como se nas estrelas.
O resto..., é sonho,
O futuro é sonho,
Mas aqui ou aí,
In corpore..., ou não,
Contudo sempre no presente,
Eu posso!
Olinto Simões
http://www.prazerliterario.blogspot.com
E invisível e transparente não matéria,
Me transporto.
Chego até você,
E justamente...,
Pela imaterialidade a envolvo.
Somatizo o abraço dado,
O sabor dos doces beijos,
O aroma dos feromônios,
E faço ungir sua pele em mel.
Eu posso com certeza,
Chegar até você,
E assim me sentir...,
Como se nas estrelas.
O resto..., é sonho,
O futuro é sonho,
Mas aqui ou aí,
In corpore..., ou não,
Contudo sempre no presente,
Eu posso!
Olinto Simões
http://www.prazerliterario.blogspot.com
DE TODAS AS OBRAS
De todas as obras humanas,
as que mais amo são as que foram usadas:
os recipientes de cobre
com as bordas achatadas e com mossas;
os garfos e facas
cujos cabos de madeira foram gastos por muitas mãos.
Tais formas são para mim as mais nobres.
Assim também as lajes,
polidas por muitos pés,
e entre as quais crescem tufos de grama.
Estas são obras felizes,
admitidas no hábito de muitos.
Com frequência mudadas,
aperfeiçoam seu formato e tornam-se valiosas,
porque delas tantos se valeram.
Mesmo as esculturas quebradas,
com suas mãos decepadas,
me são queridas.
Também elas são vivas para mim.
Deixaram-nas cair,
mas foram carregadas.
Embora acidentadas,
jamais estiveram altas demais.
As construções quase em ruína
têm de novo a aparência de incompletas.
Planejadas generosamente,
suas belas proporções
já podem ser adivinhadas.
Ainda necessitam, porém,
de nossa compreensão.
Por outro lado, elas já serviram,
sim, já foram superadas.
Tudo isso me contenta.
Bertold Brecht
Tradução: Paulo Cesar Lima de Souza
revista viva cidades
as que mais amo são as que foram usadas:
os recipientes de cobre
com as bordas achatadas e com mossas;
os garfos e facas
cujos cabos de madeira foram gastos por muitas mãos.
Tais formas são para mim as mais nobres.
Assim também as lajes,
polidas por muitos pés,
e entre as quais crescem tufos de grama.
Estas são obras felizes,
admitidas no hábito de muitos.
Com frequência mudadas,
aperfeiçoam seu formato e tornam-se valiosas,
porque delas tantos se valeram.
Mesmo as esculturas quebradas,
com suas mãos decepadas,
me são queridas.
Também elas são vivas para mim.
Deixaram-nas cair,
mas foram carregadas.
Embora acidentadas,
jamais estiveram altas demais.
As construções quase em ruína
têm de novo a aparência de incompletas.
Planejadas generosamente,
suas belas proporções
já podem ser adivinhadas.
Ainda necessitam, porém,
de nossa compreensão.
Por outro lado, elas já serviram,
sim, já foram superadas.
Tudo isso me contenta.
Bertold Brecht
Tradução: Paulo Cesar Lima de Souza
revista viva cidades
IN A SILENT WAY
para Miles Davis.
Folhas soltas
idéias-folhas
poucas
nessa sala
a fumaça
vaza
embaça
a vidraça
dessa quase manhã
um silêncio
se instala
na casa vazia
na varanda
só a mais solta
idéia de vazio
(concha onde
pérola alguma
se esconde)
ao invés
dias e dias se passam
sem nenhuma
mais completa
idéia de vazio:
um sol pousa
desliza, rebrilha
em cada folha
Rodrigo Garcia Lopes
revista viver cidades
Folhas soltas
idéias-folhas
poucas
nessa sala
a fumaça
vaza
embaça
a vidraça
dessa quase manhã
um silêncio
se instala
na casa vazia
na varanda
só a mais solta
idéia de vazio
(concha onde
pérola alguma
se esconde)
ao invés
dias e dias se passam
sem nenhuma
mais completa
idéia de vazio:
um sol pousa
desliza, rebrilha
em cada folha
Rodrigo Garcia Lopes
revista viver cidades
ZONAS SOMBRIAS DA CIDADE
Lâmina afiada separa em pedaços
partes corrompidas expondo feridas
em crianças desnutridas, sorrisos indigentes,
de triste olhar, carentes,
gente excluída, sociedade infanticida,
zonas sombrias da cidade,
violência à mão armada,
soldados meliantes, fuzil engatilhado,
já não estão mais tão distantes.
Um tiro, uma rajada, e as pessoas na calada
escondem-se assustadas, não querem nem saber.
A fome, a dor, o grito, um corpo na calçada,
um menino, uma criança, escolheu a via errada,
a morte tem seu nome gravado em sua espada.
As minhas mãos suadas, o meu olhar cansado
em busca de um remédio, ferida inflamada,
é o nome desta vida que escorre pelo esgoto
da cidade sitiada pelo medo e o desamor.
É só um triste pedaço exposto na calçada,
algumas velas acesas e as pessoas apavoradas...
Não tinha quinze anos, não sabia quase nada!
É o preço que se paga por tanta omissão.
É o preço que se paga por se olhar os excluídos
como se não fossem nossos irmãos.
NALDOVELHO
partes corrompidas expondo feridas
em crianças desnutridas, sorrisos indigentes,
de triste olhar, carentes,
gente excluída, sociedade infanticida,
zonas sombrias da cidade,
violência à mão armada,
soldados meliantes, fuzil engatilhado,
já não estão mais tão distantes.
Um tiro, uma rajada, e as pessoas na calada
escondem-se assustadas, não querem nem saber.
A fome, a dor, o grito, um corpo na calçada,
um menino, uma criança, escolheu a via errada,
a morte tem seu nome gravado em sua espada.
As minhas mãos suadas, o meu olhar cansado
em busca de um remédio, ferida inflamada,
é o nome desta vida que escorre pelo esgoto
da cidade sitiada pelo medo e o desamor.
É só um triste pedaço exposto na calçada,
algumas velas acesas e as pessoas apavoradas...
Não tinha quinze anos, não sabia quase nada!
É o preço que se paga por tanta omissão.
É o preço que se paga por se olhar os excluídos
como se não fossem nossos irmãos.
NALDOVELHO
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
Eternidade
Essa é
a sina
do infinito:
calar a dor
de um calado
grito.
Julio Almada
Em um Mapa Sem Cachorros
a sina
do infinito:
calar a dor
de um calado
grito.
Julio Almada
Em um Mapa Sem Cachorros
Informes Aedos
OLAM EIN SOF (SP) EM CURITIBA COM O VIOLINISTA COLOMBIANO PABLO VILLEGAS, FUNDADOR DO GRUPO LA MONTAÑA GRIS
Mais uma apresentação de música celta. SIIIIIIMMMMM maaaais uma... e haverão mais e mais e mais, porém para isso acontecer contamos com a presença de todos nestes eventos dos dias 19 e 20 de Dezembro.
Banda de abertura: Vevila Veldicca (Curitiba)
Dia: 19
Horário: 17:00h R$10,00
Local: Centro Cultural Solar do Barão. Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 533 - Centro - Curitiba, PR. Tel: (41) 3322-1525 (41) 3322-1525 e 3321-3367
Dia: 20
Horário: 18:00h R$07,00
Local: Café Parangolé. Rua Benjamin Constant, 400 (próximo a Reitoria da UFPR) - Curitiba, PR. Tel: (41) 3092-1171 (41) 3092-1171
Mais informações em nossa comunidade:
http://www.orkut.com.br/Main#Community?rl=cpp&cmm=96599899
Se puderem repassar a informação será melhor ainda. ^^
Abraços!
Medieval
Mais uma apresentação de música celta. SIIIIIIMMMMM maaaais uma... e haverão mais e mais e mais, porém para isso acontecer contamos com a presença de todos nestes eventos dos dias 19 e 20 de Dezembro.
Banda de abertura: Vevila Veldicca (Curitiba)
Dia: 19
Horário: 17:00h R$10,00
Local: Centro Cultural Solar do Barão. Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 533 - Centro - Curitiba, PR. Tel: (41) 3322-1525 (41) 3322-1525 e 3321-3367
Dia: 20
Horário: 18:00h R$07,00
Local: Café Parangolé. Rua Benjamin Constant, 400 (próximo a Reitoria da UFPR) - Curitiba, PR. Tel: (41) 3092-1171 (41) 3092-1171
Mais informações em nossa comunidade:
http://www.orkut.com.br/Main#Community?rl=cpp&cmm=96599899
Se puderem repassar a informação será melhor ainda. ^^
Abraços!
Medieval
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
Nada novo, de novo
"...os belos serão os bélicos
elmos no lugar de cérebros..."
Homem de Ferro; Marcos Prado
A tensa ordem da primeira fila
no front abarrotado
de almas esfaceladas
ao primeiro toque
da trombeta
Ausência de sono,
ausência de fome;
cão que ladra morre
Aguarda-se o segundo toque
a qualquer momento,
os tiros já foram de festim
É erro a insistência da coragem
desprovida de medo.
Averiguar a equipagem
mesmo sabendo que ela
nada garante.
O segundo toque! Avante!
Ricardo Pozzo
po&teias
elmos no lugar de cérebros..."
Homem de Ferro; Marcos Prado
A tensa ordem da primeira fila
no front abarrotado
de almas esfaceladas
ao primeiro toque
da trombeta
Ausência de sono,
ausência de fome;
cão que ladra morre
Aguarda-se o segundo toque
a qualquer momento,
os tiros já foram de festim
É erro a insistência da coragem
desprovida de medo.
Averiguar a equipagem
mesmo sabendo que ela
nada garante.
O segundo toque! Avante!
Ricardo Pozzo
po&teias
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
domingo, 6 de dezembro de 2009
Rima
Ida partida sentida erguida
memória querida garrida da "Cida".
particípia incípia caprígia parábola
alitera de "era" que era sin-cera.
Teus esconderijos são rijos como cinjo
teus destinos com frígio atino. Menino
pra dentro teu pé já fala que era leitura.
Usura da palavra nas paredes da memória.
Inglória a culpa que fala para multidões.
Sermões da montanha significam.
Estamos todos mais que intelectuais:
Somos sensuais de beira de estrada.
Triste morada apalpada em seio seco.
Em becos de estética pós-moderna,
teus filhos esperam por lágrimas de redenção.
Não hão de se fartar, orar, na igreja.
Se veja sobeja cereja qual teu sonho
doce de ser cantado em versos
ou "cantada" em prosa.
A rosa dos nossos ventos.
Teus conselhos sobraram em ensinamentos,
que são deuses das palavras.
Ao contrário não funcionava.
Nem fucionaria, no solo edificara
ara escala de notas frias.
Teus desígneos ígneos de saber
aestesia mimética dos trópicos.
Fotópticos como referência que não se fazia.
Há tua pessoa vazia como a bacia do tempo.
Empoçando dores que não sentia rima vazia
Pra ser nobre rima pobre na seara rima rara.
Não há quem não tenha a "tara" no teu
discernimento.
Anderson Carlos Maciel
memória querida garrida da "Cida".
particípia incípia caprígia parábola
alitera de "era" que era sin-cera.
Teus esconderijos são rijos como cinjo
teus destinos com frígio atino. Menino
pra dentro teu pé já fala que era leitura.
Usura da palavra nas paredes da memória.
Inglória a culpa que fala para multidões.
Sermões da montanha significam.
Estamos todos mais que intelectuais:
Somos sensuais de beira de estrada.
Triste morada apalpada em seio seco.
Em becos de estética pós-moderna,
teus filhos esperam por lágrimas de redenção.
Não hão de se fartar, orar, na igreja.
Se veja sobeja cereja qual teu sonho
doce de ser cantado em versos
ou "cantada" em prosa.
A rosa dos nossos ventos.
Teus conselhos sobraram em ensinamentos,
que são deuses das palavras.
Ao contrário não funcionava.
Nem fucionaria, no solo edificara
ara escala de notas frias.
Teus desígneos ígneos de saber
aestesia mimética dos trópicos.
Fotópticos como referência que não se fazia.
Há tua pessoa vazia como a bacia do tempo.
Empoçando dores que não sentia rima vazia
Pra ser nobre rima pobre na seara rima rara.
Não há quem não tenha a "tara" no teu
discernimento.
Anderson Carlos Maciel
POEMA QUE VENTA À BERTA
Eu na lenta taberna agüento a menta
Tento o quatro, tonto de aguardente...
E na porta sebenta adentra a Berta
Que incerta se senta PERNABERTA
E pela benta saia DESCOBERTA
O meu olhar aperta, mira e entra.
Altair de oliveira
Tento o quatro, tonto de aguardente...
E na porta sebenta adentra a Berta
Que incerta se senta PERNABERTA
E pela benta saia DESCOBERTA
O meu olhar aperta, mira e entra.
Altair de oliveira
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
ESQUÁLIDO
.
Há coisas que só acontecem
Porque foram esquecidas
Nos instantes que parecem
Não estar em nossas vidas.
.
São detalhes que a gente
Simplesmente não os via,
Ou de os ver eternamente
Se esqueceu do que sabia.
.
Porém quando tudo passa,
Quando a vida anoitece,
É que então se vê a graça
Numa coisa que acontece,
.
O.T.Velho
Há coisas que só acontecem
Porque foram esquecidas
Nos instantes que parecem
Não estar em nossas vidas.
.
São detalhes que a gente
Simplesmente não os via,
Ou de os ver eternamente
Se esqueceu do que sabia.
.
Porém quando tudo passa,
Quando a vida anoitece,
É que então se vê a graça
Numa coisa que acontece,
.
O.T.Velho
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
Ainda cabe.
Coloca quem sabe, ainda há espaço
se faço teu braço lá longe, onde
tenho cadarço e a mordaça se desfaz.
Aliás.
Allez Alla hellios olomorfo se porco
gordo no natal, temos tanto que de repente
sobrando gente nos encontremos a sós.
Hoje.
Tentei te encontar xadrez na cor como sempre
então inventei o duplo sentido originário.
Havia soldados no teu ego e refleti a solidão
póstuma. Sempre tenho pedras na mão para aquelas que me antecipa.
Não há o que dizer senão a opacidade. Tua profundidade me é lugar-comum.
Teus sonhos de estrelas me são as noites de angústia libertada em pássaro de cobre.
Descobre se nobre no pobre opere haveres teus desígneos igneos de mártir da causa
do ego, na luta da solidão, como com a mão abarcar o mundo em sonho onírico
de ser mais forte na psicologia orgia rejeitada.
Não temos esperanças, já antecipo, estamos minando as angústias em maquiagens francesas.
Sobre a mesa nosso passado de luzes foscas de deuses blasfemados e cortes ingleses.
Não temos outra relação que não a palavra e significação libertária, cuja "facção criminosa"
sou eu em furtar a liberdade ao direito de viver e existir.
Tua psicologia não é velada, logo tenho um catálogo de ações e reações que desato como
martírio dos dias. Não entendo tua verborragia, não lhe tenho amor.
Tenho-te amor labor da pedra lapidada, desencontrada e incrustada de brilhantes somados
das tardes inventadas de das noites não passadas. Ainda farei o relatório meritório da palavra
dessa safra feijão carmim.
Dentro de mim os poros de saber coagulado, costurado e devolvido em animo de viver.
Não tenho a infelicidade que procuras a não ser dentro de você.
Portanto não me infiras, nem induza, sou todo dedução e prolifero qual nação contra nação
na tua mão olhares de fraqueza suaveza do paladar igualar à nobreza que não compartilhas
tua ilha, devoção e frieza em relação
à teu coração que em ode meritória
carpina com os dentes a tua solidão
toda canção em labor célero remédio
ao tédio de não existir.
Estava justamente tentando mostrar que sou perfeito, portanto não me atrapalhe.
Entalhe sua estátua em outra pedra, pois esta existente são as dores dos meus amantes
enlouquecidos de literatura verborrágica e inteligente portentosa filosófica qual sangue
doente em dores de remédio música que uso em costume e hábito ritual oral da palavra
econômica dos meus.
Hoje ainda quero te ver sorrir, perene dos meus estudos. Foram anos de dedicação
e trabalho para conceber a obra. Inconsciente coletivo refletido nas paredes da memória.
Linguagem imagética estética de formação simbólica eólica tal qual aquilo que não quer
"morrer" em ser significado de um para todos em interpretação única púnica tal qual
a justiça que não se faz na acepção dos trabalhos forjada na publicação das etiquetas.
Na janela espío o Templo de Athena paradigma estético das pérolas aos porcos
que me narraram. Então reescrevo a história com esmero de quem narcisismo é apenas
um mito entre tantos outros da áurea Grécia.
Tua pressa nos leva longe, ao calvário das amizades, que nem começo.
Aproveite que estão todos aqui, do lado de lá estará vazio, então.
Anderson Carlos maciel
Coloca quem sabe, ainda há espaço
se faço teu braço lá longe, onde
tenho cadarço e a mordaça se desfaz.
Aliás.
Allez Alla hellios olomorfo se porco
gordo no natal, temos tanto que de repente
sobrando gente nos encontremos a sós.
Hoje.
Tentei te encontar xadrez na cor como sempre
então inventei o duplo sentido originário.
Havia soldados no teu ego e refleti a solidão
póstuma. Sempre tenho pedras na mão para aquelas que me antecipa.
Não há o que dizer senão a opacidade. Tua profundidade me é lugar-comum.
Teus sonhos de estrelas me são as noites de angústia libertada em pássaro de cobre.
Descobre se nobre no pobre opere haveres teus desígneos igneos de mártir da causa
do ego, na luta da solidão, como com a mão abarcar o mundo em sonho onírico
de ser mais forte na psicologia orgia rejeitada.
Não temos esperanças, já antecipo, estamos minando as angústias em maquiagens francesas.
Sobre a mesa nosso passado de luzes foscas de deuses blasfemados e cortes ingleses.
Não temos outra relação que não a palavra e significação libertária, cuja "facção criminosa"
sou eu em furtar a liberdade ao direito de viver e existir.
Tua psicologia não é velada, logo tenho um catálogo de ações e reações que desato como
martírio dos dias. Não entendo tua verborragia, não lhe tenho amor.
Tenho-te amor labor da pedra lapidada, desencontrada e incrustada de brilhantes somados
das tardes inventadas de das noites não passadas. Ainda farei o relatório meritório da palavra
dessa safra feijão carmim.
Dentro de mim os poros de saber coagulado, costurado e devolvido em animo de viver.
Não tenho a infelicidade que procuras a não ser dentro de você.
Portanto não me infiras, nem induza, sou todo dedução e prolifero qual nação contra nação
na tua mão olhares de fraqueza suaveza do paladar igualar à nobreza que não compartilhas
tua ilha, devoção e frieza em relação
à teu coração que em ode meritória
carpina com os dentes a tua solidão
toda canção em labor célero remédio
ao tédio de não existir.
Estava justamente tentando mostrar que sou perfeito, portanto não me atrapalhe.
Entalhe sua estátua em outra pedra, pois esta existente são as dores dos meus amantes
enlouquecidos de literatura verborrágica e inteligente portentosa filosófica qual sangue
doente em dores de remédio música que uso em costume e hábito ritual oral da palavra
econômica dos meus.
Hoje ainda quero te ver sorrir, perene dos meus estudos. Foram anos de dedicação
e trabalho para conceber a obra. Inconsciente coletivo refletido nas paredes da memória.
Linguagem imagética estética de formação simbólica eólica tal qual aquilo que não quer
"morrer" em ser significado de um para todos em interpretação única púnica tal qual
a justiça que não se faz na acepção dos trabalhos forjada na publicação das etiquetas.
Na janela espío o Templo de Athena paradigma estético das pérolas aos porcos
que me narraram. Então reescrevo a história com esmero de quem narcisismo é apenas
um mito entre tantos outros da áurea Grécia.
Tua pressa nos leva longe, ao calvário das amizades, que nem começo.
Aproveite que estão todos aqui, do lado de lá estará vazio, então.
Anderson Carlos maciel
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
Informes Aedos
Curumin em "Japan Pop Show"
DIA 04-12- SEXTA!
Abertura com Real Coletivo Dub
Local: Jonh Bull Music Hall!
Rua Engenheiro Rebouças, 1645
Info: 3026-5050!
www.myspace.com/curumin
http://www.youtube.com/watch?v=iv5jwvCTo48
Curitiba-Paraná
Bina Zanetti
DIA 04-12- SEXTA!
Abertura com Real Coletivo Dub
Local: Jonh Bull Music Hall!
Rua Engenheiro Rebouças, 1645
Info: 3026-5050!
www.myspace.com/curumin
http://www.youtube.com/watch?v=iv5jwvCTo48
Curitiba-Paraná
Bina Zanetti
Nem um nem outro.
Hoje haveria haveres houver
erínia Homero erótica [?] afótica.
Himen erige ergonomia habil.
Ali há "eine" karrusselpolitik.
zu des manner monh yrammata
praymata ilhada em não ser.
Recebemos de fora a vontade de morrer.
Quam sofiam natura esti prima opere.
Praymata ayore sthv xardia hllixoida.
A xomma "eleutherefonázasthprotomorfoatoma"
Curitiba respira entendimento em português.
Os porquês do fingimento unguento substantivo de vocês.
Estamos mais que obras que não lemos polemos
normas separatistas para os helenos.
Se há beleza que se faça.
A graça os amigos que não vejo.
Sobejo tremem na base do meu desejo
Com a razão de ser "antropos"
Zu des manner etsi praymato schuller
Von des "gutten tag" yia panta morfi.
Svenska dialexsa yia morfa prima
Onde não pensaram em recuperar a cultura
toda pura espetáculo de raridade
engarrafada em compotas e vendida na feira
Bom dia e boa tarde gente hospitaleira
sem eira nem beira aporta na tua
salgueira primeira [vez] himem
complascente pra essa gente tão carente
de te ver fronteira.
No embalo da música, que usa um pedido
pro inteligente menino neto que eu tenho.
Cacofona a variação estilística do meu sofrimento?
Se veste de ridículo tudo aquilo que sou?
Qual deus é poderoso a esse ponto, final,
que sou imposto, meu rosto coberto,
já de tanto fustigo.
Te ligo e encontro o senhor dos dias e pergunto a ele:
Everything is good when you have peace of mind
without no heart to love no one. You can translate my conversation
Without find no piece of imperfection because we are able to "live".
Espera encontrar o outro atraz do livro pra perguntar o porque de Shakespeare.
E quem guia até o outro lado do rio? Que esplica o frio na rima, quando não mais houver.
Poesia dentro de mim poio skotoso stokero svensko oligarxa palavra como cascata.
Vertente impertinente à tua carcaça, estamos à distância, comtemplamos o mar.
Aqui chegamos e traduzimos a história para democratizá-la através da purificação dos anseios.
Não temos pretensão a não ser a de que parem com a guerra
Para que não nos envergonhemos da inteligência da besta fera.
Quimera para hoje o ruminar do rebanho, ódio primeiro dissolvido libido
cansado por teus panfletos indicados e ainda não explicados.
Gostaria que entendesse o que eu escrevo.
Anderson Carlos Maciel
erínia Homero erótica [?] afótica.
Himen erige ergonomia habil.
Ali há "eine" karrusselpolitik.
zu des manner monh yrammata
praymata ilhada em não ser.
Recebemos de fora a vontade de morrer.
Quam sofiam natura esti prima opere.
Praymata ayore sthv xardia hllixoida.
A xomma "eleutherefonázasthprotomorfoatoma"
Curitiba respira entendimento em português.
Os porquês do fingimento unguento substantivo de vocês.
Estamos mais que obras que não lemos polemos
normas separatistas para os helenos.
Se há beleza que se faça.
A graça os amigos que não vejo.
Sobejo tremem na base do meu desejo
Com a razão de ser "antropos"
Zu des manner etsi praymato schuller
Von des "gutten tag" yia panta morfi.
Svenska dialexsa yia morfa prima
Onde não pensaram em recuperar a cultura
toda pura espetáculo de raridade
engarrafada em compotas e vendida na feira
Bom dia e boa tarde gente hospitaleira
sem eira nem beira aporta na tua
salgueira primeira [vez] himem
complascente pra essa gente tão carente
de te ver fronteira.
No embalo da música, que usa um pedido
pro inteligente menino neto que eu tenho.
Cacofona a variação estilística do meu sofrimento?
Se veste de ridículo tudo aquilo que sou?
Qual deus é poderoso a esse ponto, final,
que sou imposto, meu rosto coberto,
já de tanto fustigo.
Te ligo e encontro o senhor dos dias e pergunto a ele:
Everything is good when you have peace of mind
without no heart to love no one. You can translate my conversation
Without find no piece of imperfection because we are able to "live".
Espera encontrar o outro atraz do livro pra perguntar o porque de Shakespeare.
E quem guia até o outro lado do rio? Que esplica o frio na rima, quando não mais houver.
Poesia dentro de mim poio skotoso stokero svensko oligarxa palavra como cascata.
Vertente impertinente à tua carcaça, estamos à distância, comtemplamos o mar.
Aqui chegamos e traduzimos a história para democratizá-la através da purificação dos anseios.
Não temos pretensão a não ser a de que parem com a guerra
Para que não nos envergonhemos da inteligência da besta fera.
Quimera para hoje o ruminar do rebanho, ódio primeiro dissolvido libido
cansado por teus panfletos indicados e ainda não explicados.
Gostaria que entendesse o que eu escrevo.
Anderson Carlos Maciel
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