Quando aprendi a escrever versos,
comecei a fazê-los em silêncio,
imperceptíveis se olhados por fora,
claros se percebidos por dentro.
Aprendi a falar sobre o tempo
do amor que trago em meus olhos,
e por mais que me olhassem por horas,
nunca perceberam-me o intento.
Quando me vi no umbigo em clausura,
comecei a olhar os de fora
e vi que a dor que se sente
não é entre nós diferente.
Aprendi a falar sobre o engano,
como quem fatia o corpo em postas,
e que a vida é feita de perdas,
que ensinam a abrir novas portas.
Quando recebi alvará de soltura,
fiz do verso a amplitude da loucura,
viajei por enredos estranhos,
todos eles em desalinho.
Aprendi que anjos são eternos,
e que a colheita se faz nos caminhos,
sementes de poesia em versos
que alguém por aqui nos deixou.
Quando resolvi ser poeta,
sabia da solidão a que me impunha,
quis ser anjo, ser sonho, ser terno,
semente a ser colhida ao seu tempo.
Aprendi que o sentido do verso,
é ser parte da existência, no alicerce,
ainda que nem saibam o meu nome,
e as minhas palavras se percam depois.
NALDOVELHO
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