Lâmina afiada separa em pedaços
partes corrompidas expondo feridas
em crianças desnutridas, sorrisos indigentes,
de triste olhar, carentes,
gente excluída, sociedade infanticida,
zonas sombrias da cidade,
violência à mão armada,
soldados meliantes, fuzil engatilhado,
já não estão mais tão distantes.
Um tiro, uma rajada, e as pessoas na calada
escondem-se assustadas, não querem nem saber.
A fome, a dor, o grito, um corpo na calçada,
um menino, uma criança, escolheu a via errada,
a morte tem seu nome gravado em sua espada.
As minhas mãos suadas, o meu olhar cansado
em busca de um remédio, ferida inflamada,
é o nome desta vida que escorre pelo esgoto
da cidade sitiada pelo medo e o desamor.
É só um triste pedaço exposto na calçada,
algumas velas acesas e as pessoas apavoradas...
Não tinha quinze anos, não sabia quase nada!
É o preço que se paga por tanta omissão.
É o preço que se paga por se olhar os excluídos
como se não fossem nossos irmãos.
NALDOVELHO
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