Rota do desassossego,
caminho trilhado em segredo
por ruas estreitas, esquinas desertas,
por noites chuvosas, esperas, insônia.
Na busca de um sonho,
uma janela que teime
em permanecer entreaberta,
um lugar onde eu possa sorrir.
Rota do desassossego,
por passagens camufladas,
estranhas, sombrias...
Num bar chamado desterro
um garçom atende nervoso,
não pergunta se eu quero beber,
vai servindo a mais pura aguardente.
Não pergunta se eu quero comer,
entrega a conta antes que eu possa fugir.
Rota do desassossego:
a loucura, o vazio, o desejo,
e no fundo do bar um bolero,
um sussurro, um quero não quero,
um sorriso amarelo e indecente,
e o veneno escorrendo dos lábios,
uma porta, o perfume, um atalho,
um lugar onde eu possa mentir.
Rota do desassossego,
amanhecer de maio, é outono,
inquietude, incerteza e abandono.
Pago a conta e saio às pressas,
chorando a dor que em mim é confessa,
dor de escolhas ainda latentes,
brotam em versos pesados, dispersos.
Vou pra casa e tento dormir.
NALDOVELHO
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