sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Cortinas quebradas

Já é de manhã e eu vou dormir
Ferindo meus olhos na insõnia
O café está gelado, os papéis jogados
num canto qualquer da mente.

O dia está propício
aos sonhos diurnos da história
As palavras se arrastam pelos lábios
Pernas bambas e sensações dormentes
Um feitiço melancólico, corrosivo
Eles saem das suas tocas
e espreitam a caça do orgulho
Mausoléu de ratos
de sinistra podridão

Jorro água em meus olhos
E é difícil acreditar em fábulas
Procurei o convívio com o silêncio
Profanei a noite e os meus fantasmas
A febril angústia consola o meu recuo
Víboras de mágicos sorrisos
rastejam aos pés da indelével máscara
Mentindo risos e sufocando gemidos.

Sou pássaro de olhos míopes !

Hoje a dor está mastigável,
Mas ainda queima quando é engolida
Os ouvidos estão atentos ao "silêncio"
As minhas sombras gritam com a astuciosa luz
Eu tenho fobia de mim.

Ted Rocha
Boca do Inferno.16 ed.junho 2006.

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