sábado, 22 de janeiro de 2011

Poema III

Mineral, com todos os cristais desfeitos, eis
a hora, entidade de mãos
frias colhendo o que mal brotou.Nada poupa
sua voracidade e só ela é maiorque a própria
sombra. Recolhendo-se na camuflagem dos
ramos, na borda dealguma palavra nem se-
quer pronunciada, ela espera, está na tocaia
de umabismo ocasional. E como sua carne,
seus braços atraem qualquer ser
errante. Próximo dela tudo já é cinza, nada
flutua numa composição que se infiltre devida.
Mineral, a hora forja o ferro, seu magnetismo,
e nele capta todos os tons, nivela todos os
sons. Na esquina das horas, a igualdade dos
sereschama e os homens decifram sua vonta-
de nos corpos a perder escamas,
asas, filamentos.

Paulo Venturelli

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