Um risco no espaço. Depois um ponto. A sirene enrouquecida esgarçando a teia
da noite. O desespero de uma boca vermelha. A mão que de repente se ergue
por entre os lençóis e abona o relógio com um toque de dedos quase cegos. A
cisterna no fundo do quintal , como está na alma a trave da ansiedade, como
está no medo do não-ser , a inquieta sombra do que há de vir.A certeza de uma
porta verdejando a noite e um olho seguindo o traço, estacionando no ponto,
compreendendo na chegada da sirene que é hora de partir.Sobre a noite, so-
bre seus seios em resguardo, balança uma cortina de neblina. Algo passou por
ali e deixou no movimento de brandura a marca de uma passagem.
Paulo Venturelli
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